Percorrendo as zonas menos turísticas da cidade lagunar partimos à descoberta dos "últimos venezianos", residentes de longa data e artesãos que ainda praticam ofícios às vezes centenários.

Veneza representa a beleza da cidade ideal e é ao mesmo tempo um lugar de encontro e convívio. Em alguns aspetos ainda tem um toque de uma aldeia, com as suas pequenas lojas, ruas estreitas e pátios escondidos. Para lá dos lugares turísticos, encontramos artesãos e residentes de longa data, os "últimos venezianos" que, com as suas habilidades e saberes, enchem a cidade de paixão, cultura e memórias. Conhecemos um afinador de órgão, sopradores de vidro, um tecelão, um pintor, um pasteleiro, gondoleiros e representantes de muitos outros ofícios, que mantêm artesanatos centenários e ligam o passado ao presente. Longe das multidões de turistas, descobrimos a sua paixão pelos instrumentos e ferramentas, pelos materiais, pela beleza de Veneza, pela sua história e vida cultural.

Piergiorgio decidiu ser pintor em criança e agora consegue recriar de memória, com um pedaço de carvão, uma das mais belas vistas da cidade. Paolo é construtor de forcolas e remos de gôndolas, guardião de um ofício transmitido oralmente de mestre para aluno e que agora apenas quatro pessoas em Veneza conhecem. Mas não faltam jovens empenhados que querem levar com paixão e dedicação as tradições da cidade. Chiara, com a sua sócia Mariana, abriu a primeira oficina de sopradores de vidro de Murano, onde só trabalham mulheres. Silvia decidiu dar continuidade a um dos ofícios mais antigos: a tecelagem. Para isso, aprendeu a fazer tecidos em teares Jacquard originais. Máquinas construídas no século XIX que produzem bordados muito complexos e valiosos. Histórias que revelam um microcosmo de artesãos que praticam ofícios de uma época passada e preservam parte da herança cultural de Veneza, a alma oculta, mas vital, de uma cidade única tão bonita quanto frágil.