GESTÃO DA
PRODUÇÃO EM FOCO
VOLUME 55
ORGANIZADOR
Rafael Alves Pedrosa
42
Editora Poisson
Rafael Alves Pedrosa
(Organizador)
Gestão da Produção em Foco
Volume 53
12 Edição
Belo Horizonte
Poisson
2022
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade
Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza — Universidade Federal de Minas Gerais
MSc. Davilson Eduardo Andrade
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira — Universidade Federal do Amazonas
MSc. Fabiane dos Santos
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes — Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves — Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima — Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho — Faculdades Kennedy
MSc. Valdiney Alves de Oliveira — Universidade Federal de Uberlândia
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
6393
Gestão da Produção em Foco - Volume 53/ Organização: Rafael Alves
Pedrosa — Belo Horizonte - MG: Poisson, 2022
Formato: PDF
ISBN: 978-65-5866-223-5
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
1. Gestão 2. Produção. 3. |. PEDROSA, Rafael Alves Il. Título.
CDD-658
Sônia Márcia Soares de Moura - CRB 6/1896
O conteúdo deste livro está licenciado sob a Licença de Atribuição Creative
Commons 4.0.
Com ela é permitido compartilhar o livro, devendo ser dado o devido
crédito, não podendo ser utilizado para fins comerciais e nem ser alterada.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
Baixe outros títulos gratuitamente em
WWww .poisson.com.br
contato poisson.com.br
Capítulo 1: Nivelamento da produção à demanda (heijunka): Uma análise das
publicações dessa ferramenta enxuta na indústria têxtil... 06
Silvia de Lima Defalco, Ana Julia Dal Forno
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.01
Capítulo 2: Aplicação de nova tecnologia para redução de custo no processo de pré-
tratamento:...osseas consensos aranoaaaa nono noad nao penha nona RR nana ne pRn oa seno ara aRE Rana na DR RAN na po anna nana nona na Ena ne 14
Giovani Silva Albano, Ivair Alves dos Santos
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.02
Capítulo 3: Proposições de Modelos Matemáticos para o Problema de Sequenciamento
em Projetos com Restrição de Recursos e análise de desempenho................... 2
Fernanda Silva Cerceau Rola, Clarisse da Silva Vieira
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.03
Capítulo 4: O papel da roteirização na redução de custos logísticos e melhoria do nível
de serviço em uma empresa do segmento alimentício no Ceará... 33
Carlos Alberto de Matos Junior, Rosângela Venâncio Nunes, Charles Washington Costa de Assis, Rita de
Cássia Fonseca, Nayana de Almeida Adriano, Greyciane Passos dos Santos
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.04
Capítulo 5: Commodities: Um estudo sobre a produção e movimentação da cevada no
COMÊNCIO EXLerNOR a manera anais 47
Lucas Fernando de Oliveira Fonseca
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.05
Capítulo 6: Additive manufacturing applicability for efficient solid waste management
DR RR ARA RR ORAS DR REA RAR AR RR O 53
Ercilia de Stefano, João Victor Barbosa Vieira, Kaio Benicio Dutra, Lucas Leony da Silva, Thiago de Andrade
do Carmo da Silva
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.06
Capítulo 7: A indústria do Esporte Eletrônico e sua representatividade no Brasil..... 69
Lucas Lopes Machado, Raphael Silveira Moreno, Vitor Albuquerque Saroli, Raquel Cymrot
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.07
Capítulo 8: Caracterização do investidor brasileiro baseada em análises estatísticas de
parcos de dades públicos a e pa e a 85
Marcelo Alves Lima Trad, Rodolfo Amaral, Agostinho Celso Pascalicchio, Paulo Sergio Milano Bernal,
Raquel Cymrot
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.08
Capítulo 9: Métodos estatísticos para o auxílio à tomada de decisão: Um estudo de caso
de uma microcmpresade bupet astiood E 98
Waleska de Fátima Monteiro, Alex Paranahyba de Abreu, Cássia Oliveira de Mattos, Karla Fabrícia Neves
da Silva, Miguel Gonçalves de Freitas
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.09
Capítulo 10: O marketing de relacionamento aplicado ao ambiente e-commerce no setor
JO ARO | ars ana sanar db nato panda ea E SER RR RS RR ap E 107
Filipe Ribeiro da Silva
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.10
Capítulo 11: O grau de similaridade entre as opiniões dos viajantes em relação aos
albergues de Santa Catarina através da análise de sentimentos ................. ted
Luciana Ordine Araujo
DOI: 10.36229/978-65-5866-223-5.CAP.11
AULOResS E E DE SR a DD 132
Capítulo 1
Nivelamento da produção à demanda (heijunka): Uma
análise das publicações dessa ferramenta enxuta na
indústria têxtil
Silvia de Lima Defalco
Ana Julia Dal Forno
Resumo: Esse artigo tem o objetivo de avaliar a implementação da ferramenta heijunka
na indústria têxtil. Os trabalhos analisados mencionam com frequência a dificuldade que
as organizações possuem em nivelar a produção, embora considerem isso uma questão
importante em razão dos efeitos que o desnivelamento causa em toda a cadeia de
abastecimento. Na maioria dos casos, o nivelamento de produção evoluiu em melhores
práticas tais como redução de lead times, a eliminação de atividades que não agregam
valor, programas de manutenção, flexibilização de processos, polivalência dos
trabalhadores e acurácia no relacionamento com clientes para melhorar a previsão da
demanda. Ambientes produtivos onde não há linhas de montagem sincronizadas como
no caso de vários setores da indústria têxtil precisam ser mais explorados a fim de
beneficiar-se dessa abordagem enxuta, cujo objetivo final é a eliminação de desperdícios.
Palavras-Chave: Nivelamento da produção, Heijunka, Manufatura enxuta, Indústria têxtil.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
Determinar a extensão de como as várias indústrias do setor têxtil utilizam a ferramenta lean heijunka
para a execução de suas atividades é o que foca este artigo. Os princípios lean foram usados pela primeira
vez na Toyota Motor Company, com o objetivo de obter o máximo de benefícios na produção. Muitas
empresas, em vários outros setores diferentes do automobilístico adotaram estes princípios e
despontaram como líderes no mercado global (NAUGHTON; SLOAN, 2007).
Com o atual aumento da concorrência, os clientes têm uma variedade crescente de produtos melhores
com menos defeitos a preços mais baixos para escolher, oferecidos em uma grande variedade de canais de
vendas (WOMACK; JONES, 2005). Muitos varejistas incorporaram princípios enxutos em suas decisões de
análise de estoque aumentando a pressão sobre os fornecedores para entregar mercadorias de forma mais
rápida ao mercado (ABERNATHY et al., 2000).
O setor têxtil é dependente de recursos naturais como fibras e corantes, além de consumir muita água e
energia, principalmente nos processos de tingimento e acabamento. Outro fator relevante é que estes
processos, desde a obtenção das fibras até o produto acabado causam poluição com seus resíduos,
efluentes e emissões gasosas. A redução do consumo destes recursos e por consequência, dos poluentes, é
uma preocupação para as empresas e a sociedade.
Este setor inclui a produção de fibras, fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento que engloba os
departamentos de tinturaria, estamparia e acabamento além da indústria de vestuário, que inclui
fabricação de roupas e acessórios.
A sazonalidade tradicional do setor e as mudanças no padrão da demanda com o encurtamento do ciclo de
vida dos produtos forçam a evolução dos sistemas de operação nas empresas para que possam continuar
competitivas. Para isto, precisam ser flexíveis, a fim de responder rapidamente ao mercado, produzindo
somente o necessário, na quantidade e na hora certa.
Dessa forma, este artigo tem por objetivo responder às seguintes perguntas:
e Quais resultados são obtidos na aplicação da ferramenta heijunka na indústria têxtil?
e Quais outras ferramentas enxutas são utilizadas juntamente com o heijunka?
Dessa forma o artigo segue a estrutura inicial da introdução, apresentada nessa seção 1. Após, há a revisão
de literatura que conceitua a manufatura enxuta e a ferramenta heijunka, assim como a indústria têxtil. A
seção 3 é dedicada à metodologia, seguidos dos resultados dos trabalhos analisados. Nas considerações
finais são feitas as críticas e apontadas sugestões para trabalhos futuros e, por fim, as referências são
listadas.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Esta revisão da literatura apresenta a história, evolução e aplicação da manufatura lean em uma
pluralidade de setores. Essa percepção ajudará a determinar quais princípios lean são apropriados para
implementação na indústria têxtil, visto que raramente são aplicados isoladamente, e como essas
ferramentas podem ser utilizadas para beneficiar essa indústria.
Na indústria têxtil muitas empresas ainda acreditam que a manufatura enxuta foi projetada para
operações não têxteis e que muitas das ferramentas e princípios podem não ser relevantes ou adequados
para suas linhas de produção. A intensidade de capital e produção da fiação, tecelagem e beneficiamento
muitas vezes exige que os produtores agendem máquinas continuamente. Como os tempos de
configuração são demorados e caros, as empresas preferem executar grandes quantidades de material
para estes setores, contrastando com o setor de vestuário, onde com frequência novos estilos são
constantemente criados. (ABERNATHY ET AL., 2000).
O conceito lean cria o máximo valor para o cliente, consumindo a mínima quantidade de recursos para
projetar, construir e manter o produto. Womack e Jones (1996) identificaram como o sistema de
produção Toyota é diferente da abordagem tradicional de produção em massa. Explicam que as empresas
ganharão as melhorias do lean quando redesenharem seus fluxos de valor aplicando seus princípios:
Especificação do valor do ponto de vista do cliente, identificar o fluxo de valor para cada produto ou
família de linha de serviço, fazer o valor fluir para o cliente, produzir com base na atração do cliente e
esforçar-se continuamente para se aproximar da perfeição.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
O objetivo desses princípios enxutos é criar o melhor sistema possível, desde o conceito até consumidor
usando as atuais restrições financeiras e de recursos para fornecer o máximo valor para o cliente. Uma vez
que o fluxo de valor é projetado, ou redesenhado, melhorias podem ser feitas por implementação de
ferramentas e técnicas enxutas apropriadas para cada situação particular (WOMACK; JONES, 1996).
A Figura 1 apresenta os aspectos de um produtor enxuto. Ao contrário dos modelos Toyota, este modelo
também inclui qualidade Six Sigma, que não faz parte do Sistema Toyota de Produção, mas como o modelo
sugere, pode ser usado como parte do sistema enxuto produção. (HENDERSON; LARCO, 1999).
Figura 1 - Princípios da Produção Enxuta
o O local de trabalho é seguro,
de trabalho, ordem, Ê Ê
: organizado e limpo
limpeza
NT "| Os produtos são processados apenas
na hora certa para o cliente
e
a
Six Sigma " |A qualidade Seis Sigma é incorporada
aos produtos e ao processo
Produção enxuta
As equipes de chão de fábrica têm
Equipes capacitadas autonomia para tomar decisões
importantes
: Gestão visual para acompanhar o
Gerenciamento d .
ê —| desempenho e abrir a empresa para
visual
todas as pessoas
ae Há uma busca incessante pela
Busca da perfeição e
perfeição
Fonte: adaptado de Henderson (1999).
Muitas são as ferramentas usadas durante a aplicação da produção enxuta, se relacionando e interagindo e
muitos dos benefícios e usos dessas ferramentas se sobrepõem em direção ao objetivo final. A
flexibilidade também é um importante princípio enxuto onde a produção é impulsionada pela demanda do
cliente e a produção deve ser flexível para atender a essa demanda, pois ela está sempre mudando.
Em um ambiente just in time (JIT) é necessário que a produção flua tão suave quanto possível na fábrica,
nivelando a produção com a demanda. Seu objetivo é reduzir as ondas de reação ao longo das etapas de
produção que, normalmente, ocorrem em resposta a variações de programação. Se uma mudança
importante é feita na montagem final, ela cria mudanças nas necessidades das operações de alimentação,
as quais são, quase sempre, amplificadas por causa das regras de tamanho de lotes, de setups, de filas e de
tempo de espera. No momento em que o impacto da mudança é sentido no início da cadeia de
fornecimento, uma mudança de 10% na montagem, pode se transformar facilmente em uma mudança de
100% no início da operação. Essa reação é denominada efeito chicote (DAVIS et AL., 2001).
A maneira de eliminar este problema é fazer com que as perturbações na montagem final sejam as
menores possíveis, para que se tenham apenas pequenas ondulações através da fábrica, e não ondas de
choque. Isso pode ser obtido com o estabelecimento de um plano firme de produção mensal, durante o
qual a taxa de saída é congelada. Nesse modelo, é feito o planejamento do mesmo mix de produção todos
os dias, mesmo se as quantidades totais são pequenas. Se eles estão produzindo cem peças por mês, irão
produzir cinco por dia. Como espera-se produzir a mesma quantidade de tudo que está na programação
diariamente, sempre há um mix total que está pronto para responder a variações na demanda (DAVIS et
al., 2001). O nivelamento da produção pressupõe uma redução do tamanho dos lotes e é necessário que o
balanceamento e a sincronização da produção sejam cumpridos. O balanceamento tem por objetivo fazer
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
com que quantidades necessárias de itens sejam submetidas ao processamento no momento necessário,
de tal maneira que operários e máquinas estejam organizados para realizar tal demanda. Além disso, para
que o balanceamento funcione, os processos têm que ser sincronizados, ou seja, um sequenciamento
eficiente de processos tem que ser implementado através de um sistema que puxe a produção. Ao final de
tudo, tem-se então um fluxo de produção e uma forma de manter as peças em suprimento constante para
serem processadas, de acordo com o takt time (SHINGO, 1996; WOMACK; JONES, 2004).
Há vários fatores causadores do desnivelamento da produção na utilização da capacidade produtiva.
Podemos citar as vendas desbalanceadas em relação à capacidade do sistema produtivo, o desnivelamento
de vendas em relação a determinados períodos e sistemas de premiação que desencorajam a adoção de
comportamentos nivelados. Saber lidar com a variabilidade é um dos pontos chaves da produção enxuta.
Hines et al. (2004) concluíram que a abordagem enxuta existe em dois níveis: o estratégico e o
operacional. Eles sugerem que as ferramentas da produção enxuta sejam utilizadas no piso de fábrica,
tendo a Toyota como exemplo e o pensamento enxuto na dimensão estratégica da cadeia de valor. As
organizações que não perceberam o aspecto estratégico da criação de valor e compreensão do que é valor
para o cliente e supõem que qualidade, custo e entrega são o mesmo que valor para o cliente estão apenas
elevando seus custos, sem, necessariamente, criar valor para o cliente.
No sistema heijunka, as linhas de produção devem ser organizadas para produzir vários tipos de produtos
ao mesmo tempo em conformidade com as mudanças da demanda, eliminando a necessidade de trabalhar
horas extras pois há maior utilização média da mão-de-obra que é preparada para multitarefas. Desta
forma há redução dos estoques e consequente redução do número total de linhas de produção e da
utilização de área na fábrica. Além de proporcionar uma produção mais equilibrada, aumenta a eficiência
e reduz os desperdícios.
Para que a produção possa ser nivelada, todas as pessoas envolvidas precisam ter conhecimento da taxa
de consumo do produto pelo cliente. Os colaboradores devem ser informados sobre a quantidade de
produção necessária para satisfazer as necessidades da demanda, permitindo uma produção nivelada a
montante da cadeia. O objetivo desta ferramenta é adaptar a produção às variáveis da demanda,
distribuindo e mesclando o volume de produção uniformemente ao longo do tempo, diminuindo a
variação de quantidade na linha de produção, conforme mostra a Figura 2. Isto permite a redução de
custos de inventário, pois haverá uma menor quantidade de bens em reserva, esperando serem
comprados quando o volume de pedidos é baixo.
Figura 2 - Produção tradicional sem nivelamento e produção nivelada com heijunka
Sem nivelamento Com nivelamento
Fonte: Adaptado de Miyake (2018).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
3. METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodológicos, foi utilizada a revisão sistemática, que planejada, permitiu
utilizar métodos para identificar, selecionar e avaliar estudos primários relacionados com o tema
priorizado (heijunka) dentro do universo têxtil.
Quanto aos procedimentos técnicos foi realizada a pesquisa bibliográfica onde a análise dos dados
coletados possibilitou estudar 12 trabalhos encontrados ao longo da revisão sistemática da literatura,
conforme descrito na Figura 3.
As palavras-chaves utilizadas foram production leveling, smoothing, heijunka, textile e nivelamento de
produção têxtil. As bases de dados empregadas foram do Google Acadêmico e Portal Periódicos do Capes.
Figura 3 - Trabalhos abordados na pesquisa
Congressos
8%
Teses/dissertações
42%
Periódicos;
50%
Fonte: elaborado pelos autores.
4. RESULTADOS E ANÁLISES DOS TRABALHOS
A Tabela 1 apresenta um resumo dos trabalhos estudados onde pode-se verificar que as empresas
compartilham dos objetivos e preocupações ao implementar as técnicas lean como estratégia para
melhorar seus negócios. Há necessidade da mudança de cultura dentro das organizações que deve
estender-se do topo até o chão de fábrica. Observa-se que a implantação destas ferramentas é escalonada
e uma das primeiras a ser implementada foi o 5s pois é de fácil entendimento e pode ser aplicada em
qualquer setor da organização.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 1 - Resumo dos objetivos e conclusões dos trabalhos abordados
Autor Objetivo Conclusões
Apresentar um modelo de . E Ea :
o As empresas analisadas não utilizam o nivelamento do
planejamento da pla lano mestre de produção e atuam com práticas lean mais
ELIAS, 2011 mestre de produção em p PRA seo p s À
fes amplas e genéricas que não envolvem informações mais
concordância com [o :
l E aprimoradas sobre as demandas.
nivelamento de produção.
As empresas não registraram a utilização de nivelamento
Conceber um modelo de a aa Perg
: =. » | de produção com práticas voltadas para a flexibilidade e
nivelamento da produção à a ;
GOMES, 2002 produção de pequenos lotes. Foi apresentado um modelo
demanda para as empresas de
confecção.
para a implantação da ferramenta em indústrias de
vestuário.
MAIA etal, 2013
Discutir a sustentabilidade e
uso de ferramentas lean como
modelo organizacional
Através da flexibilidade as empresas precisam produzir just
in time (JIT), sendo o nivelamento de produção a
ferramenta mais importante para se produzir somente o
necessário, na quantidade e hora certas.
ÍSLER etal, 2014
Aplicação do heijunka no
departamento de corte de
uma confecção de peças de
vestuário.
Melhoria no departamento de corte e consequente
otimização no balanceamento do setor de costura.
YAVUZ et al, 2007
Estudo dos desafios práticos e
de modelagem que surgem no
nivelamento da produção no
contexto da manufatura JIT.
O uso da simulação pode produzir soluções de alta
qualidade para o tamanho e sequenciamento de lotes na
produção em diferentes ambientes de manufatura.
SULLIVAN et al,
2002
Substituição de equipamentos
feitos para operações de alto
volume de | manufaturas
tradicionais baseadas no
princípio de economia de
escala com a utilização de
ferramenta para nivelação de
produção.
A utilização de equipamentos menores e mais versáteis
acarretou maior flexibilidade, nivelação da produção,
economia de estoque, redução de espaço, maior qualidade,
força de trabalho multiqualificada e diminuição dos
resíduos.
GÓZAR, 2019
Reduzir o tempo de ciclo de
fabricação da área de
malharia para otimizar a
capacidade de produção dos
processos posteriores.
Os resultados foram ótimos e a redução de falhas foram:
fora de medida de 1491 para 347, ponto caído de 1620 para
96, furos de 1365 para 830, tensão frouxa de 982 para 286,
tensão concentrada de 818 para 421 e mancha de máquina
de 182 para 0.
MERINO, 2014
Implantação de ferramentas
lean para melhoramento da
produtividade
Com a implementação do heijunka e kanban houve aumento
da produtividade de 1,13 para 1,38 unid/U$, aumento da
produção em 60% e redução da média de despacho de 26
para 9 dias.
MOHAPATRA et al,
2021
Analisar as mudanças de
prioridades das diversas
técnicas implementadas no
lean.
Em sustentabilidade, a importância do heijunka na
indústria têxtil ficou em terceiro lugar, atrás apenas do
poke yoke e 5s.
GOFORTH, 2007
Desenvolver um roteiro que
identifique | as melhores
práticas à implementação dos
princípios de manufatura
enxuta em um ambiente têxtil
O modelo encontrado consta de ferramentas enxutas
principais, que são gerenciamento visual, melhoria
contínua, trabalho padronizado, just in time, nivelamento de
produção, mapeamento do fluxo de valor, além de métodos
como pensamento 5s e AS.
GERGER, 2019
Mostrar os benefícios da
ferramenta | heijunka na
otimização dos processos de
variação de fabricação da
indústria 4.0
O método heijunka ainda não é tratado com a devida
importância pela indústria, não sendo conhecido todos os
seus benefícios e em decorrência, não aplicado de forma
sistemática.
MARTINS, 2014
Otimização das áreas
produtivas e não produtivas
da empresa.
Redução de desperdícios e dos estoques intermediários no
chão de fábrica, utilização de produção puxada, criação de
controles visuais e tarefas padrão; aumento de 25% de
ocupação das equipes e nivelamento da carga de trabalho.
Fonte: elaborado pelos autores.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Embora esta indústria esteja utilizando a manufatura enxuta, na maioria dos casos ela tem muito para
evoluir com a busca do heijunka para uma produção nivelada. As alternativas podem ser numerosas.
Pode-se citar a utilização e o aprimoramento do mapeamento do processo produtivo a fim de eliminar
atividades que não agregam valor e a implantação de programas de manutenção produtiva total, para que
seja possível um maior índice de disponibilidade de máquinas para que a produção possa estar mais
nivelada à demanda.
A flexibilização dos processos através da multifuncionalidade dos trabalhadores e da troca rápida de
ferramentas podem dar a agilidade necessária dos processos para se ajustarem de forma mais rápida e
econômica às demandas variadas.
Para possibilitar um plano mestre de produção nivelado, a adequada previsão de demandas se faz
necessária, bem como o envolvimento da área comercial para um melhor nível de relacionamento com os
clientes, a fim de minimizar as oscilações.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constata-se que os princípios de manufatura enxuta podem ser adaptados por empresas têxteis como
estratégias competitivas de negócios. A maior barreira para a implementação do lean se baseia na filosofia
de que a fábrica têxtil com suas máquinas é um grande ativo, que não pode ser deixado inativo por
qualquer período. Estes custos fixos estão espalhados por lotes grandes de produção em um esforço para
minimizar o total de custos.
O assunto nivelamento da produção em ambientes produtivos que não sejam linhas de montagem
sincronizadas ainda tem muito que ser explorado, principalmente no que se refere ao que é encontrado na
prática das organizações.
A partir das informações e dados estudados, as análises realizadas neste setor mostram a necessidade de
mudanças em seu sistema de produção, tanto no âmbito do planejamento como no da operacionalização
da produção onde qualquer mudança implementada deve abranger toda a organização.
Muitas das teses, dissertações e artigos pesquisados se dedicaram a propor métodos para avaliação ou
implementação da produção enxuta, onde o nivelamento da produção foi, com frequência, abordado como
uma importante prática enxuta. Os princípios, que devem ser trabalhados em conjunto, são os que foram
estabelecidos por diversos autores, tais como Womack e Jones (2004): determinar o valor para o cliente;
identificar a cadeia de valor; trabalho em fluxo simplificado; produção puxada; busca da perfeição; foco na
qualidade; manter o ambiente de trabalho limpo, organizado e seguro; fornecer ao cliente ampla
diferenciação de produtos e pouca diversidade; desenvolvimento e capacitação de recursos humanos;
gerenciamento visual e adaptação das outras áreas da empresa ao pensamento enxuto.
A análise apresentada possibilitou identificar a tendência de ganhos significativos em produtividade que o
nivelamento de produção causou nas empresas têxteis estudadas que adotaram a ferramenta lean
heijunka em seus processos produtivos.
Com o incremento da flexibilidade de produção que esta ferramenta proporciona, foram demonstrados
melhor fluidez nos processos, aumento da produção, maior qualidade, diminuição dos resíduos, redução
dos níveis dos estoques e melhora da resposta ao cliente, corroborando que a mudança para o uso desta
ferramenta melhorou a competitividade dessas empresas frente a complexidade das demandas flutuantes
características desse mercado.
REFERÊNCIAS
[1] ABERNATHY, F. H. DUNLOP,). T., HAMMOND, ). H., WEIL, D. Control Your Inventory in a World of Lean
Retailing. Harvard Business Review, 78(6), 169-176. EUA. 2000
[2] DAVIS, M. M; AQUILANO N.J. A; CHASE, R. B. Fundamentos da Administração da Produção. Tradução de
Eduardo D'Agord Schaan et al. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
[8] ELIAS, S.B. A Influência do Planejamento Mestre da Produção na Implementação da Manufatura Enxuta: O
Nivelamento da Produção (Heijunka). Tese de doutorado Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
UFSC. Brasil. 2011
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[4] GERGER, A. Heijunka Method for the Optimization of Process Variance Within the Frame of Industry 4.0.
Izmir Democracy University Social Sciences Journal Idusos e-ISSN: 2651-5458. Turquia. 2019
[5] GOFORTH, K. A. Adapting Lean Manufacturing Principles to the Textile Industry. Tese de mestrado Faculty
of North Carolina State University. EUA. 2007
[6] GOMES, M.L.B. Um Modelo de Nivelamento da Produção à Demanda para a Indústria de Confecção e do
Vestuário Segundo os Novos Paradigmas da Melhoria de Fluxos de Processos. Tese de doutorado Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da UFSC. Brasil. 2002
[7] GÓZAR, F.K.I., Reducción del Tiempo de Ciclo de Producción del Área de Tejido de Una Empresa Textil en
Base a Lean Manufacturing. Tese de graduação Universidad Ricardo Palma. Peru. 2019
[8] HENDERSON, B.A., LARCO, J.L. Lean Transformation: How to Change Your Business into a Lean Enterprise
(1st ed.). Richmond Virginia: The Oaklea Press. 1999
[9] HINES, P.; HOLWEG, M.; RICH, N. Learning to Evolve: A Review of Contemporary Lean Thinking. International
Journal of Operations & Production Management. v.24, n. 10, p. 994-1011, 2004.
[10] iSLER, M, GUNERM. Heijunka Technique from Lean Production Tools, and its Apparel Applications XIlth
International Izmir Textile and Apparel Symposium. Turquia. 2014
[11] MAIA, L.C, Alves, A.C. & Leão, C.P. Sustainable Work Environment with Lean Production in Textile and
Clothing Industry. International Journal of Industrial Engineering and Management (IJIEM). Portugal. 2013
[12] MARTINS, S.B.S. Aplicação Da Filosofia Lean Nas Áreas Produtivas e Não Produtivas da Empresa. Tese de
mestrado Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Portugal. 2014
[13] MERINO, C.R.R., Implementación de Herramientas Lean Manufacturing em el Área de Producción de Reyes
Industria Textil Cía. Ltda. International Journal of System Dynamics Application. Equador. 2014
[14] MOHAPATRA, B,, Singhal D. & Tripathy S. Índia. Lean Manufacturing Towards Sustainability: A Grey
Relational Framework - International Journal of System. 2021
[15] NAUGHTON, K.; SLOAN, A. Comin" Though! Newsweek. 149(11), 42-45. 2007
[16] SHINGO, Shigeo. O sistema Toyota de Produção: do Ponto de Vista da Engenharia de Produção. Tradução de
Eduardo Schaan. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996.
[17] SULLIVAN, W.G.; MCDONALD, T.N.; AKEN, E.M.V. Equipment Replacement Decisions and Lean
Manufacturing Robotics and Computer Integrated Manufacturing. EUA. 2002
[18] WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. A mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o Desperdício e Crie
Riqueza. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
[19] WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. A Máquina que Mudou o Mundo. Tradução de Ivo
lorytovski. 14. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
[20] YAVUZ, M,, Akçali, E. Production Smoothing in Just-in-time Manufacturing Systems: A Review of the Models
and Solution Approaches - International Journal of Production Research - Vol. 45, No. 16, 15 August 2007, 3579-3597.
EUA. 2007.
Capítulo 2
Aplicação de nova tecnologia para redução de custo
no processo de pré-tratamento
Giovani Silva Albano
Ivair Alves dos Santos
Resumo: Dentro da indústria, tanto se fala de inovações, busca por melhoria contínua,
indústria 4.0, Lean six sigma, redução de custo. Neste contexto, sebe-se que a procura
por profissionais com experiência se tornou a realidade devido as necessidades de
produção as máquinas e equipamentos não podem parar de produzir. Por este motivo,
empregam-se várias técnicas, visando a melhoria de processo, aumento da
produtividade, redução de setup, impacto ambiental. O presente artigo tem como
questão a aplicação da metodologia DMAIC; redução de custo no processo de pré-
tratamento? Desta forma, é considerado um dos principais fatores que influenciam na
resistência à corrosão pelo seu efeito na aderência da camada de tinta é a preparação da
superfície. As atuais exigências do mercado referentes a desempenho têm colocado a
indústria automotiva numa busca por novas alternativas, não somente no âmbito da
engenharia de materiais, como também de novos tratamentos de superfície utilizados no
processo de revestimento. Como resultado, verificou a possibilidade da utilização das
técnicas de melhoria contínua capaz de identificar possibilidades de melhorias no
processo, através de experimentos no desenvolvimento de novas tecnologias para
remoção dos contaminantes, óleos, graxas presentes nas etapas que antecedem o
processo de revestimento.
Palavras-chave: Lean Six Sigma, Pré-tratamento, Revestimento, Custo
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, as indústrias de auto peças e linha branca, precisam buscar inovações para se manter
competitivas no mercado de fornecedores. Nesse caso, a utilização de recursos e técnicas para manter a
qualidade é essencial. Dessa forma, as organizações adotam desenvolver uma equipe multifuncional,
aplicando as técnicas de melhoria contínua, tendo em seus quadros de funcionários um Master Black Belt,
um Black Belt que por sua vez formara novos Green Belts para compor a equipe multifuncional. (Pyzdek,
2000).
Dentre as diversas atividades presente nas indústrias a equipe multifuncional e a manutenção são as mais
requisitadas. A metodologia Seis Sigma justifica os objetivos estratégicos da empresa, determinando a
sobrevivência de todos os departamentos-chave por meio de metas de melhoria, com base em métricas
quantificáveis, e por meio de cenários de aplicação de projeto a projeto (WERKEMA, 2020).
Esse tipo de metodologia é capaz de identificar os pontos de melhoria, aplicando as ferramentas
desenvolvidas pela engenharia como: Diagrama de causa efeito, 5W2H, modelo em V, SMART etc.
Entretanto existem técnicas para a utilização dessas ferramentas. Sua aplicação está relacionada ao
resultado que pretende alcançar, nesse caso, por exemplo, reduzir o consumo de gás no processo de pré-
tratamento. Desta forma, adotou como objetivo o desenvolvimento de uma nova tecnologia para a pré-
limpeza da superfície capaz de remover as impurezas presente nos substratos metálicos deixados pelos
processos que antecedem o processo de revestimento. Por esse motivo é necessário a realização de várias
simulações em laboratório devida a alta complexidade do seguimento, uma vez que mal realizado a
limpeza podem ser arrastado impurezas que venham ser muito prejudiciais ao processo de revestimento
devido a não compatibilidade dos produtos químicos que envolvem nessas tecnologias. Além disso, o
processo de pré-tratamento requer de muitos cuidados ambientais, por causa das gerações de resíduo que
acompanha essa etapa do processo. Por outro lado, o processo de revestimento não proporciona perda de
recursos devido ao bom sistema de ultra filtração por membranas capaz de recuperar 95% do excesso de
tinta arrastada no processo.
Neste contexto, o uso das técnicas de melhoria aplicadas para redução de custo para o pré-tratamento
apontado como um ponto a ser solucionado teve o auxílio da engenharia de processo, engenharia da
qualidade, departamento fiscal, manutenção, auxiliando em realização de teste nos queimadores
responsáveis para manter o banho de desengraxante aquecido entre 55ºC à 65ºC, onde por meio de
experimentos foi possível atingir um ganho 2,5% (MATOS, 2019).
Por este motivo, foi considerável uma pesquisa exploratória para desenvolver uma nova tecnologia para
utilização do desengraxe a baixa temperatura. Ante ao exposto, o presente artigo tem como questão: a
redução de consumo de gás no processo de pré-tratamento? Desta forma adotou-se como objetivo a
realização de experimentos para reduzir o consumo de gás, diminuindo o fluxo de queima, a fim de
verificar quais os ganhos que poderia ser obtido no processo de revestimento em contra proposta investir
no setor buscando novas tecnologias, inovações e ser competitiva no mercado (Zolkos, 2007).
2. DESENVOLVIMENTO
A pintura por eletrodeposição foi desenvolvida para garantir características anticorrosivas à uma peça
metálica e tem como principais usuários a indústria automobilística, autopeças e mais recentemente
algumas partes de eletrodomésticos. Este processo consiste em imergir o objeto a ser pintado num banho
de tinta à base d'água, onde se faz passar uma corrente elétrica contínua e através de uma diferença de
potencial, deposita-se um revestimento orgânico, formando uma película uniforme e coesa nesta
superfície que após a cura estará pronta para uso ou, dependendo do produto, pronta para receber
pintura de acabamento.
Ao final do pré-tratamento, deve se aplicar um enxague com água deionizada, que auxilia na obtenção de
um filme uniforme e protetor livre de contaminantes (ARNOLD et al., 2002; apud MOREIRA, 2015).
Segundo Pedro et al. (2018), a primeira etapa do pré-tratamento é a limpeza do substrato a ser revestido,
retirando todos os contaminantes como: óleos, graxas e sujeiras dos processos que antecedem a etapa de
revestimento. A remoção desses contaminantes podem ser notadas na figura 1.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 1 Processo de ação das partículas tensoativas na etapa do desengraxante
(b) Filme tensostivo absorvido na superfície
(c) Redução da tensão interfacial possibina
aseparação de gotas de óleo
(d) Mecanismos do banho: gotas de óleo
separadas soco nono 0.
Fonte: Strelberger e Sodssel (2008, apud Soares, 2013).
À etapa de enxágue é responsável pela remoção de produtos químicos residuais de processos anteriores.
No caso de enxágue após o desengraxante, é necessário remover os resíduos alcalinos para evitar a
neutralização dos ácidos de conversão fosfóricos (ROOBOL, 2005, apud SOARES, 2013).
Esse segundo passo serve para garantir a remoção de todas as partículas de contaminantes presentes nos
substratos. Após o enxague pode se observar se ocorreu a quebra d'água. (Figura 2).
Figura 2 - Quebra d'água
7
Sa 4
pote dé
f f Erpriaa 4
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
As técnicas envolvidas no processo de eletrodeposição não são novas. A primeira adaptação ocorreu com
o advento da galvanização, na qual revestimentos inorgânicos são eletro depositados sobre superfícies
metálicas. Exemplos de tais processos são a deposição de cádmio, níquel ou cromo em ferro ou aço para
melhorar a aparência ou a resistência à corrosão. A eletrodeposição foi usada pela primeira vez para
aplicar revestimentos orgânicos em superfícies metálicas na década de 1930. A indústria automotiva
começou a introduzir e comercializar essa tecnologia na década de 1960, impulsionada pelos seguintes
fatores (NETO et al., 2018).
O filme de tinta depositado tem aproximadamente 80% de sólidos e é muito viscoso e adere fortemente ao
substrato. Após a saída do banho, as peças pintadas são cobertas com banho líquido e espuma (devido ao
processo de formação de gases durante a pintura), que deve ser removido para garantir uma superfície
lisa após a cura. (Matos, 2019). Esta situação é contornada com a introdução da tecnologia de
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
ultrafiltração, que permite um sistema de descarga autogerado (ultrafiltrado) sem perda de sólidos no
banho ou descarga de água contaminada no meio ambiente.
Este artigo está alinhado com o objetivo, sendo caracterizado como pesquisa exploratória, com o foco de
aperfeiçoar ideias e buscar informações em relação a algum assunto ou fenômeno determinou a
construção do Estado da Arte, sendo adquirido compreensão dos fatos e estabelecido fatores que
sustentaram alterações ou implementações de melhorias em um determinado produto ou processo. Com o
domínio do Estado da Arte, o estudo de caso foi realizado em uma empresa do setor automotivo. Este
método de análise é utilizado por engenheiros de processo que não dominam um tópico e o adquirem com
o desenrolar das etapas da metodologia DMAIC.
Originalmente, a Motorola desenvolveu o método MAIC (Measure, Analyze, Improve, Control), que é uma
evolução do ciclo PDCA. Essa abordagem foi posteriormente adotada pela General Electric (GE), que
determinou incluir uma fase inicial, definida pela letra "D”, para demonstrar que entregaria um projeto
focado. A partir de seu uso na GE, a abordagem DMAIC tornou-se a base da filosofia Seis Sigma na
organização, e o sucesso dessa abordagem está relacionado ao seu comprometimento com a metodologia.
De acordo com (Pande et al. 2001) A lógica básica do ciclo PDCA é "W. Edwards Deming" com o objetivo
de melhorar o processo baseado em dados. A Figura 4 mostra o ciclo DMAIC.
Figura 4: Ciclo do DMAIC
Fonte: Adaptado pelo autor, Werkema (2020).
Na busca de aprimoramento do conhecimento, a metodologia exploratória se fez necessária para a
realização de um estudo de caso, este estudo tem o objetivo de desenvolver uma metodologia para
gerenciar o processo de desenvolvimento do produto se decide utilizar um estudo de caso, deve-se definir
o universo que será observado. Existindo a possibilidade de estudar um único caso ou o próprio universo,
no primeiro é necessário ressaltar que não pode trabalhar somente na situação, mas no que ela configura
para o todo. Ele ainda explica que de acordo com os objetivos da investigação, o estudo de caso é possível
ser instrumental (análise de um caso para entendimento de outra questão), intrínseco ou particular
(entendimento do caso em si) ou coletivo (ampliação do estudo para vários casos instrumentais).
A primeira etapa do DMAIC é D (Definição) "Definição", na qual são definidos os pontos que serão
abordados e exploradas as possibilidades de melhoria existentes. Determinar o que deve ser alcançado
com a aplicação do método é outro ponto desta etapa, e um rico brainstorming ajudará a selecionar
problemas objetivamente e identificar os relevantes e acionáveis, Werkema (2020).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 5: Metodologia SMART
ESPECIFICO Reduzir o custo de Gás
MENSURÁVEL Medir o consumo do gás
ATINGIVEL Redução de 24,66% no custo
RELEVANTE Melhora na performance do banho de desengraxante
estabilidade de :
TEMPORAL A partir do segundo semestre de 2022
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Nesta fase do DMAIC, a fase M (Measure) “medidas”, dimensionando as estatísticas dos indicadores de
desempenho organizacional que fazem parte do processo que deve ser otimizado. É necessário ter dados
quantitativos para que comparações mais confiáveis possam ser feitas antecipadamente e para garantir
que a validade das mudanças seja validada com esses resultados, Werkema (2020).
Figura 6: Consumo do gás do processo de pré-tratamento
300000 a E)
s E 2 £ 8
om * É $ é &
e e : e -
mo q g 3: 3
E e z 4
150000 s
8
me da prt
100000 = = -< 4
g 4 ad
m hp br z
50000 & q
0
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto
Elitros mvalor R$
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Na terceira fase do DMAIC, a fase "Analisar" deve identificar a causa raiz do problema prioritário
associado a cada meta identificada na etapa anterior e cada meta deve ter uma resposta à pergunta: Por
que o problema prioritário? Isto existe? (WERKEMA, 2020). Essa etapa é fundamental para identificar
ações para eliminar o problema e implementar as melhorias necessárias. A origem ou causa raiz do
problema também é definida nesta etapa. Nas etapas anteriores, a equipe analisou vários eventos para
determinar o que causou cada evento, mas foi necessário determinar a causa raiz, que foi o que criou o
desvio e impediu que o processo funcionasse 100%.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 7: Diagrama de causa efeito
Cause-and-Effect Diagram
Medição Material Mão de
Falta de peças
Reposição de
Preventiva nos
ueimadores
Ajuste de nível
Consumo
de gás
Agitação do banho
Contaminação Troca de banho Transbordo Arraste
Startup
Temperatura
Manutenção
Vazamento
Cavitação da bomba
Padronização
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Na quarta fase do DMAIC, a fase “Melhorar” envolve inicialmente a geração de ideias e soluções potenciais
com o objetivo de remover as causas raízes dos problemas prioritários identificados na fase “Analisar”
(WERKEMA 2020). Nesta etapa, a equipe inicia o trabalho, ou seja, hands-on, com o objetivo de melhorar a
causa raiz do problema identificado na etapa anterior.
Figura 8: Modelo em V
a rej=sss Eq AIC Troca do banho para nova
tecnologia
Elaboração da etapa
do método DMAIC Teste de corrosão para
validação
Elaboração da etapa
do método Teste de simulação em
DMAIC laboratório
Eatoração rtp oedDR Preparação dos corpos de
DMAIC ab
Elaboração da etapa Documentação e liberação
do método DMAIC do EHS
Redução do consumo de gás
no processo de pré-
tratamento
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
A etapa final do DMAIC é a fase de “controle”, que garante que a organização mantenha sua busca pela
melhoria contínua dos processos. Depois de muito trabalho ter sido feito para implementar o plano de
ação, é crucial monitorar os resultados e o desempenho alcançado. Um passo simples é criar um checklist
para controlar as atividades que compõem o plano e gráficos de controle, que ajudam a quantificar esse
progresso. Werkema (2020) esclareceu que essa fase do DMAIC avalia o alcance das metas em larga
escala, e os resultados obtidos por meio do monitoramento durante a ampla implementação da solução
confirmarão o alcance do sucesso.
Figura 9: Resultados obtidos
| Sa | VALUE CALCULATOR - NEW TECNOLOGY
NO PRINT NO GRIN
| Customer |
NO PAINT NO GAIN 31/08/2022
PRODUTOS QUÍMICOS
Produção 6.336.000 Peças/Ano
Processo Atual
Produto R$/Kg | Kg/8Meses| gipeças R$/Ano Produto Kgi8Meses | gipeças R$/Ano
Bonderite C-AK 1552 | 22,99 5.600 1,33 128.744,00 Bonderite C-AK 1552 5.600 1,33 128.744,00
si es (to (o | mtoo À as e — Es
16.862,40
Total R$
CUSTO POR PEÇAS
Processo Atual
Produto R$/Kg gipeças R$/Peças Produto R$/Kg gipeças R$iPeças
Bonderite C-AK 1552 22,99 Bonderite C-AK 1552 1,33 0,058
E nm E
Total R$/M?
CUSTO POR AQUECIMENTO DE GÁS
Processo Atual
MiMês |MigMeses| R$t | R$iAno | Estagio | miMês |MibMeses| R$Lt | R$lAno |
Desengraxe spray 8.743,32] 69.946,56 6,29 439.963,862 Desengraxe spray 2.219,40] 17.755,20 6,29 111.680,208
Desengraxe imersão 4.062,00] 32.496,00 6,29 204.399,840 Desengraxe imersão 1.102,96] 8.823,68 6,29 55.500,947
Total R$/M? R$ 644.363,702 Total R$/M?
TOTAL R$/ANO
R$/8 Meses
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
3. CONCLUSÃO
Desenvolver uma nova tecnologia de limpeza dos substratos metálicos a baixa temperatura, sem risco
ambientais para as empresas, com a mudança de processos e tecnologias, deve-se atender as exigências do
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), descritas na norma IATF 16949:2016, que é responsável em
avaliar o atendimento dos processos de acordo com os requisitos das montadoras.
O material proposto tem como base ser um produto alcalino de alto poder de remoção mesmo quando
utilizado a temperatura ambiente, capaz de remover todos os resíduos presentes nos substratos metálicos
que antecedem o processo de pré-tratamento, onde foi apresentado a eficiência de limpeza dos substratos
metálicos de modo que o processo de pré-tratamento da empresa “NO PAINT NO GAIN” possa reduzir
custo com o consumo de Gás (GLP) responsável pelo aquecimento dos banhos de desengraxante do
processo de pré-tratamento.
REFERÊNCIAS
[1] DE MATOS, T.P. Tratamento de superfícies metálicas por cataforese. 2019. 153 f. Dissertação no âmbito do
Mestrado em Química, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. 2019.
[2] MOREIRA, M.P. Avaliação de um trocador de calor utilizado no aquecimento de água de desengraxe.
Engenharia Mecânica na Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul 2015.
[8] Neto, C. de M., Amarante, M, Leite, K. Vitor, A, Dantas, B. Barroso, C., Silva, P. & Santos, W. Processo de
pintura e revestimento superficial E-COAT. Revista Pesquisa E Ação 2020.
[4] PANDE, P.S., NEUMAN, R. P., CAVANAGH, R. R. Estratégia Seis Sigma: Como a GE, a Motorola e outras grandes
empresas estão aguçando seu desempenho. Qualitymark Ed., Rio de Janeiro, 2001.
[5] Pedro, J.S., Souza A.B., Gonçalves J.V.C., Pereira C. de S.S., Madureira M.T., Estudo preliminar da otimização do
processo de pré-tratamento e-coat em uma planta de pintura automotiva. Brazilian Journal of Production Engineering
2020.
[6] PYZDEK, T. A revolução dos Seis Sigma. Revista Banas Qualidade, p.38-43, Maio 2000.
[7] SOARES, B.B. A utilização do modelo de simulação computacional para análise e modificação de um sistema
de produção de pinturas automotivas. Engenharia Mecânica pela Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul. 2013.
[8] WERKEMA, C. Lean Seis Sigma - Introdução às ferramentas do Lean Manufacturing. Werkema 2020.
[9] WERKEMA, C. Método PDCA e DMAIC e suas ferramentas. Werkema Editora, São Paulo: Atlas, 2020 ISBN:
978-85-352-5429-7.
[10] ZOLKOS, R. SOA, Lean Manufacturing, lead IT trends on CIO radar. Business Insurance, v. 1, n. 23, 2007.
Capítulo 3
Proposições de Modelos Matemáticos para o Problema
de Sequenciamento em Projetos com Restrição de
Recursos e análise de desempenho
Fernanda Silva Cerceau Rola
Clarisse da Silva Vieira
Resumo: O artigo apresenta proposições de Modelos Matemáticos para o Problema de
Sequenciamento em Projetos com Restrição de Recursos (PSPRR). Três modelos de
Programação Linear Inteira Mista serão considerados como método de solução para três
casos distintos. Esses modelos serão implementados nos programas GLPK e CPLEX e a
partir das soluções obtidas, obtém-se resultados para comparação de desempenho entre
eles.
Palavras chave. Programação Linear Inteira Mista, Sequenciamento, Restrição de
Recursos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
As mudanças rápidas e contínuas do mundo atual induzem as empresas a buscarem formas de reduzirem
seu tempo de produção e a utilizarem de forma otimizada seus recursos. Para se adaptarem aos novos
modelos de produção, as organizações buscam cada vez mais desenvolverem estudos que proporcionem
melhores resultados em relação a execução de seus projetos. Diante desse cenário, obter a solução ótima
para o problema de sequenciar atividades em projetos com restrição de recursos torna-se um grande
desafio.
O Problema de Sequenciamento em Projetos com Restrição de Recurso (PSPRR) é composto por um
conjunto de atividades que devem seguir uma relação de precedência definida no processo real. Porém,
para a viabilidade de tal problema é necessário considerar as quantidades de recursos, renováveis e não-
renováveis, disponíveis para a realização dos processos, visando diminuir o tempo total de duração do
projeto. Além disso, são considerados, também, os custos relacionados aos recursos necessários para a
execução das atividades.
O presente estudo parte da necessidade de desenvolver técnicas e aperfeiçoar métodos para a resolução
do problema apresentado. Nesse sentido, na Seção 2 será apresentado uma revisão bibliográfica sobre o
tema. A seção 3 apresenta 3 modelos de Programação Linear Inteira Mista para o PSPRR divididos em
subseções. Na Seção 4 é apresentado o estudo de caso, onde 3 instâncias serão solucionadas através dos
modelos propostos, implementados nos programas GLPK e CPLEX. A seção 5 apresenta os resultados e
discussões sobre o estudo de caso. Por fim, a conclusão é apresentada na seção 6.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo [Brucker et al. 1999], o Problema de Sequenciamento em Projetos com Restrição de Recursos
(PSPRR) é definido, genericamente, por um conjunto V de atividades, (i = 1, 2,..., n), e um conjunto R de
recursos renováveis, (r =1,...,m). Cada tipo de recurso está disponível em uma quantidade constante de
unidades (Rk). Cada atividade i do projeto necessita de uma quantidade constante do recurso (rik) para
ser executada. A atividade i é executada sem ser interrompida em pi unidades de tempo. Os valores de Rk,
rik e pi são valores positivos ou nulos. Algumas relações de precedência entre as atividades são definidas a
priori. O objetivo é minimizar a duração total do projeto (makespan), determinando a data de início de
cada atividade do projeto, respeitando as limitações de recursos e atendendo todas as relações de
precedência definidas a priori.
Devido à complexidade do problema e dificuldade na obtenção da solução ótima, muitas variações da
formulação original podem ser observadas. Diversos autores, ao longo de vários anos, propõem modelos
de Programação Matemática para o Problema.
[Balas 167] considera que as atividades que inicialmente poderiam ser executadas simultaneamente, não
podem ser realizadas plenamente em paralelo, mesmo que não existam relações de precedência entre
elas. Isso porque tais atividades compartilham o mesmo recurso. Essa abordagem foi considerada em
muitas outras formulações propostas posteriormente, como por exemplo, a apresentada por [Artigues et
al. 2003].
A formulação proposta por [Artigues et al. 2003] considera ainda o PSPRR como um problema de fluxo e
como uma extensão do modelo matemático clássico do problema de sequenciamento do Job Shop. O que
também pode ser constatado em [Deblaere et al. 2007].
[Brucker e Knust 2000] e [Carlier e Néron 2003] consideram que é possível dividir o horizonte de
planejamento em sucessivos intervalos de tempos e que as atividades do projeto podem ser particionadas.
No entanto, para [Carlier e Néron 2003], as partes das atividades são executadas em intervalos
consecutivos de tempo, não podendo mais ser executadas simultaneamente.
Outros autores propõem modelos matemáticos de Programação Linear Inteira Mista para o Problema,
alterando algumas considerações e relaxando algumas restrições da definição original, como por exemplo,
a duração das atividades, quantidade de recurso, tipo de recurso utilizado e relações de precedencias.
Devido a grande proposição de formulações para os problemas classificados como PSPRR, em
contrapartida, um número muito grande de métodos de resolução também são apresentados.
Segundo [Morillo et al. 2015], definido o PSPRR, a solução pode ser encontrada com a utilização da
otimização clássica ou métodos heurísticos. Os métodos exatos são agrupados em algoritmos que usam
técnicas analíticas ou matemáticas, direcionando a resolução para uma solução ótima, caso ela exista.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Estes métodos se baseiam em características específicas, como por exemplo, continuidade,
diferenciabilidade, espaço de busca, entre outras. Os métodos exatos podem ser aplicados a uma grande
variedade de problemas e serão utilizados para obter a solução do estudo de caso apresentado.
3. MODELOS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR INTEIRA MISTA PARA O PSPRR
3.1. MODELO APRESENTADO POR ARTIGUES et al. (2003)
Para o presente artigo é utilizado no primeiro momento como referencial o modelo proposto por Artigues
et al. (2003) que apresentam uma formulação de Programação Linear Inteira Mista para o Problema de
Sequenciamento em Projetos com Restrição de Recursos (PSPRR). Essa formulação de acordo com os
próprios autores, é uma extensão do modelo matemático clássico do problema de sequenciamento do Job
Shop. Assim, é apresentado o modelo:
min act (1)
E qm vVLIDEE (2)
S;— Si— Mx > pi—M vieVuls,vj EV uft (3)
fim — Nx <0 vieVuls,vj eVutt)vkeR (4)
fi = Tu vieV uls,vVk ER (5)
jevute
fijk = Tk vjeVutft;vk ER (6
ievVuUfs)
Cmax > Sit Pi vi ev (7)
fix EN vieVuls,vjeVuft,VkeRr (8)
xi; E (0,1) vieVuls,vj eV ut) (9)
Considerando:
V=(1,2,..,n): conjunto das n atividades do projeto;
R = (1,2,..., m): conjunto dos m recursos renováveis;
E: conjunto das atividades cuja relação de precedência é conhecida a priori, ou seja, a atividade j só será
iniciada após a conclusão da atividade i;
set: atividades fictícias que representam, respectivamente, o início e o fim do projeto;
rik: quantidade do recurso k que a atividade i necessita para ser executada;
pi: tempo de processamento da atividade i;
M e N: constantes arbitrárias suficientemente grandes; fijk: fluxo do recurso k da atividade i para a
atividade j; xij: variável binária que estabelece se a atividade i precede j;
Si: data de início da atividade i
A função objetivo (1) minimiza o makespan. As restrições (2) estabelecem as relações de precedência
definidas a priori. O conjunto de restrições (3) estabelecem as relações de sequenciamento entre as
atividades. O fluxo de recursos entre duas atividades representa o conjunto de restrições (4). As restrições
(5) e (6) representam a conservação de recurso que se move em cada atividade. As restrições (7) definem
o tempo total de execução do projeto. Por fim, as restrições (8) e (9) representam os respectivos domínios
das variáveis de decisão.
a
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
3.2. PRIMEIRA VERSÃO DO MODELO PROPOSTO
Neste momento utilizaremos o modelo anterior, porém com algumas modificações. A função objetivo foi
alterada, porém manteve o mesmo propósito do modelo anterior. Com as alterações feitas, o número de
variáveis totais do problema diminuiu, sendo que a variável Cmax não é mais necessária para calcular o
tempo total de execução do projeto.
Esse cálculo é feito pela variável St que já era uma variável utilizada no modelo anterior em algumas
restrições. Outro benefício adquirido com essa alteração é a exclusão do conjunto de restrições (7). Será
possível observar que o desempenho computacional tem uma melhora em relação ao modelo anterior.
Além disso, foi acrescentada uma nova restrição que fixa os valores das variáveis x; igual a zero quando a
relação de precedência é estabelecida. Mudou-se, também, o parâmetro M, que era atribuído a um valor
arbitrariamente grande e agora passa a equivaler ao somatório da duração de todas as atividades do
modelo. O parâmetro N, passou por mudança similar, que de um valor arbitrário grande passa agora a
corresponder ao máximo de recursos existentes no sistema. Com essas mudanças pode-se observar a
diminuição do tempo computacional para obtenção da solução ótima (makespan), objetivo do modelo.
Assim, é proposto o modelo:
min S, (1)
xj=1 V(LDEE (2)
Xj = 0 V(LDEE (3)
s-s-p-(D m)+ pjzo vVvieVulfs,vjeVutft;i=j (4)
iEv iev
fijr — (maxfrk) -xij < 0 VieVuls,VjeVult,VkeRi=j (5)
fik = Tik VieVuUls,VkER, ix) (6)
jeVutt
casi VjEVuULt,VkER, i*j (7)
jJeVU(s)
S/>0 vieVufsjutt (8)
fix 20 vVieVulfs,vjeVuítt,VkER (9)
Xi; € (0,1) vVieVufs,vjeVutt) (10)
Considerando:
V=(1,2,...,n): conjunto de n atividades do projeto;
R=(1,2,...,m): conjunto de m recursos renováveis;
E: conjunto das atividades cuja relação de precedência é conhecida a priori;
set: atividades fictícias que representam, respectivamente, o início e o fim do projeto;
rik: quantidade do recurso renovável k que a atividade i necessita para ser executada;
pi: tempo de processamento da atividade i;
fi: fluxo do recurso k da atividade i para a atividade j;
xi;: variável binária que estabelece se a atividade i precede a atividade j;
S:: data de início da atividade i;
A função objetivo (1) minimiza a data de início da atividade fictícia final t, consequentemente a duração
total do projeto. As restrições (2) estabelecem as relações de precedência definidas a priori. O conjunto de
restrições (3) fixam os valores das variáveis xj igual a zero quando a relação de precedência é
estabelecida. O conjunto de restrições (4) representam as relações de sequenciamento entre as atividades.
As restrições (5) definem o fluxo de recursos entre duas atividades. As restrições (6) e (7) representam
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
que a quantidade de recurso renovável alocada para a execução de uma atividade deve ser a mesma a ser
transferida para as atividades sucessoras. Por fim, as restrições (8), (9) e (10) representam os respectivos
domínios das variáveis de decisão.
3.3. SEGUNDA VERSÃO DO MODELO PROPOSTO
O modelo proposto atualmente envolve recursos renováveis e não renováveis. Além disso, ele também
considera as restrições disjuntivas, tempo de setup e os custos relacionados ao projeto. Isso faz com que o
modelo se aproxime da realidade e seja aplicado em problemas mais complexos. Desse modo, o modelo
matemático proposto é dado por:
min S,
Xij = 1
Xji =0
Xj+ Xp =1
Xi; + Xj S1
s-s-n-a-s(D +52)
iEv Ev
+ (5 n+ 3 a)=0
iEv iEv
fix — (maxfr))- x; < O
fijk = Tik
jeVU()
fix = x
jeVU(s)
a na S N;
EV
CT = > & N + > Cx" Re + Cp" Sr
1EN KER
Considerando:
V=(1,2,...,n): conjunto de n atividades do projeto;
R=(1,2,...,m): conjunto de m recursos renováveis;
vV(L)EE
vV(LIJEE
v(L)ED
V(LDEEV(LEDi<j
vieVuls,vjeVuft,iz)
q)
(2)
GQ)
(4)
(6)
(6)
vieVuls,vjeVulft,vkeRr ij (7)
VIiEVUÍS,VkER, i*)
vjeVuft,VkER 1%)
vVlIEN
VIEN,VKER,ViIEV
vievufsuft)
ViEVUÍS,VjEVUL)VKER
vieVULsS,VjEVUft
N=(1,2,...,0): conjunto de o recursos não renováveis;
E: conjunto das atividades cuja relação de precedência é conhecida a priori;
set: atividades fictícias que representam, respectivamente, o início e o fim do projeto;
D: conjunto de atividades disjuntivas, ou seja, que não possuem uma ordem de execução definida a priori;
rik: quantidade do recurso renovável k que a atividade i necessita para ser executada;
(8)
(9)
(10)
(1)
(12)
(13)
(14)
(15)
ni: quantidade do recurso não renovável | que a atividade i necessita para ser executada;
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
pi: tempo de processamento da atividade i;
zi: tempo de setup da atividade i;
fi: fluxo do recurso k da atividade i para a atividade j;
xi;: variável binária que estabelece se a atividade i precede a atividade j;
Si: data de início da atividade i;
CT: custo total do projeto;
Cx: custo associado a utilização dos recursos renováveis;
C1: custo associado a utilização dos recursos não renováveis; Cp: custo associado ao tempo do projeto.
A função objetivo (1) minimiza a data de início da atividade fictícia final t, consequentemente a duração
total do projeto. As restrições (2) estabelecem as relações de precedência definidas a priori. O conjunto de
restrições (3) fixam os valores das variáveis xj igual a zero quando a relação de precedência é
estabelecida. As relações disjuntivas são representadas pelas restrições (4). O conjunto de restrições (5)
estabelecem as relações de precedência aos demais pares de atividades não considerados nos conjuntos D
e E. Essas restrições foram criadas visando garantir a viabilidade do problema e melhorar o desempenho
computacional do modelo. As restrições (6) representam as relações de sequenciamento entre as
atividades, bem como considerando o acréscimo do tempo de setup de uma atividade. As restrições (7)
definem o fluxo de recursos entre duas atividades. As restrições (8) e (9) representam que a quantidade
de recurso renovável alocada para a execução de uma atividade deve ser a mesma a ser transferida para
as atividades sucessoras. As restrições (10) garantem que a quantidade de recursos não renováveis não
ultrapasse a quantidade total disponível desses recursos. As restrições (11) apresentam o custo total do
projeto em questão. Por fim, as restrições (12), (13), (14) e (15) representam os respectivos domínios das
variáveis de decisão.
4. ESTUDO DE CASO
Com a finalidade de implementar os modelos apresentados serão analisados 3 instâncias, utilizando os
programas GLPK e CPLEX.
Os exemplos apresentados neste artigo foram manipulados através da metodologia apresentada e
resolvidos computacionalmente utilizando-se a linguagem MPL (Mathematical Programming Language) e
o otimizador GLPK (GNU Linear Programming Kit) e CPLEX.
4.1. CASO 1
Considere um projeto constituído por um conjunto de 10 atividades V= (1, 2,..., 10), com seus respectivos
tempos de processamento pi; e quantidades de recursos ri necessárias para sua execução, bem como as
relações de precedência, mostrados na Tabela 1. Neste exemplo, assumiu-se apenas um tipo de recurso
renovável (R = (1)) com disponibilidade total de 4 unidades (R1= 4).
Tabela 1: Caso 1
Dados de entrada
Atividade | pi rk | Precedência
1 3 2 0
2 5 3 0
3 1 3 0
4 3 1 1
5 2 1 2,3
6 4 2 2,4
7 5 3 5
8 6 1 5
9 4 1 5
10 4 1 6,7
Fonte: Artigues et al. (2003)
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
O grafo da Figura 1 representa a sequência tecnológica de execução das atividades do projeto. Os nós O e
11 representam, respectivamente, as atividades fictícias inicial (s = 0) e final (t = 11). O tempo de
processamento e a quantidade de recurso são mostrados, nesta ordem, abaixo de cada atividade. Além
disso, todas as relações de precedência entre as atividades podem ser facilmente visualizadas a partir dos
arcos direcionados.
Figura 1: Grafo caso 1
Fonte: Artigues et al. (2003).
4.2. CASO 2
Considere agora um projeto constituído por um conjunto de 18 atividades V = (1, 2, ..., 18), com seus
respectivos tempos de processamento pie relações de precedência, mostrados na Tabela 2.
Tabela 2: Caso 2
Dados de entrada
Atividade pi Precedência
1 60 0
2 45 1
3 60 2
4 60 2
5 60 2
6 10 3
7 10 4
8 10 5
9 10 3
10 10 4
11 10 5
12 90 6,9
13 90 7,10
14 90 8,11
15 60 12,13,14
16 45 15
17 117 16
18 60 17
Fonte: Próprio autor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Neste exemplo, assumiu-se sete tipos de recursos renováveis (R = (7)). A disponibilidade para de cada tipo
para cada atividade do projeto está definida na tabela 3. Na tabela abaixo foram incluídos também as
atividades fictícias O e 19 que definem para cada tipo de recurso suas respectivas quantidades totais.
Tabela 3: Caso 2 - Disponibilidade de recursos
Ato Fik
Atividades 1 2 3 4 5 6 7
0 6 1 2 6 72 2 1
1 1 1 0 0 0 0 0
2 2 0 0 0 0 0 0
3 2 0 2 0 0 0 0
4 2 0 2 0 0 0 0
5 2 0 2 0 0 0 0
6 1 0 0 0 0 0 0
7 1 0 0 0 0 0 0
8 1 0 0 0 0 0 0
9 1 0 0 0 0 0 0
10 1 0 0 0 0 0 0
11 1 0 0 0 0 0 0
12 2 0 0 2 0 0 0
13 2 0 0 2 0 0 0
14 2 0 0 2 0 0 0
15 2 0 0 0 72 0 0
16 2 0 0 0 0 2 0
17 4 0 0 0 0 0 1
18 4 0 0 0 0 0 0
19 6 1 2 6 72 2 1
Fonte: Próprio autor.
O grafo da figura 2 representa a sequência tecnológica de execução das atividades e todas as relações de
precedência entre elas. Os nós O e 19 representam, respectivamente, as atividades fictícias inicial (s = 0) e
final (t = 19).
Figura 2: Grafo caso
Fonte: Próprio autor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
4.3. CASO 3
Considere o mesmo projeto do caso 2 com algumas modificações. Neste caso, duas atividades apresentam
tempo de setup (z:), como apresentado na tabela abaixo.
Tabela 4: Caso 3
Atividade | pi zi | Precedência
1 60 0 0
2 45 0 1
3 60 0 2
4 60 0 2
5 60 0 2
6 10 0 3
A 10 0 4
8 10 0 5
9 10 0 3
10 10 0 4
11 10 0 5
12 90 0 6,9
13 90 0 7,10
14 90 0 8,11
15 60 | 720 12,13,14
16 45 0 15
17 117 | 720 16
18 60 0 17
Fonte: Próprio autor
Neste exemplo, os mesmos tipos e disponibilidades dos recursos renováveis (R = (7)) são considerados
iguais ao caso anterior. Porém, agora considera-se também os recursos não renováveis (ni). Suas
respectivas disponibilidades totais e suas utilizações por cada atividade estão apresentadas na tabela
abaixo.
Tabela 5: Caso 3
EEE ni
Atividades 2 3
1 4 5 6
0 2 1380 | 600 | 1620 | 3180 | 1737
1 2 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0
3 0 460 0 0 0 0
4 0 460 0 0 0 0
5 0 460 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0
9 0 0 200 0 0 0
10 0 0 200 0 0 0
11 0 0 200 0 0 0
12 0 0 0 540 | 1060 0
13 0 0 0 540 | 1060 0
14 0 0 0 540 | 1060 0
15 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 1737
18 0 0 0 0 0 0
19 2 1380 | 600 | 1620 | 3180 | 1737
Fonte: Próprio autor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
O grafo deste caso é o mesmo apresentado no caso 2 (Figura 2).
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos dados tratados, como quantidades dos recursos renováveis e dos recursos não renováveis,
custos inferidos, tempos de processamento e de setups e precedência entre as atividades, é possível
através do modelo proposto obter uma solução ótima e analisar os resultados alcançados.
Para obtenção das soluções dos casos apresentados anteriormente utilizou-se dois programas, o GLPK
(GNU Linear Programming Kit)) e o CPLEX. O GLPK utilizou a interface GUSEK (Under Scite Extended Kit)
na versão 0.2. O CPLEX usou a interface AMPL IDE na versão 3.5. A solução ótima obtida (makespan) de
todos os casos utilizando os dois programas são mostrados abaixo. Leva-se em conta, também, o tempo de
execução de cada programa em segundos e a respectiva memória utilizada em Mb.
A tabela 6 mostra a análise comparativa do caso 1 utilizado no modelo 1 entre os resultados obtidos nos
dois programas. A solução ótima obtida foi 22. Entretanto, observa-se que os tempos e as memórias dos
programas divergiram, sendo o GLPK utilizando 211,4 segundos e 29,3 Mb e o CPLEX 0,38 segundos e 0,02
Mb.
Tabela 6: Modelo 1 - Caso 1
MODELO 1 - CASO 1
PROGRAMA | MAKESPAN | TEMPO USADO (s) MEMORIA (Mb)
GLPK 22 211,4 29,3
CPLEX 22 0,38 0,02
Fonte: Próprio autor.
A tabela 7 mostra a análise comparativa dos resultados dos dois programas utilizando o mesmo caso,
porém em outro modelo, nomeado de modelo 2. A solução ótima obtida permanece 22, uma vez que
utiliza-se do mesmo caso. Entretanto, observa-se que os tempos e as memórias dos programas
permanecem diferentes, sendo o GLPK utilizando 0,9 segundos e 1,2 Mb e o CPLEX 0,23 segundos e 0,02
Mb.
Tabela 7: Modelo 2 - Caso 1
MODELO 2 (Melhorado) - CASO 1
PROGRAMA | MAKESPAN | TEMPO USADO (s) MEMÓRIA (Mb)
GLPK 22 0,9 1,2
CPLEX 22 0,23 0,02
Fonte: Próprio autor.
A tabela 8 mostra a análise comparativa dos resultados dos dois programas utilizando o mesmo modelo,
porém usando outro caso, denominado caso 2. Com a mudança do modelo, observa-se que a solução ótima
obtida é 667. Nota-se que os tempos e as memórias dos programas se mantém diferentes, sendo o GLPK
utilizando 0,4 segundos e 3,8 Mb e o CPLEX 0,2 segundos e 0,02 Mb.
Tabela 8: Modelo 2 - Caso 2
MODELO 2 - CASO 2
PROGRAMA | MAKESPAN | TEMPO USADO (s) | MEMÓRIA (Mb)
GLPK 667 0,4 3,8
CPLEX 667 0,2 0,02
Fonte: Próprio autor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
A tabela 9 mostra a análise comparativa do caso 3 utilizando o modelo 3 entre os resultados obtidos nos
dois programas. Nesta situação obteve-se apenas a solução ótima do CPLEX, sendo igual a 2107, utilizando
0,28 segundos e 0,01 Mb.
Tabela 9: Modelo 3 - Caso 3
MODELO 3 - CASO 3
PROGRAMA | MAKESPAN | TEMPO USADO (s)| MEMÓRIA (Mb)
GLPK E - -
CPLEX 2107 0,28 0,01
Fonte: Próprio autor
Com base nas tabelas apresentadas, observou-se que os tempos e as memórias utilizadas foram
discrepantes de um programa para o outro. Pode-se analisar que o CPLEX teve um melhor desempenho na
comparação desses parâmetros. Principalmente em relação ao modelo 3 - caso 3, o qual o GLPK não
conseguiu obter a solução ótima do problema, dado a complexidade do modelo e do caso em questão.
6. CONCLUSÃO
A partir dos resultados e discussões obtidos anteriormente, pudemos concluir que o programa CPLEX tem
melhores resultados em relação aos parâmetros tempo e memória analisados. Observou-se, também, que
de acordo com o aumento da complexidade dos modelos matemáticos, bem como dos dados utilizados, o
desempenho do GLPK comprometeu a obtenção da solução.
Apesar do GLPK ter conseguido a solução para os casos 1 e 2 o tempo gasto e a memória utilizada foram
muito superiores aos obtidos pelo CPLEX. Isso comprova o melhor desempenho do CPLEX. Em relação a
última situação apresentada, modelo 3 - caso 3, o primeiro programa avaliado não conseguiu gerar uma
solução ótima, entrando em looping. Já o CPLEX, apesar da maior complexidade do modelo e do caso
utilizado, conseguiu obter a solução ótima do problema, reforçando o seu melhor desempenho.
Desta forma, pode-se concluir que a escolha do programa para obter a solução ótima está relacionado a
complexidade do modelo e do caso analisado. Assim como, os modelos com maior número de restrições e
variáveis, apesar de representarem melhor a realidade, se tornam mais difíceis de serem solucionados,
como o aumento da quantidade de dados considerados no problema também dificulta a obtenção da
solução.
REFERÊNCIAS
[1] Artigues, C., Michelon, P. e Reusser, S. (2003). Insertion techniques for static and dynamic resource-
constrained project scheduling. European Journal of Operational Research, 149, 249267.
[2] Balas, E. (1967). Project scheduling with resource constraints. Operational Research, 15: 915- 957.
[8] Brucker, P,, Drexl, A. Môhring, R. e Neumann, K.; Pesch, E. (1999). Resource-constrained project scheduling:
Notation, classification, models, and methods. European Journal of Operational Research, 112,3-41.
[4] Brucker, P. e Knust, S. (2000). A Linear Programming and Constraint Propagation-Based Lower Bound for
the RCPSP. European Journal of Operational Research, 127, 355-362.
[5] Carlier, J. e Neron, E. On Linear Lower Bounds for the Resource Constrained Project Scheduling Problem.
European Journal of Operational Research. Vol. 149, p.314-324, 2003.
[6] Deblaere, F., Demeulemeester, E. L., Herroelen, W. S. e Vonder, S. V. Robust Resource Allocation Decisions in
Resource Constrained Projects. Decision Science 38, p. 5-37, 2007.
[7] GNU Project. GLPK: GNU linear programming kit. http://www.gnu.org/software /glpk.
[8] Morillo, D., Moreno, L. e Serna, F. (2015). A branch and bound hybrid algorithm with four deterministic
heuristics for the resource constrained project scheduling problem (RCPSP). DYNA, 82.
Capítulo 4
O papel da roteirização na redução de custos
logísticos e melhoria do nível de serviço em uma
empresa do segmento alimentício no Ceará
Carlos Alberto de Matos Junior
Rosângela Venâncio Nunes
Charles Washington Costa de Assis
Rita de Cássia Fonseca
Nayana de Almeida Adriano
Greyciane Passos dos Santos
Resumo: A redução de custos logísticos, assim como a melhoria do nível de serviço, são
elementos importantes para a sustentabilidade das empresas e fatores decisivos para a
tomada de decisão, que podem afetar direta ou indiretamente no futuro das
organizações, pois exercem influência relevante na competitividade, na participação de
mercado e nos resultados econômicos e financeiros. Para a gestão dos custos de
transporte e melhoria do nível de serviço, o presente artigo tem como objetivo
identificar o papel da roteirização como ferramenta para redução de custos logísticos e
melhoria do nível de serviço em uma empresa do segmento alimentício no Ceará. A base
metodológica utilizada é do tipo exploratória e bibliográfica. Através de livros, revistas,
teses, trabalhos científicos e materiais disponibilizados na Internet, da área de logística,
compôs-se a parte teórica. Para a parte aplicada, buscou-se embasamento em
documentos cedidos pela organização objeto deste estudo. Por meio da comparação
entre os cenários e resultados com e sem a utilização da roteirização para gestão dos
custos logísticos e melhoria do nível de serviço, assim como a análise das informações
cedidas por uma organização, respondeu-se ao problema proposto, atingindo o objetivo
geral e validando as hipóteses levantadas. A conceituação bibliográfica deu respaldo aos
objetivos específicos. Por fim, após a análise dos dados, concluiu-se que a roteirização é
um elemento de essencial importância para a gestão dos custos logísticos e melhoria do
nível de serviço.
Palavras-chave: Custos; Nível de Serviço; Roteirização.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
A grande necessidade de reduzir custos e melhorar o nível de serviço disponibilizado aos clientes
impulsionou as organizações a investirem e direcionarem seus esforços para a otimização das atividades
logísticas.
A Logística é o ramo do conhecimento que estuda a movimentação e a armazenagem de materiais para
que estejam no local e momento certo para atendimento da demanda, reduzindo custos, melhorando a
qualidade e fluxo das informações e o nível de serviço.
Segundo Ballou (2006), o transporte representa, normalmente, entre um e dois terços dos custos
logísticos totais: por isso mesmo, aumentar a eficiência por meio da máxima utilização dos equipamentos
e pessoal de transporte é uma das maiores preocupações do setor. Como recurso para o gerenciamento
das atividades logísticas, o presente artigo busca identificar o papel da roteirização como ferramenta para
gestão dos custos logísticos e melhoria do nível de serviço.
Por meio da roteirização é possível otimizar os veículos, planejar as rotas de entregas e vendas, aumentar
a eficiência operacional, reduzir o índice de devolução, dispersão de quilometragem, consumo de
combustível, gastos com manutenção e pneus, e melhorar a qualidade das informações gerenciais, assim,
reduzindo os custos logísticos e melhorando o nível de serviço prestado aos clientes internos e externos
(SILVA, 2013).
Para Mello (2001), a roteirização de veículos é a forma de designar o processo para a determinação de um
ou mais roteiros ou sequências de paradas a serem cumpridos por veículos de uma frota, objetivando
visitar um conjunto de pontos geograficamente dispersos, em locais pré- determinados, que necessitam de
atendimento.
A partir deste contexto, a questão que norteou a pesquisa foi: “Qual o papel da roteirização na redução de
custos logísticos e melhoria do nível de serviço em uma indústria do segmento alimentício no Ceará?”.
Baseando-se nessa questão, o presente estudo teve como objetivo geral identificar o papel da roteirização
na redução de custos logísticos e melhoria do nível de serviço. Como objetivos específicos, buscou-se:
conceituar logística e apresentar seus objetivos quanto aos custos e nível de serviço; conceituar
roteirização e identificar seus métodos; analisar a roteirização como instrumento para a gestão de custos
logísticos e nível de serviço; apresentar indicadores para gestão do desempenho logístico de distribuição;
e realizar um estudo de caso em uma indústria de alimentos, identificando o papel que a roteirização pode
exercer na redução dos custos logísticos e na melhoria do nível de serviço.
Este estudo parte das hipóteses de que a roteirização teria um papel relevante para a redução dos custos
logísticos e para a melhoria do nível de serviço e, com o auxílio dos “KPP'S” (Key Performance Indicators)
tornaria possível a otimização dos resultados.
Estudar a roteirização e seus processos permite entender como o setor de logística de uma grande
empresa consegue atender apropriadamente as necessidades de seus clientes, fazendo com que a
mercadoria esteja no lugar certo e no tempo certo, sempre com o menor custo possível e um nível de
serviço adequado.
No tocante à metodologia, para os aspectos aplicados, utilizou-se o método indutivo, que, segundo Bastos
et al (2002, p. 84-85), “parte da enumeração de experiência ou casos particulares, para chegar a
conclusões de ordem universal; inclui quatro etapas: observação, hipótese, experimentação e a
constatação de que a hipótese levantada, para explicar o fato observado, é confirmada pela
experimentação e transformada em teoria ou lei”. O presente artigo busca contribuir com um estudo
acerca do papel da roteirização para redução de custos e melhoria do nível de serviço em uma indústria do
segmento alimentício no Estado do Ceará.
O tema foi escolhido pela necessidade de que muitas empresas têm em conhecer de que forma a
roteirização pode atuar como instrumento para viabilizar suas rotas de entregas, reduzindo custos e
melhorando o nível de serviço.
Segundo Gomes (2008, p. 1), o estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia metodológica
para a pesquisa, pois permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado,
revelando nuances difíceis de serem enxergadas “a olho nu”.
Segundo Gil (2009), “o conceito de caso ampliou-se, a ponto de poder ser entendido como uma família ou
qualquer outro grupo social, um pequeno grupo, uma organização, um conjunto de relações, um papel
social, um processo social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura”.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
O estudo de caso presente neste artigo foi elaborado para identificar o papel da roteirização para gestão
de custos logísticos e melhoria do nível de serviço em uma indústria Cearense. Para realização do mesmo,
utilizou-se de documentos sobre roteirização e indicadores de desempenho logístico cedidos por uma
organização, que foi objeto deste estudo, para a análise da realidade observada e experiência profissional
do autor, que é profissional da área de logística há mais de três anos na indústria cearense. Os dados
foram analisados por meio da comparação entre cenários e resultados com e sem a roteirização.
Em relação à parte teórica, foram empregados revistas e livros da área de logística empresarial, artigos e
trabalhos científicos, documentos em meios eletrônicos.
O artigo em questão encontra-se dividido em cinco partes: a primeira é a introdução, na qual são
evidenciados os objetivos e as justificativas para realização do trabalho. Em seguida, apresenta-se o
referencial teórico, que deu base conceitual à pesquisa. Posteriormente, identifica-se a metodologia
utilizada na realização da investigação, para expressar os resultados práticos obtidos por meio da
realização de um estudo de caso realizado em uma indústria. Por fim, apresentam-se as devidas
conclusões e referências, assim como a indicação teórica de base para o desenvolvimento de pesquisas
futuras que envolvam a mesma temática do presente estudo.
2. LOGÍSTICA E SEUS OBJETIVOS QUANTO A CUSTOS E NÍVEL DE SERVIÇO
Em meio à competitividade que assola os mercados devido às concorrências que surgem e as já existentes,
aos produtos concorrentes e substitutos, é cada dia mais importante ter uma operação que atenda seus
clientes de maneira satisfatória, garantindo um baixo custo para o aumento da rentabilidade e um nível de
serviço adequado e diferenciado.
Segundo Ballou (2006), logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e
eficaz de mercadorias. A logística também lida, além de bens materiais, com o fluxo de serviços, uma área
com crescentes oportunidades de aperfeiçoamento. Essa definição sugere igualmente ser a logística um
processo, o que significa que inclui todas as atividades importantes para a disponibilização de bens e
serviços aos consumidores quando e onde estes quiserem adquiri-los.
Para garantir a oferta de bens ou serviços necessários seja aos clientes internos ou externos, é preciso
trabalhar com planejamento e execução adequadas, e garantir o que está sendo demandado no momento
exato, sem excessos ou desperdícios, com um nível de serviço adequado e um baixo custo.
Z
Dessa forma, conclui-se que o objetivo da logística é, em meio à dinâmica de mercado, garantir o
atendimento adequado dos clientes, sejam internos ou externos, permitindo a disponibilidade de bens ou
serviços no momento exato, com um baixo custo e um nível de serviço satisfatório. Com isso pode-se
evitar excessos ou desperdícios, pois se não houver um ótimo planejamento, levando em consideração a
exigência operacional de atendimento instantâneo da demanda, a organização terá custos elevados, baixa
rentabilidade, nível insatisfatório de serviço e perda de compartilhamento com o mercado, devido ao não
abastecimento de seus clientes e atendimento de suas expectativas.
3. MÉTODOS DE ROTEIRIZAÇÃO
Segundo Novaes (2007), os métodos de roteirização, em sua grande parte, foram desenvolvidos e
receberam o nome de seus idealizadores. Entre os sistemas de roteirização mais utilizados estão o método
Clarke & Wright e o método de Varredura. Através desses métodos, é possível efetuar o planejamento das
rotas de maneira eficiente, para que sua execução possa ser realizada da melhor forma possível.
Segundo Ballou (2006), elaborar boas soluções para o problema de roteirização e programação de
veículos torna-se cada vez mais difícil na medida em que novas restrições são impostas. Janelas de tempo,
caminhões múltiplos com diferentes capacidades de peso e cubagem, tempo máximo de permanência ao
volante em cada roteiro, velocidades máximas diferentes em diferentes zonas, barreiras ao tráfego (lagos,
desvios, montanhas) e os intervalos para o motorista são algumas inúmeras considerações práticas, que
acabam pesando sobre o projeto do roteiro.
Utilizando os métodos de roteirização para o planejamento das rotas, é possível fazer melhor uso dos
recursos existentes, fazer entregas inteligentes, ter maior controle das rotas, reduzindo a sobreposição de
entrega, possibilitando a criação de territórios e rotas rentáveis; definir o caminho mais eficiente, gerando
redução de custos e melhoria do nível de serviço.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Segundo Novaes (2007, p. 314), o método Clarke & Wright, criado em 1963, tem sido muito utilizado e
com grande sucesso na resolução de problemas isolados, como também aparece embutido dentro de
muitos softwares de roteirização.
Essa ferramenta, sendo utilizada eficazmente, proporciona um leque de diferentes opções de roteiros a
serem traçados, pois proporciona benefícios satisfatórios à empresa, organizando as diferentes restrições
de uma rota e outras formas de distribuição de produtos e serviços para seus clientes.
O método conhecido como Varredura, segundo Novaes (2007), é bem mais simples que o Clarke & Wright,
contudo, é menos preciso. Nesse método, os pontos de parada são divididos por setores, áreas a serem
atendidas. Para cada área é feito um roteiro diferente, até que todos os pontos de parada estejam inclusos
nos roteiros.
Dessa forma, observou-se que o planejamento das rotas pode ser feito de maneira simples e rápida, em
que os pontos vão sendo interligados, considerando apenas a capacidade do veículo e a parada mais
próxima. Esse método, conhecido como varredura, pode alcançar resultados bons, mas, devido à sua
metodologia e rápida aplicabilidade, não permite as análises necessárias para um resultado ótimo, ou de
maneira mais crítica e complexa, em que, durante o planejamento, são feitas várias simulações para
verificar dentre as várias possibilidades quais são as mais econômicas para o planejamento do roteiro e
uma execução mais eficiente que é o método Clarke e Wright, independente da metodologia utilizada, é
possível a redução dos custos, melhoria do desempenho operacional e nível de serviço.
4. ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS
Atualmente, com a busca incessante pela melhoria do desempenho operacional, a roteirização surgiu
como uma ferramenta efetiva para a otimização do planejamento de roteiros. É nesta etapa que são
determinados os pontos de atendimento e definidos os roteiros a serem seguidos por cada veículo;
determinando, assim, a necessidade total de veículos e motoristas, as distâncias a serem percorridas e o
tempo total das entregas.
Para Takano e Tedesco (2008, apud SILVA; OLIVEIRA; LIMA 2011, p. 3), a roteirização pode ser entendida
como uma programação operacional de um ou mais veículos, definindo, de maneira otimizada, os pontos
que devem ser atendidos por uma rota.
De acordo com Pimenta (2001), em associação à necessidade por parte das organizações de reduzir seus
custos nos transportes, tem sido despertado o interesse de vários estudiosos dessa área, na busca de
melhores opções para os problemas de roteirização de veículos.
Para Wu (2007), a roteirização fundamenta-se em determinar um conjunto de rotas de menor custo que
atenda às necessidades dos nós (que podem ser considerados pontos de ônibus, depósitos, etc.). Deve
respeitar as restrições operacionais, tais como capacidade dos veículos, duração das rotas, janelas de
tempo, duração da jornada de trabalho, entre outros.
Segundo Laporte et al. (2002), o problema de roteirização de veículos consiste em definir roteiros de
veículos que minimizem o custo total de atendimento, cada um dos quais iniciando e terminando no
depósito ou base dos veículos, assegurando que cada ponto seja visitado exatamente uma vez e a demanda
em qualquer rota não exceda a capacidade do veículo que a atende.
Dessa forma, observou-se que é na roteirização onde são definidas as estratégias para execução das rotas
e identificadas antecipadamente às restrições, para que o planejamento seja feito de forma preventiva, já
considerando todas as variáveis, evitando, assim, ocorrências indesejáveis, que impossibilitem as tomadas
de ações.
Percebe-se o quanto a roteirização é relevante para a redução de custos e melhoria do nível de serviço na
operação logística, pois, através do planejamento, evitam-se os desperdícios, reduzem-se os custos,
aperfeiçoa-se o desempenho operacional e, consequentemente, melhora-se o nível de serviço.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
5. ROTEIRIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS E NÍVEL DE
SERVIÇO
A roteirização possibilita a simulação e a análise de custos em tempo real, tornando possível, na
elaboração do planejamento, a escolha do melhor roteiro. Na hora do planejamento, pode-se já considerar,
conforme as informações disponíveis, o tempo de atendimento dos clientes, para não gerar atraso na rota;
janela de atendimento, para não chegar ao cliente em um horário em que ele não receba; e restrições de
vias, para não atrasar as entregas, evitando retornos e gerando nível de serviço aos clientes.
Segundo Silva (2003), reduzir tempo é a melhor prestação do serviço com o objetivo de satisfazer os
clientes da forma mais assertiva; são soluções que as organizações precisam buscar encontrar todos os
dias a fim de definir um modal e uma rota apropriada. Por isso, o cumprimento das etapas de construção
de roteiros é relevante.
Através da roteirização, é possível melhorar a utilização dos veículos, entregar mais com menos, reduzir
os custos de entrega por quilo, dimensionar a quantidade de entregas conforme a capacidade da rota ou
jornada, diminuir os gastos com combustível, pneus, manutenção, horas extras, sobreposição em rota e
quantidade de recursos necessários para execução do planejado, como, por exemplo, mão de obra e
quantidade de veículos, já que todas essas variáveis impactam diretamente no custo e nível de serviço
operacional.
Araújo (2003) diz que roteirização é a determinação da melhor sequência, ou vias, em que os veículos
devem percorrer para garantir o atendimento às demandas. O objetivo é reduzir custos operacionais,
melhorar o nível de serviço, as distâncias percorridas e os tempos de trajeto.
Segundo Melo (2001), muitas empresas envolvidas no cotidiano das operações de transporte têm
reduzido seus custos entre 10% a 15% com o uso da análise de transportes, tática ou estratégica. Na
medida em que os clientes continuam a exigir pedidos menores, a análise dos transportes torna-se ainda
mais imprescindível nas decisões de roteirização, de programação e consolidação.
Conforme a Revista Br (2002), dentre as empresas que já aderiram a soluções de roteirização, observa-se
reduções de custo total de, no mínimo, 10%, podendo chegar a mais e 25% em operações críticas.
Com mais pontos de entrega ou captação e um número mais reduzido de produtos a serem entregues, são
gerados problemas: Quem atender primeiro? Qual caminho tomar? Segundo Ballou (2001, p. 161), quando
existem múltiplos pontos de origem que podem servir a múltiplos pontos de destino, surge o problema de
atribuir destinos às fontes, assim como de encontrar as melhores rotas entre eles.
Conforme Novaes (2007, p. 303), como objetivos principais, o processo de roteirização visa propiciar um
serviço de alto nível aos clientes, mantendo os custos operacionais e de capitais tão baixos quanto
possível.
De acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2002, p. 415), as análises de transporte estão focalizadas na
roteirização e na programação dos equipamentos de transporte para aperfeiçoar a utilização dos veículos
e dos motoristas, buscando atender melhor às exigências dos serviços aos clientes. Como, por exemplo,
um melhor atendimento, que geraria uma maior satisfação por parte dos consumidores e também uma
redução significativa dos custos fixos, pois o combustível será menos utilizado, pneus serão menos
desgastados, amortecedores serão menos forçados e uma maior quantidade de carga poderá ser
transportada, já que o tempo estará sendo otimizado.
Dessa forma, percebe-se que a roteirização é uma ferramenta efetiva para identificação e análise de
oportunidades que permitem, por meio de um planejamento bem elaborado, a gestão, o acompanhamento
e a redução dos custos logísticos e melhoria do nível de serviço.
6. INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO
Indicador é a forma pela qual é mensurado o desempenho das atividades com intuito de atingir uma meta
estabelecida. Através dos indicadores, é possível fazer o acompanhamento do desempenho dos processos
logísticos quanto à execução, custos e nível de serviço, possibilitando a tomada de ações para os
resultados abaixo das metas e identificação de gargalos para medidas preventivas ou corretivas.
Segundo Faria e Costa (2005), indicadores de desempenho, bem como sua forma de comunicação, servem
para dar perspicácia direta aos elementos essenciais do processo de gestão, o que é, particularmente,
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
importante na logística em que um bom controle requer medidas que relacionem tempo, lugar,
quantidade, qualidade e custos.
Indicadores de desempenho, é um meio para se analisar o cumprimento dos objetivos previamente
traçados pelo planejamento estratégico.
Segundo Botelho (2003), é preciso estar constantemente atento aos indicadores para que eles sejam
efetivamente utilizados pelos gerentes para tomar decisões ou interferir em processos de forma
competente.
Sem o uso de indicadores, não seria possível perceber problemas e a decisão da intervenção ficaria
prejudicada pela falta de informação. Decidir o momento de agir ficaria praticamente impossível, senão
por impulso ou iniciativa arbitrária.
Segundo Globerson e Frampton (1991, apud MARALHA, 2006, p. 6), “você não pode administrar o que não
pode medir”. Medir é uma necessidade para a administração, assim como produzir indicadores. Utilizar
indicadores é fazer medições do que se quer administrar e gerenciar com base em informações.
Dentre as atividades logísticas, o transporte representa uma parcela relevante em relação aos custos e
nível de serviço.
Segundo Gomes (2004), os custos que envolvem o setor de transportes de uma organização chegam a
alcançar dois terços dos custos logísticos de uma empresa. Para a gestão de parte desses custos e melhoria
do desempenho operacional, a roteirização surge como ferramenta efetiva, pois torna possível,
juntamente com os indicadores de desempenho, a mensuração das atividades de distribuição.
Através da roteirização e os indicadores de desempenho logísticos é possível mensurar o índice de
devolução de notas fiscais em relação à venda líquida, a utilização da capacidade total de carga dos
veículos, as entregas realizadas no prazo, o custo quilo por entrega, custo de distribuição, fretes extras
gerados por devoluções, atrasos, reentregas e motivos diversos, avarias no transporte e erros de cobrança.
A análise dos dados gerados por esses indicadores permitem o acompanhamento e gestão do desempenho
das atividades de distribuição.
Segundo Melo e Ferreira Filho (2001), muitas empresas de transporte têm tentado dar maior
confiabilidade, mais velocidade e flexibilidade, assim como praticar a intermodalidade em todos os seus
canais de distribuição, buscando maior eficiência e pontualidade nas tarefas de entrega e/ou coleta; um
melhor aproveitamento da frota e dos motoristas; menores tempos de ciclo; menores tempos de obtenção
e melhor planejamento das rotas, gerando, assim, sensíveis reduções de custos operacionais, melhoria da
imagem da empresa no mercado, maior fidelidade de clientes e, em função disso, uma conquista cada vez
maior de fatias de mercado. Porém, para tornar realidade todos os pontos citados por Melo e Ferreira
Filho (2001), é preciso mensurar as atividades, com o intuito de averiguar se o desempenho operacional,
custos, processos e nível de serviço estão adequados para propiciar os resultados esperados pelas metas e
indicadores estabelecidos.
Conclui-se então que não existe gestão sem a mensuração do que está sendo avaliado, e que os indicadores
de desempenho logísticos, juntamente com a roteirização, atuam como elementos relevantes para a gestão
do desempenho operacional, redução dos custos e melhoria do nível de serviço.
7. METODOLOGIA
Nesta seção, apresenta-se objetivamente a metodologia utilizada ao longo do trabalho, destacando: a
abordagem, o tipo de pesquisa, o método, e os instrumentos que possibilitaram o estudo.
A elaboração do presente artigo obedeceu a uma série de passos metodológicos; planejamento, coleta de
informações, embasamento teórico e aplicado, incluindo experiência profissional, desenvolvimento,
estudo de caso e conclusão.
Para a realização do presente artigo, no que diz respeito à parte teórica, foi feita uma pesquisa
bibliográfica, utilizando revistas e livros da área de logística empresarial e metodologia científica,
trabalhos acadêmicos, teses e materiais disponibilizados na Internet.
Z
A pesquisa bibliográfica, conforme Gil (2009), é elaborada com base em material já publicado.
Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais,
teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
de informações, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas,
CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet.
Na parte aplicada, utilizou-se de experiências profissionais, exemplos práticos de situações do cotidiano
da organização e um estudo de caso para melhor compreensão e delineamento do tema abordado. O artigo
foi abordado na perspectiva qualitativa; considerando que:
x
O Estudo de Caso reside em sua capacidade de explorar processos sociais à medida que eles se
desenrolam nas organizações. Seu emprego permite, entre outros, uma análise processual, contextual e
longitudinal das várias ações e significados que se manifestam e são construídos dentro das organizações
(OLIVEIRA, 2011).
A pesquisa parte de um modelo pré-estabelecido, ou seja, inicia-se com uma busca na teoria, de subsídios
necessários para a realização da análise; como diz Oliveira (2011), no que se refere ao conceito de estudo
de caso: é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto.
O estudo de caso do presente artigo foi realizado através da pesquisa em documentos cedidos pela
organização objeto desse estudo sobre roteirização e seus indicadores de desempenho.
Para análise dos dados, comparou-se cenários e resultados de situações com roteirização (situação real) e
sem a influência da roteirização (situação simulada).
A pesquisa do tipo exploratória, segundo Selltiz (1967, p. 63 apud GIL, 2009, p. 45), tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses. Pode-se dizer que essas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a
descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.
8. ESTUDO DE CASO
Este estudo de caso foi elaborado através de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, que se tornou
possível mediante a utilização de livros, revistas e artigos que tratam dos assuntos: roteirização, custos e
nível de serviço logístico, sites ligados à roteirização e aos dados cedidos pela organização alvo deste
artigo.
Por meio dos dados cedidos, realizou-se uma comparação entre os cenários e resultados da operação com
(cenário real) e sem a roteirização (cenário simulado), o que possibilitou identificar seu papel quanto à
redução de custos logísticos e melhoria do nível de serviço na indústria cearense.
A empresa objeto do estudo é consolidada em todo o Brasil, com sede em Eusébio (CE) e atua em vários
estados das regiões brasileiras com vinte e quatro centros de distribuição e cinco fábricas. A indústria,
atualmente, configura-se em um complexo empresarial focado em diversas áreas das atividades da cadeia
de cafés e matinais: beneficiamento do café em grão cru, industrialização e comercialização de café
torrado, torrado e moído, solúveis e achocolatados e cappuccinos.
Com atuação em todo o mercado nacional e uma logística complexa, analisa-se o papel da roteirização
para a redução de custos e melhoria do nível de serviço ao cliente.
Na indústria cearense analisada, a logística busca, a todo o momento, a melhoria do desempenho
operacional. Dentre as atividades logísticas, o transporte representa uma parcela relevante dos custos e
fator importante para melhoria do nível de serviço.
Para a gestão de parte desses custos e melhoria do desempenho operacional, surge a roteirização de
veículos, que busca, através do planejamento dos roteiros, reduzir custos e garantir um nível de serviço
adequado.
O processo para roteirização de veículos na indústria cearense tem início quando os vendedores conectam
seus pedidos ao sistema de automação de vendas Sirius.
Após a importação dos pedidos, os mesmos são enviados ao R/3 da SAP para análise e liberação de
crédito. Sendo validado o crédito dos clientes, os pedidos são enviados ao faturamento para que as
remessas sejam geradas.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Após a geração das remessas, os pedidos são enviados para o roteirizador efetuar o planejamento das
rotas. Ao receber as remessas, o roteirizador exporta as remessas do R/3 e importa para o Road.Net,
sistema de roteirização utilizado na indústria.
Conforme a Enovations (2013), a Roadnet Transportation Suite é uma ferramenta tática e eficiente de
roteirização para otimizar diariamente a operação de entregas e/ou serviços em apenas alguns minutos,
não horas.
O Roadnet oferece a capacidade de transformar os pedidos de hoje nas rotas de amanhã, buscando a
solução mais eficiente para melhorar o serviço ao cliente, enquanto reduz seus custos. O Roadnet
proporciona um retorno sobre o investimento durante o primeiro ano de implantação, reduzindo custos
de forma consistente de 10% a 20%.
Quando as remessas são importadas, elas tornam-se pedidos, em que os mesmos são agrupados e
distribuídos de forma planejada, visando a otimização dos veículos, o aumento da eficiência operacional, a
redução do índice de devolução, uma menor dispersão de quilometragem e consumo de combustível, a
redução dos gastos com manutenção e pneus, a redução da jornada do motorista, a parametrização das
janelas de atendimento e restrições, a análise de drop size “Coeficiente entre o volume total pedido e a
quantidade de entregas”, acompanhamento e redução de custos e melhoria do nível de serviço ao cliente.
Finalizado o processo de roteirização, o chamado transporte ou plano de carga, que são os pedidos dos
clientes agrupados após o planejamento, são enviados novamente ao faturamento para que seja efetuada a
saída da mercadoria do estoque físico e contábil, após a baixa da mercadoria em estoque, são emitidas os
documentos fiscais para acompanhamento da carga até o cliente final, e os planos de cargas para facilitar
na conferência e carregamento dos veículos, conforme os pedidos solicitados.
Após os veículos serem carregados, antes de iniciar a jornada, os motoristas carregam as rotas que foram
planejadas no sistema em seus celulares, para que a central possa fazer o acompanhamento dos tempos de
movimentos e anomalias durante a execução do planejado através do Móbile Cast, sistema que faz
interface com o Road.Net.
Z
Segundo a Enovations (2013), é uma solução de gerenciamento de recursos móveis altamente
configuráveis e completas, com ferramentas, serviços e suporte que geram valor. Tem a capacidade
avançada de gestão de recursos móveis, aumenta a capacidade de gestão da equipe, fornecendo-lhes as
ferramentas necessárias para garantir os mais altos níveis de produtividade e de serviço ao cliente.
É possível acompanhar passo a passo a operação desde a saída do motorista do centro de distribuição até
a finalização da rota e retorno, garantindo, assim, o máximo de aderência das atividades executadas em
relação ao planejado.
8.1. ROTEIRIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS E NÍVEL DE
SERVIÇO
Por meio de um sistema de roteirização, a indústria cearense projeta em tempo real no momento do
planejamento, os custos gerados, recursos utilizados, e uma projeção do nível de serviço a ser fornecido a
seus clientes, permitindo, de imediato, uma análise crítica do cenário proposto e do desempenho
operacional a ser oferecido. É possível, através do sistema cadastrar no sistema de roteirização utilizado
pela indústria cearense as janelas de atendimento dos clientes, tempo de atendimento, restrições,
segmentação, instruções, entre outras informações que se façam necessárias para a garantia de um bom
nível de serviço operacional e aos clientes. Evitando, assim, desperdícios e custos extras com reentregas e
devoluções devido a veículos chegando fora das janelas de atendimento e deixando de entregar por
excessos de pedidos ou falta de informações pertinentes a clientes específicos.
Efetuou-se uma simulação e comparação entre os cenários e resultados de situações com e sem a
utilização da roteirização para avaliar os impactos gerados pelo planejamento dos roteiros. Pode-se
observar, na figura 1, as variáveis utilizadas para análise e comparação dos cenários, que foram; distância,
custo quilo, custo por parada e custo total.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 1 - Painel do sistema de roteirização utilizado na indústria cearenseexpressando o cenário do
desempenho operacional sem a roteirização
ERotas prontas
mvc-s30B-CAP |caMai -MyC-8305 [BOA VIAGEM 8 27) 12) O) 2340502 016 78 219
lmvc.s356-CaP [cama -MvC-8358 [ENCRUZILHADA Bl 1003) 155979 1,926.06 016 3050 244
Fonte: Sistema de roteirização utilizado pela indústria cearense (2013).
Abaixo, tem-se o cenário das rotas som sem a roteirização. Pode-se observar a grande dispersão gerada
pela falta do planejamento na rota sem a utilização da roteirzação. A dispersão de quilometragem foi
reduzida, o custo quilo e por entrega, a distância percorrida, a jornada de trabalho do motorista, o gasto
com pneus e combustível, as horas extras, a manutenção e as entregas foram realizadas com maior
agilidade.
Figura 2 - Sistema utilizado na indústria cearense mostrando as rotas sem e com a roteirização
Rotas sem Roteirização Rotas com Roteirização
Fonte: Sistema de roteirização utilizado pela indústria cearense (2013).
Na figura 3, apresenta-se o desempenho operacional obtido nas rotas com a roteirização. Podem-se
observar, claramente, os ganhos operacionais quanto a custo e nível de serviço expressos nas figuras 1 e 3
e no quadro 1.
Figura 3 - Painel do sistema de roteirização utilizado na indústria cearense expressando o cenário do
desempenho operacional com a roteirização
BE Roadnet - Rosdnet Transportation Suite
Arquivo Cadastros Rotas padrão Ferramentas Relatórios Janela Ajuda
Vajt:= [0 [ Rs] O [555555] 4. [97] Cm] | [o] 1 | | solo lc mm]
BRotas prontas
[Mv C-5306.CAP CAM3M - MYC-B.. [BOM VIA... 8 08 1,371.92 3,850 DO 23 409.02 2388 194
E MY CEISE-CAP CAMIM - MYC-B.. [ENCRUZIL 8 834 1,559.79 3,850 = 1,925.05 28.63 =9
Fonte: Sistema de roteirização utilizado pela indústria cearense (2013).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Através do gráfico de otimização, utilizou-se a maior quantidade possível de espaço no veículo, reduzindo
o custo quilo. Por meio da análise da quantidade de entregas, drop size dos clientes e capacidade da rota,
evitou-se retornos, garantindo um nível de serviço adequado aos clientes, não gerando desperdícios, e a
um baixo custo.
Observa-se, por meio do que foi evidenciado, que o desempenho operacional teve uma melhoria relevante,
em que, dependendo do volume expedido, esse ganho tende a tornar-se mais expressivo.
Quadro 1 - Comparativo de produtividade dos veículos com e sem a roteirização
ID da Rota Distância Custo Quilo Custo Por Parada Custo Total
MYC-8306 40,8 R$ 0,14 R$ 23,88 R$191,00
MYC-8306 72,7 R$ 0,16 R$ 27,38 R$219,00
Redução 43,88% 12,50% 12,78% 12,79%
ID da Rota Distância | Custo Quilo Custo Por Parada | Custo Total
MYC-8356 R$ 0,15 R$ 26,63 R$ 229,00
MYC-8356 100,3 R$ 0,16 R$30,50 R$ 244,00
16,85% 6,25% 12,69% 6,15%
Fonte: Dados cedidos pela indústria cearense (2013).
À roteirização na indústria cearense permite não somente a gestão dos custos e nível de serviço durante o
planejamento, mas também no monitoramento da aderência da operação na execução do que foi
planejado.
Através do Móbile Cast, módulo do sistema de roteirização, a indústria cearense consegue acompanhar se
seu planejamento está sendo executado corretamente. Em que, em tempo real, pode-se observar se os
motoristas estão seguindo corretamente a ordem dos clientes durante a rota, chegada e partida planejada
e real conforme parametrização do tempo de atendimento de cada cliente. Distância planejada e real,
quantos clientes devem ser atendidos, e todas as informações pertinentes aos mesmos.
Através de painel geral de monitoramento é possível verificar quantas entregas foram planejadas para
cada veículo, quantas foram realizadas, quais rotas já foram iniciadas, as que estão em andamento e quais
foram finalizadas, se houve alguma janela perdida por execução fora de ordem, e ainda é possível
cadastrar as ocorrências que são sinalizadas caso venham a ocorrer.
Conforme dados analisados, a roteirização de veículos torna possível a gestão dos custos e nível de serviço
na indústria cearense, em que, através de um ótimo planejamento, de um acompanhamento da execução
das atividades e informações gerenciais de qualidade, consegue-se analisar e criticar se os custos e nível
de serviços praticados estão conforme as metas e objetivos estabelecidos.
8.2. INDICADORES DE DESEMPENHO
Para mensuração das atividades executadas na logística de roteirização, a indústria cearense utiliza os
seguintes indicadores de desempenho, para avaliação e acompanhamento dos custos e nível de serviço:
a
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quadro 2 - Indicadores de desempenho logístico utilizados pela indústria cearense
Indicador
Otimização de Carga
Descrição Apuração
Mensura a utilização
da capacidade dos
veículos
Volume expedido /
pela capacidade total
dos veículos
Observação
Quanto mais for explorada a utilização
da capacidade de carga dos veículos,
menores serão os custos e a quantidade
de recursos gastos para realização das
tarefas
É a mensuração das
Entregas atrasadas /
Esse indicador permite avaliar o nível
On Time entregas realizadas no ia de serviço oferecido as clientes no que
prazo P P tange a entregas no prazo
Com esse indicador é possível ter
Mensura a quantidade várias visões, regional, filial, vendedor,
de notas que retornam . motivos, etc. Pode ser aberto por
E : Notas devolvidas / .
Devolução em relação ao quantidade de entregas que tem
faturamento líquido
total
pelas vendas líquidas
impacto forte e direto para a logística, e
valor que causa maior efeito sobre o
commercial.
Fonte: Dados cedidos pela indústria cearense (2013).
A otimização de carga mensura a utilização da capacidade total de carga do veículo, tem impacto direto no
custo por entrega, pois quanto mais entregar com menos recursos, menor será o custo. Nos quadros 3 e 4,
pode-se observar o impacto da roteirização nos resultados da otimização dos veículos em um mesmo
período com e sem a utilização da roteirização.
O On Time expressa a quantidade de entregas realizadas fora do prazo em relação às entregas realizadas
no prazo, representa o nível de serviço de entrega prestado ao cliente.
Quadro 3 - Nível de serviço de um determinado período com e sem a roteirização
Atendimentos no prazo com roteirização
em %
Atendimentos no prazo sem
roteirização em %
Diferença em %
Unidade
Janeiro Fevereiro Março Abril Janeiro | Feveiro Março Na lNA Janeiro | Feveiro | Março | Abril
EUSÉBIO 92,20% | 95,93% | 94,36% | 98,57% | 86,40% | 88,60% | 87,60% | 91,60% | 5,80% | 7,33% | 6,76% | 6,97%
BHO 98,65% | 98,80% | 98,46% | 93,83% | 91,08% | 90,35% | 92,41% | 85,40% | 7,57% | 8,45% | 6,05% | 843%
RECIFE 99,21% | 96,31% | 93,48% | 90,84% | 92,60% | 88,48% | 86,60% | 83,58% | 6,61% | 7,83% | 6,88% | 7,26%
TERESINA | 91,47% | 95,55% | 95,11% | 86,67% | 78,90% | 87,50% | 88,64% | 79,64% | 12,57% | 8,05% | 6,47% | 7,03%
RIO 95,27% | 89,35% | 86,12% | 89,96% | 87,25% | 83,58% | 79,61% | 82,50% | 8,02% | 5,77% | 651% | 7,46%
TIMOM 100,00% | 100,00% | 100,00% | 87,59% | 95,00% | 93,68% | 91,60% | 79,50% | 5,00% | 6,32% | 8,40% | 8,09%
Fonte: Dados cedidos pela indústria cearense (2013).
O quadro 4, mostra um comparativo entre os resultados obtidos em um determinado período, utilizando e
não utilizando a roteirização para gestão dos custos e nível de serviço.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quadro 4 - Resultado comparativo de otimização de carga de um determinado período sem e com a
roteirização
SEM ROTEIRIZAÇÃO COM ROTEIRIZAÇÃO
CD filial FEV MAR ABR | MAIO FEV MAR | ABR
Belém 81% | 81% | 81% | 79% | 82% | 88% | 88% | 88% | 86% | 89%
Belo Horizonte 63% | 67% | 67% | 70% | 70% | 70% | 74% | 74% | 77% | 77%
Eusébio 82% | 83% | 84% | 82% | 79% | 89% | 90% | 91% | 89% | 86%
João Pessoa 73% | 74% | 81% | 83% | 75% | 80% | 81% | 88% | 90% | 82%
Juazeiro 80% | 81% | 80% | 80% | 79% | 87% | 88% | 87% | 87% | 86%
Maceió 71% | 77% | 78% | 74% | 80% | 78% | 84% | 85% | 81% | 87%
Manaus 57% | 69% | 73% | 620% | 62% | 64% | 76% | 80% | 69% | 69%
Montes Claros 67% | 71% | 76% | 76% | 75% | 74% | 78% | 83% | 83% | 82%
Mossoró 87% | 80% | 79% | 76% | 82% | 94% | 87% | 86% | 83% | 89%
Natal 83% | 88% | 81% | 79% | 77% | 90% | 95% | 88% | 86% | 84%
Recife 77% | 77% | 79% | 75% | 78% | 84% | 84% | 86% | 82% | 85%
Janeiro 51% | 58% | 65% | 56% | 59% | 58% | 65% | 72% | 63% | 66%
Salvador 64% | 66% | 65% | 68% | 68% | 71% | 73% | 72% | 75% | 75%
São Luís 80% | 86% | 87% | 85% | 80% | 87% | 93% | 94% | 922% | 87%
São Paulo 95% | 107% | 118% | 75% | 68% | 102% | 114% | 125% | 82% | 75%
Teresina 81% | 84% | 83% | 78% | 80% | 88% | 91% | 90% | 85% | 87%
Timon 88% | 85% | 81% | 84% | 88% | 95% | 92% | 88% | 91% | 95%
Fonte: Dados cedidos pela indústria cearense (2013).
Devolução é o indicador que mensura a quantidade de notas fiscais devolvidas em relação ao faturamento
líquido, esse indicador tem influência direta nos custos mensuráveis e não mensuráveis e no nível de
serviço prestado, pois, ao não realizar uma entrega ou ao receber uma devolução, além dos custos
operacionais para realização de uma nova entrega, ainda é gerada, dependendo da situação, insatisfação
no cliente que é um custo relevante para organização, porém que não tem um método de como ser
medido.
Quadro 5 - Índice de devolução de um determinado período com e sem a roteirização
INDÍCE DE DEVOLUÇÃO SEM ROTEIRIZAÇÃO
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$
5,50% | 3,50% |5,20% | 3,60% | 5,10% | 3,10% | 4,70% | 3,80% | 4,30% | 3,40% |4,70% | 3,70%
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$
3,20% | 1,90% |3,50% | 2,20% | 2,80% | 2,10% | 2,70% | 2,30% | 3,10% | 1,80% |3,92% | 2,25%
REDUÇÃO PERCENTUAL DE DEVOLUÇÃO
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$ QTD R$
2,30% | 1,60% | 1,70% | 1,40% | 2,30% | 1,00% | 2,00% | 1,50% | 1,20% | 1,60% | 0,78% | 1,45%
Fonte: Dados cedidos pela indústria cearense (2013).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Através desses indicadores, a indústria busca analisar o desempenho de suas atividades com o objetivo de
garantir suas metas para alcançar seus objetivos.
O indicador otimização de carga mede o percentual de utilização do veículo em relação à sua capacidade,
permite apuração do custo de entrega por quilo e análise do impacto do drop size dos clientes no custo
operacional. O On Time mensura o índice de entregas realizadas fora do prazo, mede o nível de serviço de
entrega prestado aos clientes.
A devolução analisa o índice de notas retornadas em relação ao faturamento líquido, o que torna possível
verificar o nível de serviço prestado aos clientes pela falta de assertividade na operação e os custos
gerados por produtos devolvidos do mercado devido a fatores como erros e divergências nos pedidos,
pedidos não solicitados, produto avariado, pedido duplicado, etc. Conforme mostraram os dados
analisados, os indicadores de desempenho logísticos são, juntamente com a roteirização, fatores cruciais
para a gestão dos custos e nível de serviço na indústria cearense.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo buscou identificar o papel da roteirização de veículos na redução de custos logísticos e
melhoria do nível de serviço em uma indústria do segmento alimentício no Ceará. Por meio do referencial
teórico de conceituação da roteirização e seus métodos, da análise de dados e documentos cedidos pela
indústria cearense e da comparação entre cenários e resultados dos indicadores de desempenho logístico
com e sem a utilização da roteirização, respondeu-se ao problema e a seu objetivo geral: identificar o
papel da roteirização na redução de custos logísticos e melhoria do nível de serviço; e aos objetivos
específicos: conceituar logística e apresentar seus objetivos quanto aos custos e nível de serviço;
conceituar roteirização e identificar seus métodos; analisar a roteirização como instrumento de gestão de
custos logísticos e nível de serviço; apresentar indicadores de gestão de desempenho logístico de
distribuição.
Todas as hipóteses foram corroboradas, pois se comprovou que a roteirização tem um papel relevante
para a redução dos custos logísticos e para a melhoria do nível de serviço; e, com o auxílio dos “KPT'S” (Key
Performance Indicators), é possível a otimização dos resultados.
Através da roteirização, mensuração de suas atividades e acompanhamento de seus indicadores, a
indústria conseguiu reduzir em média 1,57% o índice de suas devoluções o que consequentemente
reduziu seus gastos com combustível, pneus, manutenção, horas extras e impacta diretamente no nível de
serviço a seus clientes. A taxa de ocupação dos veículos aumentou em média 7%, gerando redução no
custo quilo e por entrega, permitindo a indústria cearense uma melhor utilização de seus recursos,
entregando mais com menos, e dependendo da relação de sua oferta e demanda de distribuição permite a
redução de sua frota, pois será necessário uma menor quantidade de veículos para a realização de suas
entregas. O índice de entregas realizadas com sucesso após o advento da roteirização aumentou em torno
de 7,32% gerando uma melhoria no desempenho operacional e no nível de serviço fornecido aos clientes.
O estudo de caso comprovou que a indústria que utilizar a ferramenta roteirização de veículos pode
alcançar a redução de seus custos e a melhoria do nível de serviço a seus clientes.
REFERÊNCIAS
[1] ANGELO, Indicadores de desempenho logístico: grupo de estudos logísticos. Universidade Federal de Santa
Catarina, 2005.
[2] ARAÚJO, R. R. Um Modelo de Resolução para o Problema de Roteirização em Arcos com Restrição de
Capacidade. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre. 2003, pp. 18-
21.
[8] BASTOS, CL. et al. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 16. ed. Petrópolis: Vozes,
[4] BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: Logística empresarial. 5 ed. Porto Alegre, Bookman, Q
[5 BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial.
4.2ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
[6] BOTELHO, A. S. Os indicadores de desempenho e o piloto automático. Disponível em:
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Www.qsp.org.br /biblioteca/osindicadores2.shtml. Acesso em: 26 maio, 2013.
[7] BOWERSOX,D.. CLOSS, M,B, e COOPER, D.J. Gestão logística de cadeia de suprimentos. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
[8] ENOVATIONS. Monitorando resultados - dinamismo e flexibilidade no monitoramento de sua operação.
Disponível em: http://www.e-novations.com.br/mobile.php Acesso em: 14 de abril, 2013.
[9] ENOVATIONS. A maneira mais inteligente de roteirizar seus veículos. Disponível em:
[10] <http://www.e-novations.com.br/Hroadnet.php> Acesso em: 14 de abr, 2013.
[11] FARIA, A. €; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo, Atlas, 2005. GIL, A. C. Como elaborar
projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 175. GLOBERSON, S e FRAMPTON,). You Can't Manage What You
Don"t measure.
[12] GOMES, A. Estudo de caso, planejamento e métodos. SP, 2008.
[13] GOMES, €. F.S. Gestão da cadeia de suprimento integrada: Tecnologia da Informação. São Paulo: Cengage
Learning, 2004.
[14] LAPORTE, G.; M, Gendreau; ).Y. P. F. Semet. Classical and modern heuristics for the vehicle routing problem,
International Transactions in Operational Research, v.7, n4/5, pp. 285-300, 2002.
[15] MELO, A.C€.S.; FERREIRA FILHO, V.J.M. Sistemas de roteirização e programação de veículos. Pesquisa
Operacional. vol.21 nº2 Rio de Janeiro 2001.
[16] NOVAES GALVÃO. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição, RJ, Elsevier, 2007.
[17] OLIVEIRA, S. L. Tratamento de metodologia científica: projeto de pesquisa, TGI, TCC, monografias,
dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2011.
[18] PIMENTA, D J. Algoritmo de otimização para o problema de roteamento de veículos no transporte conjunto
de cargas e de passageiros. 2001. Disponível em:
[19] <www.cpdee.ufmg.br/-joao/TesesOrientadas/VAS2001. 1.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.
[20] REVISTA BR. Softwares de roteirização trazem benefícios imediatos para operadores de transporte, 2002.
Disponível em:
[21] <http://www.brexpress.com.br /consulta.cfm?Noticia=2157> Acesso em: 14 abr, 2013.
- SILVA, O. L. Caracterização e roteirização do transporte coletivo por ônibus de Itajubá - MG utilizando sig-t.
Universidade federal de Itajubá, UNIFEI, 2011, p. 3.
[22] SILVA, V. Logística e transporte na indústria brasileira de laticínios: Estudo de casos. 2003. Disponível em
<www.em.ufop.br/em/DEPRO/monografias/2003vinicius.pdf>. Acesso em: 8 Jun. 2013.
[23] SILVA, BERNARDINA E PIRES. Tecnologia do transporte de carga. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá,
2006, p. 3.
[24] TAKANO, M.S. M.; TEDESCO, G. M. I. Roteirização de veículos. Utilização de técnicas de roteirização na
definição de linhas circulares para campi universitários. Fortaleza, XXII ANPET Congresso de Pesquisa e Ensino em
Transportes, nov. 2008, pp. 543-554.
[25] WU, L. O Problema de Roteirização Periódica de Veículos, 2007. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo. 2007, p. 5-7.
[26] YIN, Robert K. Resenha livre. Porto Alegre: Bookman, 2005.
Capítulo 5
Commodities: Um estudo sobre a produção e
movimentação da cevada no comércio exterior
Lucas Fernando de Oliveira Fonseca
Resumo: Como a cevada é um ingrediente essencial na produção de cerveja, essa
demanda dos ultimos anos gerou um aumento da importação deste insumo. Mesmo com
a implantação do programa de melhoramento genético da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que ajudou a aumentar a produção nacional deste
grão, ainda assim não foi o suficiente para atender toda a demanda do país, sendo assim,
mantendo uma consideravél taxa de importação do grão. Assim como o mercado
brasileiro, o mercado cervejeiro em todo o mundo também tem passado por expansões
nos ultimos 10 anos. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de analisar a
gestão da produção, da importação e exportação e ressaltar o processo logístico e
perspectivas para o ano de 2022.
Palavras-chave: Cevada; Malte; Agropecuária.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o mercado de fabricação de cerveja atualmente é um dos mais fortes. Este mercado cresceu
consideravelmente desde 2010, devido a mais e mais pessoas estarem descobrindo as cervejas artesanais
e suas diferentes possibilidades, levando ao surgimento de novos empreendimentos neste setor, assim
como um aumento no nível de exigências dos consumidores. Em uma análise do Sindicato Nacional da
Indústria da Cerveja (SINDICERV), foi constatado que houve um crescimento da produção de cerveja no
Brasil e na China no periodo de 1990 e 2016, e devido ao aumento da importação brasileira e chinesa, as
perspectivas são de uma continua expansão da industria cervejeira, principalmente no Brasil. Este
trabalho foi produzido com a finalidade de analisar a demanda de produção, importação e exportação da
cevada e demonstrar o desenvolvimento do setor cervejeiro, mercado o qual cresceu bastante desde o ano
de 2010 com a introdução de novos produtores de cerveja e aumento de demanda por parte dos
consumidores. Com este foco, analisaremos dados os quais demonstraram as perspectivas de importação
e exportação e nos mostrar a indispensabilidade da cevada na produção cervejeira. A metodologia
científica é a aplicação prática de um conjunto de procedimentos objetivos. Os pesquisadores usam os
procedimentos objetivos para desenvolver experimentos para gerar novos conhecimentos e integrá-los
aos existentes. Portanto, inclui etapas dispostas de maneira lógica e coerente, e os pesquisadores devem
conhecer essas etapas e aplicá-las corretamente. Essas etapas incluem, de forma concisa, desde a seleção
do tema a ser estudado, o plano da pesquisa, o desenvolvimento do método selecionado, a coleta e
tabulação dos dados, a análise dos resultados, a elaboração das conclusões e a divulgação das informações
e resultados. A fase de revisão bibliográfica do tema do projeto de pesquisa visa, em primeiro lugar,
fundir o aluno com as nuances do tema proposto, proporcionar-lhe uma compreensão mais aprofundada
do trabalho a ser realizado, e permitir que pesquisadores e alunos reflitam sobre temas relacionados.
Compara com os resultados obtidos por outros autores. Em segundo lugar, assume o papel de trazer os
leitores para o mundo científico de disciplinas relacionadas, apresentando notícias de sucessos e fracassos
com temas semelhantes. Terceiro, mostra que os pesquisadores são as pessoas mais atualizadas sobre as
últimas discussões de pesquisa (FONTELLES, 2009).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Silva (2005) define cadeia produtiva como uma junção de elementos (“empresas” ou “sistemas”)
associados a um processo produtivo para entregar produtos e/ou serviços ao mercado consumidor.
Pedrozo et al. (2004) apontaram que, é possível notar que há uma interação entre os vários elos que
compõem a cadeia, tais quais estabelecem relações complementares entre os atores envolvidos, numa
lógica linear, onde os elos podem mudar e serem substituídos ao decorrer do tempo.
Figura 1: Sistema de Cadeia Produtiva Agroindustrial
Fornecedor Produtor e ae Distribuição Distribuição Consumidor
Agroindústria
de Insumos Rural | Atacado Varejo Final
Fonte: Adaptado de Pedrozo et al. (2004).
Z
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a cevada é um grão produzido
principalmente no inverno e utilizado em alimentos para humanos e animais, além da indústria
farmacêutica. Também é usado para fazer bebidas como cerveja e em destilados, essa é a variedade mais
utilizada do grão no Brasil, porque, segundo a Embrapa, o país responde por 30% da demanda da
indústria de cerveja (BRASIL, 2019).
No Brasil, a cevada é cultivada em escala comercial e é utilizada exclusivamente para fazer malte, principal
ingrediente da indústria vitivinícola. A expansão da cultura da cevada é relativamente nova, em grande
parte devido aos movimentos cervejeiros na década de 1970 para aumentar a produção doméstica para
garantir o abastecimento, bem como o aumento dos produtos estrangeiros (BRASIL, 2012).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
A cevada é o cereal mais utilizado para a aplicação na produção de cerveja devido às suas propriedades:
possui alto teor de amido e teor de proteína equilibrado (que fornecerá açúcar e aminoácidos essenciais
para a fermentação das leveduras (Barros e Ghesti, 2016).
O mercado brasileiro de cevada pode ser descrito como um mercado especializado voltado para o
segmento de cevada para malteação, com forte integração entre produtores e a agroindústria de
processamento (malte/cervejaria). Considerando o percentual de oferta de grãos ou malte provenientes
de importação, é possível que a oferta de produtos dos produtores brasileiros aumente (BRASIL, 2012).
Figura 2: Fluxograma do Processamento da Cevada
Recepção -
Cevada ' Secagem Malteação
[Seleção
Moagem Mosturação Resfriamento
Fermentação Maturação Clarificação Pasteurização
Fonte: Adaptado de Ana Picini - UFRGS (2002).
De acordo com a Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) o Produto Interno Bruto
(PIB) do agronegócio brasileiro, cresceu aproximadamente 8,36% em 2021. Notadamente, no quarto
trimestre de 2021, o PIB do agronegócio brasileiro caiu 2,03%, principalmente devido à deterioração dos
preços reais do setor. Dado o bom desempenho do PIB total do agronegócio em 2021, a participação do
setor no PIB brasileiro atingiu 27,4%. Os segmentos primário e de insumos se destacaram em 2021, com
crescimento de 17,52% e 52,63%, respectivamente. O PIB dos outros dois setores também cresceu, com o
agronegócio crescendo 1,63% e os serviços agropecuários 2,56%. Entre vários setores, o PIB agrícola
aumentará 15,88% em 2020-2021, e o PIB pecuário cairá 8,95%.
3 MALTE
A cevada é o principal grão usado para maltagem a nível mundial, e cevada dística ou cevada hexástica
podem ser usadas para a produção de malte (Gupta et al. 2010).
Malte é o produto oriundo do processo denominado maltagem em que grãos de cereais germinam sob
condições ambientais controladas e dirigidas a fim de se produzir enzimas, que serão utilizadas na
conversão das matérias primas em mosto cervejeiro (Sleiman, 2002).
De acordo com Rodrigues et al. (2015), o processo de maltagem pode ser descrito muito sucintamente
como a germinação controlada e secagem de grãos de cevada (Figura x). No entanto, a maltagem é um
processo muito mais complexo.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 2: Processo de transformação da cevada em malte
E OPERAÇÕES ã MALTE
C) - PRELIMINARES [MM MOLHA BRM SERMINAÇÃO ES-E
Fonte: Adaptado de Rodrigues et al. (2015).
Segundo Barros e Ghesti (2016), o malte tem origem da cevada. Após o processo de malteação
(maceração, germinação, secagem/torrefação), a cevada se “transforma” no malte que utilizamos na
cerveja.
O malte pode ser apresentado em diversas formas (tamanhos e cores) para a produção da cerveja,
conferindo à bebida uma diferença de sabor, aroma e cor:
o Aromas de café torrado, cacau, chocolate amargo, amêndoas, torradas, frutas secas, pão;
o Aromas defumados, madeira defumada, nozes e frutas, amêndoas, avelãs, passas, baunilha;
o Aromas de malte maltado-doce, marmelada, mel, caramelo toffee, caramelos claros, caramelos
escuros (Sleiman, 2002).
O malte é transportado à granel para as cervejarias industriais e descarregado em moegas equipadas com
elevadores, geralmente do tipo "caneca", que transportam o grão para os silos de armazenamento. No caso
de microcervejarias, geralmente já está em sacas de cerca de 50-60 kg. Em ambos os casos, antes de iniciar
o processo de produção, o malte é pesado para medir a quantidade que deve ser introduzida em cada
formulação (Sleiman, 2002).
O caminho que a cevada faz da plantação até o copo passa em sua maior parte pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que desenvolveu 91% dos cultivares plantados hoje por aqui. No
decênio de 1970, a empresa passou a trabalhar no melhoramento da cultura no país para que os grãos
tivessem a qualidade exigida para o uso na cerveja. Após ser colhida, a cevada vai para a maltaria onde é
germinada de forma controlada e secada ou torrada, o que transforma o grão em malte cervejeiro. O malte
é a base da cerveja e dará cor, corpo e sabor para o produto (G1, 2016).
Depois que um lote de malte é liberado da maltaria, o malte geralmente é transportado para a cervejaria a
granel em carretas, portanto, instalações adequadas devem estar disponíveis para receber e descarregar
grandes quantidades de malte. Os modernos sistemas de descarga existentes no mercado permitem
descarregar cerca de 80 toneladas por hora. Durante a descarga, deve haver extração de poeira suficiente
para evitar o risco de explosão. (REINOLD, 2018).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em 2022, em relação ao cultivo, os
agricultores da região Sul, que são responsáveis por 100% da produção de cevada no Brasil.
Os únicos estados que produzem cevada no Brasil estão localizados na região sul, e são eles: Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. De 2019 a 2021 estes estados tiveram uma produção total de
aproximadamente 333.700 hectares de cevada (Figura 1).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 1 - Produção de Cevada da Região Sul (2019 até 2021)
ESTADO MIL HECTARES
Paraná | 197,2 |
| Santa Catarina | 2,4 |
| Rio Grande do Sul | 134,1 |
| Total | 333,7 |
Fonte: CONAB (2022).
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a Tabela 1 apresenta os dados mais recentes,
indicando que o estado que o estado do Paraná foi o maior produtor de Cevada, já Santa Catarina, por sua
vez, teve a menor quantidade de produção de cevada nos anos consultados.
No gráfico abaixo é demonstrado a quantidade de cevada (em Quilogramas/kg) importada e exportada
durante o mesmo período de 3 anos:
Grafico 1 - Cevada no comércio exterior (2019:2021)
660538617,0
671337272,0
485226670,0
JL321;0
2020
— EXPORTAÇÃO — IMPORTAÇÃO
Fonte: Comexstat (2022).
Como é demonstrado no gráfico acima, fica evidente o quanto a cevada é um grão importante para o uso
interno, as exportações nos períodos consultados representam eventos bem isolados, mesmo os números
de 2020 são irrisórios para o comércio nacional. Em contrapartida, temos números muito relevantes
quando analisamos a importação dos grãos, isso demonstra a importância que este insumo possui para o
comércio nacional.
A CONAB (2022) projeta que até o final de 2022 teremos aproximadamente 112.200 hectares em área,
3.840Kg/ha e uma produção de 430.800Kg, isso representa uma variação positiva de aproximadamente
0,62% a mais comparado ao ano de 2021.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto nacional, o Brasil apresenta uma grande demanda e necessidade deste produto, a mesma é
tão grande que não produzimos o suficiente para exportar quantidades suficientes de cevada para outros
países. Para que a cerveja seja produzida, ela necessita do malte, que é proveniente da cevada. O mercado
cervejeiro no Brasil é muito extenso, além das grandes fabricas, todos os anos surgem novas cervejarias
artesanais, em 2019 foram registradas 390 cervejarias no Brasil e isso dá uma grande margem da
importância que esse grão tem para o mercado brasileiro. Sem falar na cevada que utilizada para
alimentação animal, como ração para gado. Toda essa demanda interna do produto cria uma grande
limitação no comércio exterior com relação a esse cereal. Assim, faz-se necessário a abertura de novas
organizações agropecuárias para que comecem a cultivar o grão, tendo em vista que ele é apenas cultivado
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
na região sul do país. Se a produção fosse levada para outras regiões, com o cuidado necessário no
processo produtivo, poderíamos ter números maiores e países interessados a negociar este produto com o
Brasil.
REFERÊNCIAS
[1] SILVA, L. C. da. Cadeia produtiva de produtos agrícolas. Boletim técnico, n.1, Vitória, 2005.
[2] PEDROZO, E. A.; ESTIVALETE, V. F. B.; BEGNIS, H. S. M. Cadeia(s) de Agronegócio: Objeto, Fenômeno e
Abordagens Teóricas. In: Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e pesquisa em administração. Curitiba:
ANPAD, 2004.
[8] BARROS, Chiara; GHESTI, Grace. Malte: essência da cerveja; Brasília: Universidade de Brasília, 2016.
[4] BRASIL, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Mercado e Comercialização. Brasília, DF, 2012.
Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p do139 5.htm> Acesso em: 31 mai. 2022
[5] BRASIL, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Cultivo de cevada. Brasília, DF, 2019. Disponível em:
<https://www.embrapa.br /trigo/cultivos/cevada> Acesso em: 31 abr. 2022.
[6] CONAB - COMPANHIA NACIONAL DO ABASTECIMENTO. Série Histórica da cevada no Brasil. Disponível em:
<https://www.conab.gov.br/info-agro/safras /serie-historica-das-safras /item/7681-cevada>. Acesso em: 02 jun.
2022.
[7] FONTELLES, Mauro José, Marilda Garcia Simões, Samantha Hasegawa Farias e Renata Garcia Simões
Fontelles. Scientific research methodology: Guidelines for elaboration of a research protocol. Revista Paraense de
Medicina, 23 (3), 2009.
[8] G1. Estradas e ferrovias ruins trazem prejuízo ao mercado de grãos. Disponível em: <
http://g1.globo.com/especial-publicitario/somos-todos-cervejeiros/noticia/2016/06/cevada-da-lavoura-para-o-
copo.html>. Acesso em: 31 abr. 2022.
[9] Gupta, M. Abu-Ghannam, N., Gallghar, E. 2010. Barley for brewing: characteristic changes during malting,
brewing and applications ofits by-products. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 9, 318-328.
[10] PICINI, Ana. UFGRS. Cerveja, 2002. Disponível em: <
http://www.ufrgs.br /alimentus1 /feira/prcerea/cerveja/> Acesso em: 30 abr. 2022.
[11] Nota técnica sobre os ajustes metodológicos do PIB no agronegócio do Brasil - CEPEA. Disponível em: <
https://www.cepea.esalq.usp.br /br /pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx> . Acesso em: 28 jun. 2022.
[12] REINOLD, Rembert. Processamento de Malte na Cervejaria. Cervesia, 2018.
[13] RODRIGUES, Manuel Ângelo; Morais, Jorge Sá; de Castro, João Paulo Miranda. Jornadas de lúpulo e cerveja:
novas oportunidades de negócio, 2015. Instituto Politécnico de Bragança. <disponível em: <
https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/15623/1/17%20Dezassete%2 0an.pdf>. Acesso em 31 jun. 2022.
[14] Disponível em: < https://www.cervesia.com.br/artigos-tecnicos/tecnicos/processo-produtivo-
producao /mosto/823-processamento-de-malte-na-cervejaria.html>.Acesso em: 31 jun. 2022.
[15] SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR. SISCOMEX, 2020. Comex Stat. Disponível em:
http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home. Acesso em: 31 abr. 2022.
[16] SLEIMAN, Muris. PRODUÇÃO DE CERVEJA COM EXTRATO DE MALTE NAS FORMAS DE XAROPE E PÓ:
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA, SENSORIAL E ENERGÉTICA. Botucatu: Fapesp, 2002. Disponível em: <
http://www .athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bla/33004064021P7/2002/sleiman m me botfca.pdf>. Acesso
em: 31 jun. 2022.
Capítulo 6
Additive manufacturing applicability for efficient solid
waste management
Ercilia de Stefano
João Victor Barbosa Vieira
Kaio Benicio Dutra
Lucas Leony da Silva
Thiago de Andrade do Carmo da Silva
Abstract: Contextualization: Additive Manufacturing, known as 3D printing, is one of the most
important themes of the 4.0 Industry that has been gaining notoriety due to the design changes,
production, and services of products previously manufactured by subtraction. AM enables
detail-rich planning that makes it possible to create goods on-demand with resource flexibility,
ensuring an innovative performance by the efficient use of resources and minimizing waste
generation. As a result of the concern with environmental impacts caused by human activity,
companies must respond to environmental aspects to remain sustainable and seek ways to
overcome the problems found in their processes that impact the environment. Main Objective:
This study intends to perform a theoretical analysis of Additive Manufacturing applicability and
integration with Solid Waste Management practices. Methodology: To this end, this study
investigated the largest sustainable companies operating in the Brazilian market, through their
results and sustainable certifications. During this study, two companies that develop green
products and resources for use in Additive Manufacturing were prioritized. The information was
collected from portals and reports of results, processes, and green manufactured products, and
analyzed according to the literature. Main result: As a result of the study, Additive
Manufacturing implementation generated significantly less waste due to the technology applied
and its usage of green and efficient inputs. Main conclusion: As a result of the study, it can be
observed that Additive Manufacturing integrates with waste management in a satisfactory
manner because of the sustainable design and planning, ensuring more efficient use of
resources.
Keywords: Additive Manufacturing, Waste Management, Environmental Impacts; 4.0 Industry.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUCTION
According to Schwab (2016), there are currently four industrial revolutions, being emphasized that the
term "revolution" refers to radical changes that cause modifications in the economic system and social
structures through technological advances and new ways of understanding the world.
The industrial revolutions can be identified through their main milestones and innovations. The first
revolution, which happened in the mid-18t and 19t centuries, brought innovations in the construction of
railroads and the creation of the steam engine. The second, dated between the end of the 19t century and
the beginning of the 20h, had as milestones the mass production, the arrival of electricity, and the use of
the assembly line. The third, also called the digital revolution, started in the 1960s and was characterized
by the development of semiconductors, large and personal computers, and the internet. The fourth and
current revolution, entitled "Industry 4.0", is characterized by a more omnipresent and mobile internet,
more powerful and smaller sensors, artificial intelligence, cyber-physical systems, additive manufacturing,
and machine learning.
According to the Institute of Applied Economic Research - IPEA (2021) based on the report “What a Waste
2.0”, about 2.01 billion tons of Municipal Solid Waste (MSW) are generated annually by the entire world
population, and there is an expectation that in 2050 this figure will reach 3.40 billion, that is, an increase
of almost 70 %. The impacts generated by the production processes are significantly harmful to all living
beings, and because of this, some countries are increasingly seeking technologies and innovations in order
to minimize them.
One of the manufacturing modes that helps the reduction and management of solid waste generated in the
production process is additive manufacturing because one of the additive manufacturing advantages is the
little material waste and the efficient energy use VOLPATO et. al (2017). Note that many times, the
material that is spent to manufacture a component is equivalent to the item material volume.
2. LITERATURE REVIEW
2.1. INDUSTRY 4.0
Industry 4.0 is a concept that integrates society with the digital environment, according to Quintino et al.
(2019), initially, its focus was directed to manufacturing activities, however, its concepts have been
expanded and developed for the areas of agriculture and services, for example. Besides the automation of
processes, Industry 4.0 addresses areas of nanotechnology, quantum computing, DNA sequencing, the
Internet of Things, and several other examples that not only modify human knowledge areas but enable
interconnection with other technologies (QUINTINO et al., 2019).
For Sacomano et al. (2018) the 4.0 Industry can be defined by three-element groups, which are:
a) Base or fundamental elements: The main elements that define and ground the technological basis
and the concept of Industry 4.0;
b) Structure elements: Elements that make it possible to build Industry 4.0 applications, in general,
and Industry 4.0 needs a considerable fraction of elements from this category; and
c) Complementary elements: Incremental elements, which by themselves don't characterize the
application as Industry 4.0 but expand its action possibilities.
Therefore, according to Sacomano et al. (2018), the basic elements are cyber-physical systems, the
internet of things, and the internet of services; the structuring elements are automation, machine-to-
machine communication, artificial intelligence, big data analytics, cloud computing, system integration,
and cybersecurity; the complementary elements are RFID tags, QR code, augmented reality, virtual reality,
and additive manufacturing (figure 1).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figure 1 - The 9 Pillars of Industry 4.0
ud
= bd
-
= Autonomous e [>
Robots d Ss
Augmented + Internet of
Reality Things
= á + A
E ke Ê
SR E ”-
o ps 4
Big Data Simulations
"a à
a MT Industry 4.0 ão
a -
f
* “ Cybersecurity
Additive o:
Manufacturing = É
Cloud
System
Computing
Integrations
Source: Dias (2021).
To implement Industry 4.0, adaptations in the work organization are necessary, according to Santos et al.
(2018), machine implementation to perform monotonous and repetitive activities enables the
organization to use each worker's strengths, stimulating creativity. Besides demanding new human-
machine interactions, such as voice and gesture controls.
Industry 4.0, according to Ynzunza-Cortés et al. (2017), transforms and proposes new visions in smart
factories, because in this model, machines must be able to communicate with each other, transmit
information, and perform actions. They must also have a high arrangement of sensors to collect large
amounts of data, which can be of any type, and is primarily stored in the cloud, helping the storage, and
processing of these large data amounts that are transmitted all the time.
Finally, as Ynzunza-Cortés et al. (2017) understand, the association of the internet of things to the process
occurs, enabling greater participation of those involved (customers, partners, employees, among others)
in the manufacturing decision process, quality, and in the customization of products. It is worth noting
that throughout the process one should consider the cyber security of the system because it is necessary
to provide a safe and reliable environment to transmit and provide the information to all involved.
3. ADDITIVE MANUFACTURING
Additive manufacturing is one of the newest forms of technology that's increasingly being employed in
manufacturing processes. Also known as three-dimensional printing, it had its first working 3D printer
created by Charles W. Hull of 3-D System Corp, a review in the research work by Vardhan et al. 2014
(described by Silva et al. 2018).
Rodrigues et. al, (2016) reports that the first equipment developed from additive manufacturing were
rapid prototyping machines (rapid prototyping), which appeared in the mid-1980s. The term rapid
prototyping is one of the purposes for these machines, which aim to produce three-dimensional
prototypes quickly and widely, without the need to create specific equipment and tools, perform
machining, being possible to have a prototype for testing with low investment described by Campbell et al.
2012 (analyzed by Rodrigues, 2016). If the prototype doesn't meet the objective, there won't be any
tooling waste. And it also allows customized and individualized objects to be created at very low costs.
As explained by Almeida (2019) additive manufacturing "involves the production of parts from
overlapping material layers, usually obtained from cartridges with plastic material in circular section wire
form that are heated in the 3D printer head”. Such a printing process deposits layers upon layers of the
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
raw material, which are defined by means of 3D design software that transmits to the printer all the
instructions to carry out the entire process.
The study by Karapatis et. al. 1998 (explained by Aires et. al, 2019) defines the production processes in
additive manufacturing basically following the same steps as conventional manufacturing, they are:
a) Elaboration of the desired model, design, or objective virtually by means of CAD software,
representing it on a solid surface in 3D.
b) Converting the model format to a format recognized by printers, the standard format recognized
by additive manufacturing technologies being the STL language (Standard Tessellation Language or
Standard Triangulation Language), so that, later, the model to be produced is sliced with information from
each layer.
c) Machines with their own software, to ensure the number of parts to be produced, ideal size,
orientation, and positioning, then the part file is converted into STL format and sent to this software.
d) Parameters of the additive manufacturing printer contain the information that must be
configured before production starts, such as layer thickness, quantity, and so on.
e) Sending the file to the printer to start building the part.
f) Once the construction is finished, the piece must be carefully removed; and
g) Post-processing is started after the part has been taken out of the printer to remove dirt from the
material used, however, in some technologies, additional treatment is required such as the application of
some substances on the part.
The following figure 2 is an example that represents the additive manufacturing production process:
Figure 2 - CAD Model: The design process and breakdowns for 3D printing
- E op mm
Generic 3D Model Process Planning Processing by Finished Good
(eg. CAD) (slicing) addition of layers
Electronic 3D Model Physical Model
Source: Volpato & Carvalho, 2017.
Additive manufacturing is increasingly present, and new technologies and raw materials are being used in
the manufacture of increasingly lighter and more economical products. According to Albu (2017) the most
conventional additive manufacturing technologies applied to 3D printing manufacturing are the FDM
(Fused Deposition Modeling) and SLS (Selective Laser Sintering) technologies, most used due to their
simplicity and accessibility.
FDM (Fused Deposition Modeling) technology is an additive manufacturing process in which a thin plastic
filament supplies a machine that melts and extrudes it into a specific thickness (WONG and HERNANDEZ,
2012). As well, Wong & Hernandez (2012) further define SLS (Selective Laser Sintering) technology as a
three-dimensional printing process, which provides a machine with a powdered material in a chamber
that sinters or melts it by applying a laser beam.
Additive manufacturing technologies have become possible through the integration of traditional
processes such as powder metallurgy, extrusion, welding, machining, as well as other technologies such as
high precision motion control, inkjet printing systems, laser, electron beam technologies, and the
development of materials suitable for each of these processes.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
In summary, additive manufacturing's fundamental characteristics refer to the reduction in steps and
manufacturing processes of a given good, savings in raw materials, energy, etc. less waste generated,
lower production cost, and, consequently, fewer environmental impacts (JUANHUAN et. al. 2019). As well,
an automated facility considerably minimizes human intervention during the part manufacturing process
(VOLPATO and CARVALHO, 2017).
As such, additive manufacturing technologies have become possible through the integration of traditional
processes such as powder metallurgy, extrusion, welding, machining, etc., as well as the collection of other
technologies implemented like high precision motion control, inkjet printing systems, laser and electron
beam technologies, and material development suitable for each of these processes.
3.1. SOLID WASTE MANAGEMENT
After the beginning ofthe third Industrial Revolution, waste began to gain importance, however, only after
the 1970s, with the advent of famous conferences on the subject, such as the Stockholm Conference in
1972, ECO-92 held in Rio de Janeiro, and the Tbilisi Conference in 1997, this importance had a real
environmental weight at the national and international level mentioned by Velloso (2008) and WILSON
(2007) taken from the research of Deus et al. (2015).
The Solid Waste Policy (PNRS) described by the present LAW No. 12,305, in the Brazilian constitution of
August 2, 2010, defines solid waste as:
Material, substance, object or discarded goods resulting from human activities
in society, to whose destination is proceeded, proposed to proceed or is obliged
to proceed, in solid or semi-solid states, as well as gasses contained in
containers and liquids whose particularities make it infeasible to discharge
them into the public sewage system or bodies of water, or require solutions
that are technically or economically unfeasible in view of the best technology
available (BRAZIL, 2010).
As for the classification of solid waste, ABNT Standard NBR 10004:2004 reports that such classification
involves the process or activity identification that gave rise to the waste and its constituents and
characteristics, and the comparison of these constituents with waste and substance lists whose impact on
health and the environment is known. Furthermore, the same standard classifies the waste according to
its potential risks to the environment and public health, according to the following classes:
a) Class I waste - Dangerous;
In this class the waste denotes danger, presenting characteristics related to:
o Flammability;
Õ Corrosivity;
Õ Reactivity;
o Toxicity and;
º Pathogenicity.
b) Class II waste - Non-hazardous;
The non-hazardous waste classification, it is divided into two classes:
9 Class II A waste - Noninert: Properties such as biodegradability, combustibility, or water
solubility; and
º Class II B waste - Inert: Any waste that, when submitted to a dynamic and static contact with
distilled or deionized water, at room temperature, does not have any of its constituents solubilized at
concentrations above the water potability standards, except for its aspect, color, turbidity, hardness, and
taste.
Figures 3 and 4 demonstrate more clearly how the waste classification works according to ABNT Standard
NBR 10004:2004 (COPEL, 2015).
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figure 3 - Waste characterization and classification
Dons lhe mata has a
knawn source?
la It om
attachments &
or BY
has lhe tolbreina ;
characteristics:
Class E
Mammabha, coroaiva,
rezetivo, Enxbo Or , Dangarous Vianha
palhogenie?
Na
Class II
Mon-Dangerous Wiasto
Has chiments that are N
solubla on | E Ineri Maste
concentrations , Class IB
superior to adbaciumark
G?
ras
Nondnert Waste
Class I&
Source: ABNT NBR 10004:2004.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figure 4 - Waste classification according to NBR 10.004:2004
Class Il - Not Dangerous
Class | - Dangerous
Capable of causing health or
environmental damage, has
one of the following
properties:
Flammable; Class Il - Non-lnert 1 B-Inert
- Corrosive; Soiuoia in wnter, exemplos Nos sclulla xs water
- Reactive; 5 ; ii
- Toxic; paper
- Pathogenic;
Source: COPEL, 2015.
Solid waste can also be classified according to its origin, explained by Tchobanoglous and Kreith 2002
(whose explanation can be obtained by DEUS et al. 2015), is divided into:
Residential;
Commercial;
Institutional;
Construction and demolition;
Municipal services;
Treatment plants;
Industrial; and
Agriculture.
This classification differs from the previous one because, through it, it is possible to observe and study
how waste is permeated in society, improving collection, treatment, and final disposal (GUERRERO et al.,
2013, apud in DEUS, 2015).
When adopting the PNRS use in solid waste management in Brazil, it's necessary to follow a priority order
present in article 9 in Brazilian law No. 12.305, of August 2, 2010, and that can be visualized in figure 5.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figure 5 - Hierarchy of priority for solid waste management
Priority Step Includes
Uses less materials in the
production and manufacturing.
Converse product in use; reuse;
Usage of less dangerous materials.
Doesn't generate
reduction Prevention
Checking, cleaning, repair,
Reuse Preparation for reconditioning of complete good or
reuse replacement parts.
, , Transformation of good into new
Recycling Recycling substances or products. Including
compost, if quality protocols are
satisfied.
Anaerobic digestion, incineration
with energetic retrieval, gasification
Other and pyrolysis, which produces
recuperations energy (fuel, heat and electricity)
and materials from was of some
landfill operations.
Treatment
Environmentally
adequate final Disposal
disposal
Disposal in landfills and incineration
without energetic retrieval.
Source: Palermo, 2017.
Veiga (2016) states that the hierarchy establishes as an initial foundation the non-generation; the reuse;
the recycling; the waste recovery, which can include the energy recovery from them; and finally, the waste
final disposal environmentally appropriate. However, the author warns that to accomplish such a
structure is necessary to be aware of the distinction between waste and rejects, the latter defined as "solid
waste that, after exhausting all possibilities of treatment and recovery [...], have no other possibility but
the final disposal environmentally appropriate" (BRAZIL, 2010).
Finally, Xavier 2013 (analyzed by Pontes, 2017) highlights that solid waste management is a solution for
public health through pollution control, the sizing of treatment facilities, and the impacts of landfill
construction.
3.2. CLEANER PRODUCTION
According to Henriques and Quelhas 2007 (cited in Bacarji et al., 2009), the Cleaner Production systems
are circular and use fewer materials, less water, and less energy. In this way, the resources go through the
production and consumption cycle at a slower pace.
More broadly, the principles of Cleaner Production look for the real need of the product and for different
ways to satisfy or reduce the needs found. However, the basic principle of the Cleaner Production
methodology is to eliminate pollution during the production process, not at the end.
According to the same authors cited above, Cleaner Production practices principles of precaution and
prevention of a new, more comprehensive, and integrated approach to product-centric environmental
issues.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Cleaner Production (CP) has other principles such as:
[o Energy and Materials savings;
[o Adoption of cleaner production processes and technologies;
o Reduction or elimination of waste;
o Preserving the health of employees and the environment;
º Improve processes and products aiming at waste reduction and the best use of resources.
The cleaner production system (CP) implementation promotes several benefits, which are highlighted by
the United Nations Industrial Development Organization (UNIDO) that are: increased productivity, better
environmental performance, and reduced environmental impact of the entire product life cycle.
According to UNIDO (2002) for the implementation of the system, it's important first to analyze the
current system situation that will be implemented, understand who the stakeholders and their
importance are as well as identify points where some intervention policy is needed. After this process, it's
necessary to define in conjunction with all system participants" objectives and priorities, to form the
policy development framework for cleaner production.
The next process is policy development, so the identified and defined problems and objectives can be
solved, and finally, the policies developed, as well as the strategy and action plan, are implemented, and
the new policies are evaluated. The procedure is cyclical but will always focus on developing and
implementing policies that are related to cleaner production.
3.3. REVERSE LOGISTICS
According to Rogers and Tibben-Lembke 1999 (cited in OLIVEIRA et. al. 2020), reverse logistics is the
process of planning, implementing, and controlling the efficient and cost-effective flow of raw materials,
in-process inventory, finished products, and related information from the point of consumption to the
point of origin, with the goal of value recovery or proper disposal for waste collection and treatment.
In Brazil, this concept was initially established through the National Policy for Solid Waste (PNRS), Law
12.305/2010. From this policy, it was defined the need to hold waste generators, the government,
manufacturers, distributors, and importers jointly responsible.
The shared responsibility according to SINIR (National Information System on Solid Waste Management)
highlights that each part of society has its role so that the application is done correctly, where:
[o The consumer is responsible for delivering the waste under the conditions and places established
by the reverse logistics systems;
o The private sector is responsible for the correct management of solid residues, reincorporation in
the productive chain, product innovations that bring socio-environmental benefits, rational use of
materials, and pollution prevention;
[o The public power is responsible for the supervision of the process, raising awareness, and
educating the citizens.
In recent years there has been a great stimulus for companies to adhere to reverse logistics due to its
importance, both for suppliers and consumers. Rodrigues (2002) highlights the five main reasons for the
stimulus of reverse logistics, which are:
[o Ecological sensitivity;
[o Legal pressures;
[o Reduction of the product life cycle;
o Differentiated image;
o Cost reduction.
Reverse logistics is extremely important because according to SINIR it is responsible for:
º Encouraging the reuse and proper recycling of waste;
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[o Share the responsibility for waste management among the public and private sectors and civil
society;
o Increasing the efficiency in the use of natural resources;
º Increasing the supply of environmentally friendly products.
4. RESEARCH METHODOLOGY
This work is a development of a study about the relationship between additive manufacture, using as a
basis the material published by Braskem and HP in digital media and the solid waste management
concepts. For the execution of this study, exploratory bibliographic research was conducted, which
according to Sampieri, Collado, and Lucio (2013) is the ideal study method for little in-depth themes or
problems, without the construction of well-developed and innovative relationships.
Therefore, it was elaborated with a deepening knowledge about the most recent technologies, waste solid
management, and additive manufacture methods for identifying and analyzing the ideal procedures in
additive manufacture waste management.
The methodology utilized is the case study, which states Yin (2015), an empirical investigation in which
the investigators consider a specific point, retaining the real-world perspective in one focus. The study
originated in knowledge searching in relation to social phenomena. As well, it is necessary in this
methodology type, to build up the planning, the collection, and the analysis of the data obtained, being
able to differentiate between single or multiple case studies, as equal as occurs the differentiation
between the quantitative and qualitative approach.
For the realization of this study, the qualitative approach was adopted, and the cases studied are
Braskem and HP's additive manufacturing products. Identifying how the waste disposal and treatment
should be carried out in the parts manufacturing process.
5. RESULT ANALYSIS AND DISCUSSION
5.1. BRASKEM'S ADDITIVE MANUFACTURING
The Braskem S.A. is a company founded in August 2002 by the integration of six companies Odebrecht
Organization and Mariani Group. Their activities are inserted in the chemical and petrochemical sector,
being the reference of thermoplastic resin production in the Americas, the only integrated petrochemical
of the first and second generation of thermoplastic resins in Brazil, and the greatest polypropylene
producer in the United States (BRASKEM, 2021b).
The company is one of the pioneers in the sustainable products field, with major contributions to the
creation of the sustainable solution that aims at improving people's lives, including in its portfolio, the
green polyethylene, which is a product produced from sugar cane with 100 % renewable origin
(BRASKEM, 2021b).
The practices related to sustainable development are applied to its production processes, with relevance
to Circular Economy, which focuses on solutions reducing environmental impact.
The practices related to sustainable development are applied to their production processes, with
relevance in the Circular Economy use, which focuses on solutions for the production of the goods that
focus on lower environmental impacts, in the proposal of a systemic approach to maintain the continuous
resources flow, generating value and contributing to sustainable development and in the SDG Compass
methodology that has the purpose of assessing the caused impacts based on the Sustainable Development
Goals of 2030 agenda.
Equally important are the solutions for the main 3D printing technologies and the release of a product
portfolio for additive manufacturing, from polypropylene (PP), due to its high recyclability, impact
resistance, dimensional stability, and lower density than other types of plastic contributing to the
reduction in the printed material's weight (BRASKEM, 2021b).
To produce materials according to additive manufacturing, Braskem produces two polypropylene filament
types, the FL100PP and FL105PP, which are part of the company's portfolio of innovative products. The
first has the characteristics oflow density and high fatigue resistance, offering a balance between strength
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
and impact resistance. The second is designed to provide superior dimensional accuracy by giving a
balance between impact resistance and dimensional accuracy. Both feature moisture resistance for use in
Cast Filament Fabrication, allowing the production of watertight, lightweight, and chemical-resistant
parts.
5.2. MANAGEMENT OF BRASKEM'S WASTE AND DISCARDS
Braskem's polypropylene filament residues are not hazardous in toxicity terms and are classified as a non-
hazardous chemical product, according to ABNT 14725-2. Furthermore, there are no contamination risks
for soil and water bodies, and the greatest potential threat is the polypropylene materials ingestion in
small shapes such as pellets.
In the disposal, it's recommended to avoid dumping the polypropylene and the packaging into sewers or
treating them as common waste - the major problem of the material discarded from additive
manufacturing is choosing where it should be disposed of. Therefore, it is needed to minimize sending
polypropylene waste to landfills and water bodies, reusing the waste that didn't suffer significant chemical
and physical damage in the beginning of the production chain as an input for the new polypropylene
filaments manufacturing.
Responsively, linked to the Circular Economy methodology, some goals were set with the reducing waste
generation objective in their production lines. The strategy applied has the intention of intensifying the
Carbon-Neutral Circular Economy, which establishes a carbon neutrality goal until 2050 and a greenhouse
gas emissions reduction by 15 % until 2030, going from 10.8 million tons of COZ in 2019 to 9.2 million at
the established period end (BRASKEM, 2021a).
Therefore, Braskem involves a systemic approach in order to maintain the continuous resources flow and
carry out the treatment of the plastic waste generated in the production cycle. In this way, the company
performs mechanical sorting and recycling and has a technology improvement process for chemical
recycling, transforming plastic waste into chemical inputs, fuels, or raw materials for the manufacture of
new plastic products.
Braskem has also been involved in the value and supply chain actions of their products in order to
optimize and participate in pertinent solutions to strengthen the circular economy strategy, crossing
technical and logistical barriers to ensure the destination of the material to be recycled in quantity and
quality.
5.3. HP'S ADDITIVE MANUFACTURING
The Hewlett-Packard Company (HP) has in its portfolio several types of machinery related to additive
manufacturing. The HP Labs help to advance the pioneering technologies of printing and imaging,
proposing to unleash the manufacturing creativity and revolutionize the processes for product creation,
conciliating them with sustainable practices to generate fewer environmental impacts (HP, 2021b).
The HP Jet fusion 5200 printer, one of the leading printers in the HP portfolio, has compatibility with a
variety of polymers compounds, which provides a variety of distinct characteristics for the final product
(HP, 2021a).
However, the technology adopted only allows the insertion of powder compounds regardless of the type
of material chosen to create the product. Based on HP's selection catalog, the polypropylene powder use
was chosen as standard, because it provides the final product with characteristics ranging from
reasonable to good, with a few negative highlights described in figure 6.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figure 6 - HP Material Selection Catalog
HP 3D Printing
HP 3D Printing Materials HP 3D Printing Materials
for HP Jet Fusion 5200 for HP Jet Fusion 4200
Series 3D Printing Solutions Series 3D Printing Solutions Bnuiaoo 5
3D Printers
HP3D HR BASE HP3D HR
HP3DHR | HP3DHR | HP3DHR PP Ultrasint? | HP3DHR | HP3DHR | HP3D HR ” HP 3D HR
PAT PA1Z | PAIZGB |enabledby| Tpijoiz | PAM PAIZ | PAIZGB | enabledby | TPUM9SA!| CB PAIZ
BASFZ Evonik
Elast i
Rigid polymer Rigid polymer Elastomeric polymer
o e * a e e * o
Stiffness 4 A A
Impact
resistance * * *
Elongation
Dimensional
capability
Level of detail
Flat part
Temperature
resistance
Chemical
resistance
Low moisture
absortion
Lightweight
Fair Not recommended
Source: HP (2021).
This material is highly recyclable and can be turned into polypropylene powder again in the HP
recommended facilities. Additionally, it highlights the known polypropylene characteristics, such as non-
toxicity, and low dangerousness in handling. It is also worth mentioning that such material is safe in the
emission of ultrafine, large particles, and in the fine dust emission, the operator handles the machine in
the recommended way, being the biggest danger then, the polypropylene or the manufactured part
ingestion.
5.4. HOW MJF TECHNOLOGY WORKS
HP's technology for manufacturing its products is called Multi Jet Fusion (MJF), a high-speed synchronous
architecture that creates parts layer by layer. HP Multi Jet Fusion is a 3D printing process that bases a mix
of technologies such as Binder Jetting, PolyJjet, and Selective Laser Sintering (SLS) in the production of
parts with optimized production time (HP, 2021c).
The MJF technology provides 3D printing in color, which facilitates the visualization of the creations by
the designers, proposes a reduction in the weight of the final piece, as well as optimizes and improves the
performance of the machines and the production itself. The 3D Printer with MJF has advantages like a
much faster production speed than other existing technologies on the market, and it counts with the
process automation. The disadvantage is its high commercial price, generally not very accessible.
-
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
The analyzed machinery of the HP Jet fusion 5200 series, consists of a:
e 3D Printer;
o Print build unit;
Õ Processing station; and
[o Natural cooling unit.
According to the company, these products make the workflow streamlined and can stimulate growth and
increased production.
The process begins with the prototype development by the software "SmartStream 3D”, which has as its
objective the virtual creation of the parts that will be manufactured. The prototype may or may not be
forwarded to the "HP 3D Process Control" software, which is responsible for keeping control of the
continuous processes, in case it is necessary to repeat the dimensions quickly and accurately for the
manufacturer of the new part (HP, 2019a).
Soon after, the build unit is sent to the "3D HP Jet fusion 5200" processing station, where the loading is
performed, and fresh and reused materials are mixed in the build unit itself.
Then, it is necessary to assemble the build unit with a printer and perform the prepress checks on it, when
they are complete you can start the production process, which can be tracked and managed via the "HP 3D
Center” software.
After finishing the printing process, it performs the printed material cooling either by inserting the build
unit into the processing station or by using the HP Jet Fusion 3D natural cooling unit. After being cooled,
the material is removed from its package, and unused waste is recovered for building new products.
5.5. HP WASTE AND DISPOSAL MANAGEMENT
HP reports in the HP Jet fusion 5200 Series 3D printer manual that the disposal of parts and waste
generated during the printing process should be done according to local, state, and federal regulations
(HP, 2019b).
The manual also states that certain printed parts can be recycled for use beyond 3D printing and informs
about marking these pieces with a plastic marking code that complies with ISO 11469, encouraging
recycling.
The company has a recycling program for printer supplies, whose information is available on their
website. In this program you can recycle the following items: HP printheads; Material cartridges;
Printhead cleaning roller; Lamps; and Filters.
6. CONCLUSIONS
The environmental issue related to additive manufacturing is a topic to be considered because it has great
importance given that adopting sustainable practices is increasing necessity. This article had the objective
of analyzing the relationship between additive manufacturing and waste management and, to this end,
analyzed companies that are proactive in the sustainable issue, which are using or are moving towards the
application of additive manufacturing in the production process.
It is noted that the technology application changes the methodology and production planning because the
part is planned, developed in software, and prototyped through 3D printers with pre-established
sustainable requirements, unlike conventional manufacturing that produces and then treats the waste
generated, as in the case of machining, casting, and other techniques.
Using the concepts of Cleaner Production, the additive manufacturing implementation improves the
material efficiency, reducing the waste and the excess in the common processes in the industry. In those
analyzed cases, it's possible to observe the efficiency of the system.
Compared to conventional manufacturing, additive manufacturing generates significantly fewer wastes,
uses innovative raw materials, and minimizes the need for innumerable pieces of equipment. Sustainable
design use considers what impacts can be generated, how leftovers will be reused, and how waste and
rejects will be managed before production begins.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Reverse logistics is widely related to the HP and Braskem cases. In the first case, the company
implemented a way to reuse the materials and components of the 3D printer process, transforming them
into new products to new additive processes. In the second, the company has methods to use the
polypropylene wasted in an additive process in new filaments and pellets, recycling them and establishing
a logistic cycle for this material.
Another important factor in 3D printing is the energy savings in production because the products go
through a rigorous analysis through software and tests before being produced.
Therefore, the study results were satisfactory and highlighted the relationship importance between
additive manufacturing and waste management for better performance, precision, and efficiency in the
use of resources, as well as the innovative concepts and innovations pertinent to the technology's
application.
REFERENCES
[1] ABNT NBR nº 10.004:2004 - Resíduos sólidos - Classificação. Available:
<https://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br /files/2014/07/Nbr-10004-2004- Classificacao-De-Residuos-
Solidos.pdf>. Access: 20/08/2021.
[2] ABNT NBR nº 14.725-2:2009 - Produtos químicos - Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente
Parte 2: Sistema de classificação de perigo. Available: <https://ww3.icb.usp.br/wp
content /uploads/2019/11/Parte2 NBR 14725-2-2009.pdf>. Access: 20/08/2021.
[3] AIRES, M; ROSA, A. GYORI, €; REIS, C. BUTTIGNON, K. Indústria 4.0: a manufatura aditiva como ferramenta
de inovação e otimização. Available: <https: //fateclog.com.br /anais/2019/IND%C3WIASTRIAW%204.0%20A%20M
ANUFATURAYW%20ADITIVAW%20COMO%20FERRAMENTAYW20%20%20DE%20
%20INOVA%C3%B7%C3%B30%20%20%20E%20%200TIMIZANCI3%I7WC3 KB30.pdf>. Access: 01/08/2021.
[4] ALBU, Sorin Cristian. (2017) Development on the production of a new type of extruder used in additive
manufacturing, FDM technology. Romania: Târgu Mures.
Available:<https: //reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S2351978918303160?token=F1B800358BF1C21345F5320D
AZE4C5BCC1E4F5655108B606DF4C7980E26B753DFDAS6BADD39379A9F8768F51839A4ED1 &originRegion=us-
east 1&originCreation=20211016204054>. Access: 04/10/2021.
[5] BACARJL A. G et al. (2009) Produção Mais Limpa: Conceitos e Definições Metodológicas. SEGeT - Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia. Available:
<https://www.aedb.br /seget/arquivos/artigos09/306 306 PMaisL Conceitos e Definicoes Metodologicas.pdf>.
Access: 19/09/2019.
[6] BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. (2010) Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera
a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Available:
<http://www.planalto.gov.br /ccivil 03/ ato2007-2010/2010/1ei/112305.htm>. Access: 20/08/2021.
[7] BRASKEM. Polipropileno Copolímero: Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos, 2021a.
Available: <https://www.braskem.com.br/portal/Principal/arquivos/impressao-3d
produtos/FISPQ 3D PPW20Copo BRA Portugues.pdf>. Access: 20/08/2021.
[8] BRASKEM. Relatório Integrado Braskem 2020. São Paulo: Braskem, 2021b. Available:
<https://www.braskem.com.br /portal/Principal/arquivos /relatorio anual/Braskem RI2020 PT.pdf>. Access:
20/08/2021.
[9] COPEL. Manual para Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Available:
<https://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos /manual gerenc
iamento residuos solidos/$FILE/Manual%20para%20Gerenciamento%20de% 20Res%C3%ADduos%20v1.88.pdf>.
Access: 20/08/2021.
[10] DEUS, R.M.; BATTISTELLE, R.A.G.; SILVA, G.H.R. (2015) Resíduos sólidos no Brasil: contexto, lacunas e
tendências. Eng Sanit Ambient, [s. 1], v. 20, ed. 4, p. 685-698, out/nov 2015. DOI 10.1590/S1413-
41522015020040129347. Available:
<https://www.scielo.br /j/esa/a/jLnBfyWrW7MPPVZSz46B8]JG/?format=pdf&lang=pt>. Access: 20/08/2021.
[11] GALLO, T.; SANTOLAMAZZA, A. (2021) Industry 4.0 and human factor: How is technology changing the role
of the maintenance operator? Elsevier. Procedia Computer Science 180 p. 388-393. Available:
<https://www.sciencedirect.com/>. Access: 16/10/2021.
[12] HP. (2019a) How It Works: HP Jet Fusion 5200 Series 3D Printing Solution | 3D Printing | HP. Youtube, 13
jun. 2019a. (3m10s). Available: <https://www.youtube.com/watch?v=KS4Pf7q e40>. Access: 15/10/2021.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[13] HP. (2019b) Solução de impressão HP Jet Fusion 5200 Series 3D Documentação do produto Guia do usuário.
5.ed. Available: <http://h10032.www1.hp.com/ctg/Manual/c06352386.pdf>. Access: 16/10/2021.
[14] HP. (2021c) HP Multi Jet Fusion technology. Available:
<https://h20195.www2.hp.com/v2/GetDocument.aspx?docname=4AAS- 5472ENW>. Access: 16/10/2021.
[15] HP. HP Jet Fusion 5200 Series Industrial 3D Printing Solution, 2021a. Available: <https://www.hp.com/us-
en/printers/3d-printers/products/multi jet-fusion-5200.html>. Access: 16/10/2021.
[16] HP. (2021b) HP Labs. Available: <https://www.hp.com/us-en/hp labs/research/overview.html>. Access:
16/10/2021.
[17] JUANHUAN, C.; FURLAN, H.; PEREIRA FILHO, A. KASSAB, L. Fabricação da liga Ti-6AI-4V por manufatura
aditiva: uma análise bibliométrica da produção científica. Available:
<http://www.pos.cps.sp.gov.br /files /artigo /file/572/ecd4148dc920315ef7605a43b633cd3f.pdf>. Access:
19/08/2021.
[18] MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (BRASIL). SINIR. (2021) Logística reversa. [S. 1], 2 fev. 2021. Available:
<https://sinir.gov.br /logistica-reversa>. Access 26/11/21
[19] OLIVEIRA, Elaine Ferreira de et al. (2020) Logística reversa: importância econômica, social e ambiental,
Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, p. 4325-4337, 20 set. 2020. Available:
<https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJAER/article /view/22270/17809>. Access: 25/11/21
[20] PALERMO, Giuseppe & GOMES, Ana. (2017). Tratamento e Gestão de Resíduos (Waste Treatment and
Management). Available: <https://www.researchgate.net/publication/318859013 Tratamento e Gestao .
de Residuos Waste Treatment and Management>. Access: 20/08/2021.
[21] PONTES, Flávio Aparecido; SILVA, Anderson Vanderley da. (2017) Gestão estratégica e competitividade.
Resíduos Sólidos Gênese e Destinação: O estudo de caso da cantina de uma unidade escolar, Susano, v. 2017, p. 473-
489, setembro 2017. DOI ISBN: 978-85-5790-003-5. Available: <http://www.iflog.net.br /expediente-e-
edicoes/edicoes-anteriores/>. Access: 09/10/2021.
[22] QUINTINO, L. F. et al. (2019) Indústria 4.0. Porto Alegre: SAGAH.
[23] Resíduos sólidos urbanos no Brasil desafios tecnológicos, políticos e econômicos. (2021) IPEA. Available:
<https://www.ipea.gov.br /cts/pt/central de-conteudo/artigos/artigos/217-residuos-solidos-urbanos-no-brasil-
desafios tecnologicos-politicos-e-economicos>. Access: 20/08/2021.
[24] RODRIGUES, V. P. et al. (2017) Manufatura aditiva: estado da arte e framework de aplicações. GEPROS.
Gestão da Produção, Operações e Sistemas, Bauru, Ano 12, no 3, jul-set/2017, p. 1-34. Available:
<https://revista.feb.unesp.br /index.php/gepros/article/view/1657/784>. Access: 10/10/2021.
[25] SACOMANO, J. B. et al. (2018) Indústria 4.0: Conceitos e Fundamentos. São Paulo: Blucher.
[26] SAMPIERI, R. H.; COLLADO, €C. F. LUCIO, M. del P. B. (2013) Metodologia de pesquisa. 5. ed. Porto Alegre:
Penso.
[27] SANTOS, B. P. etal. (2018) Indústria 4.0: Desafios e Oportunidades. Revista Produção e Desenvolvimento,
v.4, n.1, p. 111-124. Available:
<https://revistas.cefetr).br /index.php /producaoedesenvolvimento /article /view /e316/193>. Access: 20/08/2021.
[28] SCHWAB, K. (2016) The fourth Industrial Revolution. Geneva: World Economic Forum.
[29] SILVA, A; FEITOSA, A; ALBUQUERQUE, R; XAVIER, A (2018). Manufatura aditiva: caracterização e
comparação com os processos de produção existentes. Available:
<http://www.abepro.org.br /biblioteca/TN WIC 264 516 35268.pdf>. Access: 31/07/2021.
[30] UNIDO CP PROGRAMME. (2002) Manual on the Development of Cleaner Production Policies— Approaches
and Instruments: Guidelines for National Cleaner Production Centers and Programmes. UNIDO, Vienna. Available:
<https://www.unido.org>. Access: 29/09/2019.
[34] VEIGA, Ana Paula. (2016). Contribuição à avaliação das barreiras e oportunidades regulatórias, econômicas e
tecnológicas do uso de biometano produzido a partir de gás de aterro no Brasil. 10.13140/RG.2.2.19652.63365.
Available: <https://www.researchgate.net/publication/309312730 Contribuicao a avaliaca
o das barreiras e oportunidades regulatorias economicas e tecnologicas do uso de biometano produzido a partir.
de gas de aterro no Brasil/link/58 09106308ae1c98c2525d6b/download>. Access: 01/10/2021. Q
[32] VOLPATO, N; CARVALHO, J. (2017) Manufatura aditiva; Tecnologias e aplicações da impressão 3D. 1 ed, São
Paulo: Bliicher.
[33] WONG, Kaufui V; HERNANDEZ, Aldo. (2012) A review of additive manufacturing. USA: Miami, p.1-10.
Available: <https://www.scopus.com/record/display.uri?eid=2-s2.0-
84883865303&origin=inward&txGid=ae874b8a7525f4f015cd7a0fc12f300b>. Access: 16/10/2021.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[34] YIN, R. K. (2015) Estudo de caso: planejamento e métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman.
[35] YNZUNZA-CORTÉS, C. B. etal. (2017) El Entorno dela Industria 4.0: Implicaciones y Perspectivas Futuras:
Implications and Perspectives of Industry 4.0. CONCIENCIA TECNOLÓGICA, n. 54, p.33-45, Julho-Dezembro 2017.
Available: <https://dialnet.unirioja.es /servlet /articulo?codigo=6405835>. Access: 20/08/2021.
Capítulo 7
A indústria do Esporte Eletrônico e sua
representatividade no Brasil
Lucas Lopes Machado
Raphael Silveira Moreno
Vitor Albuquerque Saroli
Raquel Cymrot
Resumo: O Esporte Eletrônico, também conhecido como eSports, é uma modalidade de
competição de jogos, online. No Brasil, tanto seu número de entusiastas, quanto os
investimentos neste mercado têm aumentado progressivamente, havendo potencial
para destaque mundial. Entretanto há lacunas que impedem ou atrasam o crescimento
desse mercado. O objetivo geral desta pesquisa foi investigar o potencial da indústria do
eSports no Brasil, tendo como objetivos específicos caracterizar o perfil de consumidor e
dos jogadores e ex-jogadores de eSports no Brasil. Para tanto, foram realizadas
entrevistas com um jogador, um locutor e um gestor deste ramo. Segundo os
entrevistados, a falta de maiores investimentos no setor, de profissionais especializados
e de uma lei específica para o esporte eletrônico no Brasil são entraves que necessitam
ser superados para maior crescimento da indústria de eSports no Brasil. Ressalta-se que
mesmo nas condições atuais pouco favoráveis, as audiências de torneios de eSports já se
igualam ou superam a de alguns eventos esportivos tradicionais. Foram também
elaborados e aplicados um questionário a entusiastas e outro questionário a jogadores e
ex-jogadores de eSports. Nas amostras coletadas entusiastas, jogadores e ex-jogadores
são em sua maioria homens, jovens, com ensino superior ou pós-graduação, moradores
da região Sudeste, com renda domiciliar entre 2 e 10 salários-mínimos e conheceram os
eSports por meio de plataformas de streaming ou por meio de amigos e familiares.
Outras variáveis destes grupos foram também analisadas nesta pesquisa.
Palavras-chave: eSports. Jogos eletrônicos. Perfil do consumidor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
O termo eSports vem de “esporte eletrônico” e, de acordo com a Fundação Instituto de
Administração (2018, não paginado) “Os eSports são competições organizadas de jogos eletrônicos,
envolvendo equipes ou jogadores individuais disputando a vitória entre si”. Basicamente, é uma
indústria que faz uso de games e plataformas eletrônicas de diversos gêneros focados em competições
profissionais para entretenimento, similar a indústrias de esportes mais tradicionais.
A banda larga da internet e o desenvolvimento de novas tecnologias propiciaram que mercados, antes
pouco considerados, se tornassem relevantes. Desenvolvedores de jogos, percebendo novas oportunidades
de mercado na criação de cenários competitivos por meio de jogos online, começaram a investir em
campeonatos que foram denominados eSports. Desde então, tais competições têm contribuído para
um crescimento exponencial na indústria de games, atraindo patrocinadores e investimentos,
evidenciando a importância das desenvolvedoras (DE BIASE, 2018).
Na década de 2010, o eSports começou a entrar em ascensão. Com a popularização dos serviços de
transmissão ao vivo, via algumas plataformas da internet, o acesso ao esporte eletrônico passou a ser
maior. Já não era necessário estar presente ou então ver um vídeo gravado de algum campeonato que
havia acontecido. O consumidor podia acessar as plataformas que ofereciam esse serviço e acompanhar
o campeonato ao vivo de sua própria casa. Assim, as barreiras geográfica e física não eram mais uma
limitação (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESPORTS, 2017).
Segundo a SporTv, até 2019, o maior prêmio de toda a história dos eSports foi de U$ 30 milhões,
sendo dado, em 2019, no torneio mundial The International. Os ingressos deste evento se esgotaram em
53 segundos, vendendo mais de 26 mil ingressos (PREMIAÇÃO, 2019). Para efeito de comparação, no
mesmo ano de 2019, segundo Fernandez e Yamamoto Neto (2019), o prêmio para o time vencedor da Copa
Libertadores da América foi de U$ 22,5 milhões.
Chiminazzo e Marques (2020) citam que, segundo empresário da área, é necessário melhorar a
infraestrutura do setor e minimizar a burocracia de modo a facilitar a realização de campeonatos de eSport
no Brasil. Também se faz necessário a disponibilização de arenas, estúdios de gravação e transmissão
de qualidade, bem como a existência de profissionais qualificados.
Mesmo obtendo resultados significativos no cenário mundial de eSports, o Brasil ainda sofre com a falta de
informação da população em relação a esse mercado, no qual, de acordo com a Newzoo (2018), apenas
5,3% das pessoas com acesso à internet acompanhavam o esporte eletrônico com frequência,
comparado com 7,9% da China e 7,7% dos Estados Unidos da América (EUA).
Em 2020, o eSports é visto como um negócio mundial e bilionário, com grandes empresas por trás dele e
com grande potencial de movimentação de dinheiro, seja com transmissões ou com vendas de produtos
voltados tanto para jogar, no caso de consoles, periféricos ou acessórios para computadores, quanto
para o consumo secundário, desde o consumo de roupas de uma determinada organização ou o consumo
de algum produto de um dos patrocinadores de clubes e eventos. Ressalta- se que este mercado está
presente inclusive nos celulares, visto que, hoje em dia, muitas pessoas se utilizam dessa tecnologia para
instalar jogos para diversão e lazer.
Levando-se em conta o crescimento dessa modalidade no Brasil, indaga-se: Qual o potencial do Brasil na
Indústria de eSports? Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi investigar o potencial da
Indústria do eSports no Brasil e os objetivos específicos foram caracterizar o perfil de consumidor e dos
jogadores e ex-jogadores de eSports no Brasil.
2. REVISÃO DA LITERATURA
O eSport, por se tratar de um esporte eletrônico, tem como meio de grande consumo deste serviço o streaming.
De acordo com Clemente (2006, apud REIS, 2018, p. 6) “O serviço de streaming pode ser conceituado como
uma técnica que permite a transmissão de informação multimídia através de uma rede de computadores,
concomitantemente com o consumo desta informação multimídia por parte do usuário.
Uma plataforma muito utilizada e líder nos serviços de streaming de jogos nos Estados Unidos da América é
a Twitch TV (TWITCH, 2014).
Segundo a Newzoo (2016), a combinação do aumento da sofisticação e da experiência imersiva dos
games, tecnologia dos streams e plataformas de mídias sociais têm transformado a indústria dos
videogames. Os games estão se movendo de entretenimento pessoal para uma audiência esportiva. Essa
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
mudança de comportamento do consumidor está criando novas e promissoras oportunidades ao longo de
toda a cadeia de valor dos games.
Em tempos de pandemia, devido ao isolamento social, o consumo de games aumentou significativamente,
pois se tornou uma forma a mais de lazer. Relatório Q1 2020 Games Market Dynamics do The NPD Group (2020,
apud RONCATE, 2020, não paginado) informa que: “Nos três meses findos em 31 de março, a indústria de
videogames dos EUA gerou US$ 10,86 bilhões em receita total. Isso representa um aumento de nove por cento em
comparação com o mesmo período do ano anterior [...]”.
A questão cultural também é relevante no mercado de eSports. Hoje, por meio de conteúdo criado nas
plataformas de streaming, nos vídeos postados e dos campeonatos criados, dá-se mais ênfase na
produção cultural contemporânea dos games, tendo este já se enraizado na cultura vigente.
Segundo a Newzoo (2020), a audiência mundial, para até o final do ano de 2020, estava prevista,
antes da pandemia, para ser em torno de 495 milhões de telespectadores, sendo que os entusiastas
desse mercado somam o total de 222,9 milhões de pessoas. Também foi previsto que o mercado de
eSports deveria gerar uma receita total de 1,1 bilhões de dólares, divididos entre patrocínios,
direitos de transmissão, taxas de publicação, mercadorias e ingressos, digital e streaming, um aumento de
15,7% em relação ao ano de 2019.
Em função da pandemia de Covid-19, os dados sofreram alterações divulgadas na Newzoo por Rietkerk
(2020). A necessidade de evitar aglomerações na tentativa de combater a doença fez com que muitos eventos
fossem cancelados, adiados ou realizados online. Este acontecimento causou um impacto direto nas receitas de
patrocínio, que terão menos visibilidade, na receita vinda de ingressos e mercadorias. Por outro lado, a taxa de
publicação de jogos sofreu um aumento nas receitas, uma vez que a demanda por novos games e torneios
aumentou com o isolamento social. Além disso, as receitas de streaming também subiram, uma vez que parte
desses torneios serão disputados e transmitidos pela internet.
Z
Um ponto a ser destacado é que embora exista grande consumo de eSports e games em geral pelos
brasileiros, sendo o Brasil o terceiro país no ranking de maiores entusiastas de eSports (NEWZOO,
2018), não existe uma equipe brasileira situada entre as mais valiosas. Tem-se que muitos jogadores
brasileiros acabam optando por participar em equipes estrangeiras nas quais a competitividade é
mais elevada e o incentivo é maior. Outro dado interessante da pesquisa da Newzoo (2018) é que apenas
47% da população online já ouviu falar ou sabe o que é eSports.
Muitas empresas de tecnologia, até por estarem diretamente ligada ao ramo, patrocinam torneios de
eSports, fornecendo recursos para os jogadores. Acreditando que o eSports continuará sua ascensão em
direção a uma indústria de bilhões de dólares, a Intel acordou com a ESL, empresa organizadora de
eventos de esporte eletrônico, realizar um investimento conjunto de 100 milhões de dólares em
tecnologias e eventos (INTEL EXTREME MASTERS, 2018).
No Brasil ainda não há o reconhecimento legal dos eSports. Desde 2017 tramita no Senado Federal o
projeto de lei nº 68, a Lei Geral do Esporte, que propiciará que o esporte eletrônico seja tratado
igualmente aos esportes tradicionais. Assim como atletas de esportes tradicionais, atletas de esportes
eletrônicos possuem vínculos empregatícios com as organizações e têm seus contratos regidos pela
Lei Pelé. (TEIXEIRA, 2017). Ressalta-se que, até o momento, o projeto de lei nº 68, de 2017 ainda está em
relatoria, não tendo ainda sido votado (BRASIL, 2020).
Dados sobre torneios nacionais apresentados por Marques (2018) e Costa Junior (2019) atestam que o
público brasileiro prestigia os torneios. Como exemplo, Santos (2019) informa que os ingressos para a final
do CBLoL 2019 se esgotaram em poucos minutos e eram aguardados por cerca de 8 mil pessoas. Tem-se
que tanto para eventos internacionais no país, que geralmente são mais competitivos e trazem os melhores
times do mundo, quanto para os nacionais, a resposta do público tem sido positiva.
Com relação às premiações em torneios nacionais, estas ainda são baixas quando comparadas às dos torneios
internacionais, principalmente em League of Legends, que é um dos jogos mais consumidos pelos brasileiros.
Enquanto a liga nacional norte americana premiou em 2020 o seu campeão com US$ 100.000,00, o CBLoL
premiou em 2020 o seu vencedor com R$70.000,00 (TARTAGLIA, 2020).
O crescimento do mercado de eSports acabou chamando a atenção de alguns clubes da elite do futebol
brasileiro. Em 2019, o Corinthians fez uma parceria com o grupo norte-americano Immortals Gaming Club
(IGC), na qual a empresa ficaria responsável por fazer o lançamento e operação das divisões de esportes
eletrônicos sob a marca alvinegra (AGÊNCIA CORINTHIANS, 2019).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
A parceria entre Corinthians e IGC alcançou bons resultados rapidamente. No mesmo ano em que a união foi
formada, a equipe conquistou o título brasileiro e em seguida o título mundial, tornando- se a primeira equipe
vinda de outro mercado, no caso o futebol, a conquistar um torneio de grande expressão no cenário. O
Torneio mundial, que ocorreu no Rio de Janeiro, recebeu um público de 4 mil pessoas e teve
simultaneamente na internet, em média, 1,2 milhões espectadores (TIBÚRCIO, 2019).
Diferentemente do Corinthians, o Flamengo optou por entrar no mercado por conta própria, fazendo sua
própria gestão de seu departamento de eSports. O clube escolheu outra modalidade para ingressar no
mercado, o League of Legends (LoL) (ROSALINSKI, 2019). Em dois anos após o ingresso no esporte
eletrônico, com um time formado por bons jogadores e alavancados pela torcida que veio do futebol, o
Flamengo eSports já brigava pelo título, que acabou vindo apenas no ano de 2019. Segundo Iglesias
(2019), além do título, a equipe conquistou o prêmio de R$ 70.000,00 e uma vaga para disputar o mundial
do ano na Alemanha.
Bento (2019) relata que alguns outros clubes de futebol, como o ABC de Natal, o Athletico Paranaense,
Avaí, Bragantino, Ferroviária, Goiás, Remo, Santos e Vitória tentaram entrar no esporte eletrônico, em
diversas modalidades, mas não obtiveram o mesmo sucesso.
Leandro Valentim, diretor de eSports e games da Globo, apesar de não divulgar os dados de audiência das
transmissões de esportes eletrônicos, assegura que os resultados são bons (MAGATTI, 2020). Além disso,
Leandro Valentim ressalta que:
A editoria de eSports do GE tem resultados muito bons. Em julho, superamos
em 3% as visualizações de todo o ano de 2019. Nas dez publicações mais
acessadas de 2020 da editoria, o público é 26% maior em comparação com
o top 10 do ano anterior. Além disso, mais de 12 milhões de usuários
acessaram a editoria até julho de 2020, e 37% destes acessos são de novos
usuários (MAGATTI, 2020, não paginado).
Ainda, de acordo com Magatti (2020), o Grupo Globo, apesar de não divulgar o quanto já investiu e o
quanto irá investir no mercado de eSports, está atento a ele, pretendendo, com o passar do tempo,
investir ainda mais, a medida que forem surgindo “novos jogos, ligas, jogadores e que mais equipes e
entidades esportivas se envolvam” (MAGATTI, 2020, não paginado).
A cobertura tende a aumentar com o surgimento de novos games e ligas,
e o envolvimento cada vez maior de organizações e entidades de esportes
tradicionais. Times como Flamengo, Santos e ligas como NBA, Fórmula 1 e WSL
estão cada vez mais próximos dos esportes eletrônicos (MAGATTI, 2020, não
paginado).
Segundo pesquisa da BGS/ Datafolha realizada no primeiro trimestre de 2020 tendo uma amostra de
2.446 pesquisados com no mínimo 12 anos residentes em 145 municípios do país dos:
[...] certa de 40% da população que jogam (67 milhões de brasileiros), 35,5
milhões (53%) são homens e 31,5 milhões (47%) são mulheres, com idade
média de 30 anos. [...] a maioria está no Sudeste (44%) e Nordeste (28%),
seguidos por Sul (13%), Norte (8%) e Centro Oeste (7%). [..JEntre os
entrevistados que se consideram gamers, cerca de 80% disseram que os
jogos são uma opção de entretenimento, diversão e passatempo. [...] Cerca de
40% dos gamers afirmaram que acompanham os eSports, especialmente os
homens mais jovens, com idade de até 24 anos (4 EM CADA, 2020, não
paginado).
7
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Marcelo Tavares, fundador e CEO da Brasil Game Show, relatou que o objetivo desta pesquisa encomendada
pela Brasil Game Show foi obter dados sobre o mercado brasileiro de modo a conhecer seu potencial e
poder identificar oportunidades para os que no Brasil e no exterior se interessam por este mercado.
Marcelo Tavares informa que antes da pandemia um terço dos jogadores tinham o hábito de jogar
todos os dias, sendo o consumo semanal médio igual a 11,5 horas, dados estes, que segundo ele, devem
crescer como consequência dos novos hábitos durante a pandemia do Covid-19.
3. METODOLOGIA
Para caracterizar e entender o mercado de eSports no Brasil de diferentes pontos de vista, foram realizadas
três entrevistas e duas pesquisas por meio de questionários, um específico para entusiastas brasileiros de
esporte eletrônico e outro para ex-jogadores e atuais jogadores profissionais nacionais. Tanto os roteiros das
entrevistas, quanto as elaborações dos questionários foram baseados na revisão da literatura.
Os entrevistados foram um narrador de eSport, um ex-diretor de uma grande organização de esporte
eletrônico brasileira e um jogador profissional de Valorant, sendo que os três assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para o participante da pesquisa.
Foram respeitadas as recomendações éticas durante a realização das pesquisas, tanto na aplicação
dos questionários, quanto na execução das entrevistas. Os roteiros de perguntas a serem discutidas nas
entrevistas foram pré-estabelecidos, sendo as entrevistas conduzidas de maneira informal, portanto,
apesar das perguntas seguirem uma ordem dentro do roteiro, acabaram sendo realizadas conforme o
tema era abordado.
O questionário foi criado utilizando-se a ferramenta do Google Forms e separava os pesquisados de
acordo com o tipo de respondente, sendo eles: o entusiasta (torcedor comum), aquele que já foi um
profissional, mas que hoje não é mais e o atual profissional do esporte eletrônico. Para que fosse possível
incluir os três perfis, foi criada uma pesquisa para cada tipo de pesquisado, utilizando-se a
ferramenta do Google Forms com algumas condicionais em perguntas chaves que, de acordo com a
resposta dada, fazia o pesquisado seguir por um caminho específico do questionário que abordava
tanto variáveis de caracterização dos participantes da pesquisa, quanto informações básicas, hábitos e
envolvimento com os eSports.
Os questionários foram disponibilizados entre os meses de setembro e novembro de 2020 e divulgados
por meio de redes sociais como Twitter, Instagram, Facebook e WhatsApp, utilizando amigos e colegas
das redes, além de grupos específicos focados em esporte eletrônico. O questionário continha um cabeçalho
no qual havia uma explicação sobre a pesquisa e seus objetivos. Por motivos éticos e funcionais, caso a
pessoa que iria responder o questionário assinalasse a opção de que tinha menos de 18 anos ou que
nunca havia acompanhado esporte eletrônico, o questionário finalizava automaticamente com uma
mensagem de agradecimento.
Os dados provenientes da pesquisa com os jogadores e entusiastas de eSports foram consolidados,
sendo então realizada uma análise descritiva por meio de cálculo de porcentagens, medidas de posição
e de variabilidade, bem como construídos gráficos de intervalo. Também foram calculados intervalos com
95% de confiança para médias e proporções de interesse.
A validade interna de cada amostra foi testada por meio do cálculo do coeficiente alfa de Cronbach, o
qual, para que não se rejeite a hipótese de que há confiabilidade nas medidas, deve resultar no
mínimo igual a 0.70 (HORA; MONTEIRO; ARICA, 2010).
Para testar se houve independência entre duas variáveis foi utilizado o teste Qui-Quadrado de
independência. Quando não satisfeitas as condições para seu uso, foram agrupados níveis de cada
variável. Se para apenas dois níveis para cada variável não foi possível fazer o teste Qui-Quadrado de
independência, realizou-se o teste exato de Fisher (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2008).
Para testar se houve igualdade nas relevâncias médias atribuídas ou nas frequências médias de consumo
atribuídas foi utilizado o teste não paramétrico de Friedman, tendo os respondentes como bloco (SIEGEL;
CASTELLAN JR, 2008).
Para cálculo de intervalos de confiança para proporção na pesquisa com os entusiastas foi utilizada a
aproximação pela distribuição Normal. Já na pesquisa com os jogadores, devido ao pequeno
tamanho da amostra, usou-se o método Exato.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quando o objetivo foi testar se uma média era superior a determinado valor utilizou-se o teste t-de-Student
(MONTGOMERY; RUNGER, 2018).
Para comparação de duas médias foi utilizado o teste t-de-Sudent que supõe para seu uso ou que cada
amostra tenha tamanho no mínimo 30, ou que a variável do grupo com tamanho inferior a 30 tenha
aderência à distribuição Normal. Para utilização do teste t-de-Student foi testada a aderência das variáveis
de cada grupo à distribuição Normal, de modo que pudesse ser escolhido o teste correto para comparação
das variâncias das variáveis nos dois grupos: teste F quando houve aderência à Normal nos dois
grupos e teste de Levene caso contrário. A seguir foi realizado o teste t-de-Student, adotando-se ou não a
suposição de igualdade de variâncias (MONTGOMERY; RUNGER, 2018).
Para comparação de duas proporções, devido ao tamanho das amostras ser pequeno, utilizou- se o teste
não paramétrico exato de Fisher (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2008).
Todos os testes de hipótese foram realizados adotando-se um nível de significância igual a 5%, sendo então
rejeitadas as hipóteses cujo nível descritivo do teste de hipótese (valor-p) foiinferior a 0,05.
Para realização dos testes de independência, as frequências com que se acompanhava o eSport foi agrupada
como pouco e moderadamente e como muito ou sempre. Também as idades foram agrupadas em menos de 28
anos e 28 anos ou mais. Esta idade foi estabelecida pois é próxima e anterior a 28,6 anos que era, segundo
Barcellos (2019), a idade média de entrada no mercado de trabalho formal em 2017, considerando não
somente o segmento de eSports.
Aanálise estatística dos dados foi realizada com o auxílio do Minitab Statistical Program v.19.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas entrevistas com três profissionais de eSports no Brasil, um jogador, um locutor e um
ex-diretor de eSports e pesquisas com entusiastas, jogadores e ex-jogadores de eSport.
4.1. AS ENTREVISTAS
Com o objetivo de ter a visão do ponto de vista de um atleta profissional do esporte eletrônico, foi realizada
uma entrevista com o atleta Leandro “frzgod” Gomes, de 20 anos, que hoje atua na modalidade
Valorant, pela organização B4 eSports.
Apesar de atuar, no momento da pesquisa, no Valorant, Leandro começou, quando mais jovem,
jogando Team Fortress 2 apenas por diversão e, sendo competitivo e sabendo da existência de torneios,
decidiu se aproximar dessa área. Mais tarde, já no jogo Paladins, sua carreira começou a crescer. Com
16 anos, ainda no ensino médio, jogou seu primeiro campeonato presencial. Nesta ocasião seus pais
começaram a entender a dimensão do esporte eletrônico, pois o campeão deste torneio, conquistaria
uma vaga para disputar outro campeonato, em Barcelona, na Espanha.
Durante o início de carreira, os maiores obstáculos para se tornar um profissional de sucesso foram: o
apoio dos pais que diziam se preocupar com a educação e conciliar sua carreira com os estudos, uma
vez que por um lado, em semanas de campeonato, precisava treinar até tarde, e por outro lado tinha que
dormir cedo, pois tinha aulas no colégio pela manhã, além de precisar estudar para provas e se preparar
para os vestibulares.
A falta de conhecimento geral sobre esse mercado justifica, em parte, a preocupação dos pais com jovens
que têm o desejo de ingressar na área, sendo este um dos entraves para que alguém se torne um atleta
profissional de eSports no Brasil.
Ainda com 16 anos e, jogando presencialmente no Brasil, porém pela organização Multi- regional
Spacestation Gaming, Leandro foi jogar um campeonato internacional, mas não conquistou o título,
ficando ciente de que as equipes internacionais eram superiores. As equipes nacionais conseguiam
avançar nos torneios, porém, sempre faltava algo para atingir os objetivos. No mesmo ano, a organização
enxergou o potencial na equipe que era composta por brasileiros e decidiu investir mais e os levaram para
morar em Atlanta, onde disputaram uma liga oficial, criada pela Hi-Rez Studios, produtora do game,
contra os melhores times do mundo. De acordo com Leandro, tendo um investimento maior, morando nos
Estados Unidos da América e treinando contra equipes de lá, a equipe nacional tornou-se ainda mais
competitiva, destacando o potencial do jogador brasileiro e mostrando como o investimento auxilia
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
atingir os resultados esperados.
O entrevistado, depois de um tempo no Paladins, viu com o lançamento do Valorant, uma oportunidade
de entrar em um mercado mais estruturado, pois a produtora do jogo é a Riot Games, que produz
também o League of Legends, que como já citado, é um dos jogos mais consumidos pelos brasileiros.
Leandro afirmou que, em média, treina de 7 a 8 horas por dia em equipe, além de horas extras para treino
individual. Fora os treinos, geralmente aos finais de semana, existem os torneios que contribuem com
a maior parte dos ganhos dos jogadores, visto que neles há premiações que ocorrem de acordo com a
classificação da equipe no campeonato.
Visando ter o entendimento sobre os bastidores das competições e de como é realizado o trabalho de
transmissão de um evento, foi realizada uma entrevista com Juliano Marcatto, narrador e apresentador do
e-SporTV na qual foi abordado o cenário de profissionalização para quem trabalha nos bastidores dos
eventos, incluindo a atuação de alguns patrocinadores e pontos sobre o ramo e os profissionais da área.
Sobre transmissões, de modo geral, foi ressaltado que faltam profissionais especializados em esporte
eletrônico. Por ser uma programação recente, principalmente na televisão, muitas pessoas que participam
da transmissão não têm muita experiência com eSports, sendo este mercado possível de maiores
explorações.
De acordo com Juliano, os níveis de audiência atingidos pelos canais SporTV, da Globo, quando
transmitem eSports, já se igualam ou superam alguns eventos esportivos tradicionais. Tal informação
vem ao encontro do que afirmou Valentim, diretor de eSports e games da Globo (MAGATTI, 2020).
Juliano também afirmou que houve aumento de público e de engajamento dos fãs como consequência da
maior quantidade de pessoas em casa devido à pandemia do Covid 19.
Na entrevista com o ex-diretor do segmento de eSports do Corinthians, Fernando Hamuche, foram ressaltados os
pontos mais relevantes em relação aos negócios. Hamuche afirmou não ter precisado de uma formação
específica para entrar no ramo do eSports, porém, sendo este ramo de atuação novo, sua formação em
direito acabou por auxiliá-lo em assuntos de natureza jurídica. Seus conhecimentos contribuíram para
que chegasse aonde chegou. Hamuche ressaltou que, mesmo hoje, não é comum cursos de graduação ou pós
focados abordarem em seus conteúdos este mercado. Além disso, são raros os casos de pessoas que buscam
uma formação específica para tentar ingressar nessa área.
Hamuche ressaltou que ainda não há lei específica para esporte eletrônico no Brasil. Ele comentou
que apesar de abrir margem para interpretação, as leis direcionadas aos esportes tradicionais não citam
os eSports. Um exemplo, seria a Lei Pelé, que apesar de não citar os eSports, é utilizada como base neste
mercado.
O ex-diretor do segmento de eSports do Corinthians afirmou que as equipes brasileiras de eSports não
recebem o mesmo apoio que as equipes do exterior, pois, de acordo com ele, muitas empresas ainda
não se sentem confortáveis em investir muito dinheiro neste ramo, estando o Brasil neste quesito muito
atrás dos Estados Unidos da América e da Europa.
4.2. A PESQUISA COM ENTUSIASTAS DE ESPORTS
Esta pesquisa foi realizada entre os meses de outubro e novembro de 2020, sendo pesquisados entusiastas
de eSports. A amostra resultou em 250 respostas obtidas em todas as regiões do Brasil.
A validade interna do instrumento de pesquisa foi confirmada, uma vez que o coeficiente alpha de
Cronbach foi igual a 0,8315.
Na realidade houve 331 respostas para o questionário para os entusiastas, porém 81 dos
respondentes assinalaram que não acompanhavam (assistiam ou praticavam) algum esporte eletrônico
(eSport), sendo assim descartados da amostra final que resultou em 250 respostas.
Verificou-se que 94,35% (L.C. = [91,48;97,22] %) dos pesquisados eram do sexo masculino. A idade média foi de
21,16 anos (LC. = [21,215; 22,009] anos) com idade mínima igual a 18 anos e máxima igual a 39 anos. Com
respeito à escolaridade a composição da amostra foi de 0,40% de respondentes com ensino fundamental
completo ou incompleto, 26,00% com ensino médio completo ou incompleto, 68,40% com ensino superior
completo ou incompleto e 5,20% com pós-graduação completa ou incompleta.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quanto à moradia, foi dividido entre São Paulo e demais estados do Brasil devido à grande concentração
das respostas obtidas na região de São Paulo. Foi observado que 67,20% dos respondentes residiam em São
Paulo enquanto os restantes 32,80% residiam nos demais estados do Brasil, a saber: Alagoas (0,40%), Bahia
(1,2%), Ceará (1,2%), Distrito Federal, (0,80%), Espírito Santo (0,80%), Goiás (1,20%), Maranhão (0,40%),
Mato Grosso do Sul (1,60%), Minas Gerais (4,40%), Pará (1,20%), Paraná(8,00%), Pernambuco
(2,00%), Piauí (0,40%), Rio de Janeiro (4,80%) e Rio Grande do Sul (4,00%), além de respostas de
brasileiros que residem atualmente fora do país (0,40%).
A renda domiciliar mensal dos pesquisados, em salários-mínimos (s.m.) vigentes na época da pesquisa, foi
respectivamente a até 2 s.m., mais de 2 até 5 s.m,, mais de 5 até 10 s.m., mais de 10 até 20 s.m. e mais de 20
s.m. para 15,60%, 26,80%, 24,80%, 18,40% e 14,40% da amostra.
As formas assinaladas para conhecimento dos eSports foram: 38,3% conheceu por meio de plataformas
de streaming, 34,7% por meio de amigos e familiares, 16,9% por meio de marketing do próprio jogo e os
restantes 10,1% por outros meios.
Os pesquisados foram questionados se já haviam comparecido a algum evento presencial cujo foco fosse
algum torneio de esporte eletrônico. Obteve-se que 28,80% (LC. = [23,19%;34,44%]) responderam
que sim, sendo que, dentre esses que já compareceram, 84,72% vão em média 1 vez ao ano, 9,72% vão em
média de 2 a 4 vezes ao ano e 5,56% vão, em média, mais de 4 vezes ao ano. Também, entre os que já
foram à torneios, 59,72% (LC. = [48,39%;71,05%]) informaram que gastaram dinheiro (sem contar
gastos com ingresso, alimentação, transporte e estadia) nestes eventos. O valor gasto, para 67,44% dos
pesquisados foi até R$200,00, 20,93% entre R$201,00 até R$350,00, 4,65% de R$351,00 até R$500,00 e
6,98% já gastaram mais de R$500,00.
Dentre os entusiastas que responderam nunca ter ido à algum evento, 73,03% (LC. = [66,51%;79,55%])
disseram que pretendem ir à algum evento e que, dentre os principais motivos apontados para não ter
comparecido estão: a distância com 54,61% (L.€. = [46,05%;63,17%]), o custo do ingresso com 35,38% (LC.
= [27,17%;43,60%]) e custos extras como alimentação, transporte e estadia com 31,54% (LC. =
[23,55%;39,53%]). Ressalta-se que para esta questão era possível selecionar mais de um motivo.
Atribuído o grau de importância aos motivos que levaram os pesquisados a assistir uma partida de
eSports, foi usada a seguinte escala: 1 = nada relevante, 2 = pouco relevante, 3 = relevância moderada, 4 =
muito relevante e 5 = totalmente relevante. Para a frequência de consumo de jogos eletrônicos, de uso
de meios para acompanhar os eSports e de consumo de eSports e demais esportes usou-se a escala: 1 =
nunca, 2 = pouco, 3 = moderadamente, 4 = muito e 5 = sempre.
O teste de Friedman rejeitou a hipótese de igualdade entre as médias atribuídas a todas as
características observadas (p = 0,000). A Figura 1 ilustra os resultados encontrados apresentando as
médias e seus respectivos intervalos de confiança.
No que tange à relevância para motivar a assistir eSports, foi verificado uma importância maior da
modalidade ou jogo que será transmitido, com uma média igual a 4,47 (entre muito e totalmente
relevante) e mediana igual a 5 (totalmente relevante). Realizado o teste t-de-Student para relevância
média, constatou-se ser tal importância superior a 3,5, isto é superior a moderada, para modalidade ou jogo
que será transmitido (média = 4,47 e p = 0,000), equipes que estão jogando (média = 3,67 e p = 0,007),
importância da partida em questão (média = 3,79 e p = 0,000), qualidade da transmissão (média= 3,88 e p =
0,000). Somente o console (média = 2,36 e p = 1,000) e a plataforma na qual a partida está sendo transmitida
(média = 3,28 e p = 0,999) mostraram ter relevância média no máximo moderada.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 1 - Gráfico conjunto de relevância das motivações para assistir um eSport, frequência de consumo
de jogos eletrônicos, de uso de meios para acompanhar os eSports e de consumo de eSports e demais
esportes
Relevancia para te motivar a assistir uma partida de eSport Frequência de consumo de jogos eletrônicos
IC de 95% para a Média IC de 95% para a Média
Relevância
Frequência
Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos. Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos.
Frequência de uso de meios para acompanhar os eSports Frequência de consumo de eSports e demais esportes
IC de 95% para a Média IC de 95% para a Média
Frequência
º e º
e e e e
T
Ny o
> o =; a?
AE
*
Frequência
YouTube Twitch Facebook Televisão
Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos. Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos.
Fonte: Autoria própria (2020).
No âmbito dos jogos atuais mais praticados no eSports, foi perguntado a frequência de consumo
(assistir ou jogar) para os seguintes jogos: League of Legends,CS:GO, Rainbow Six, Free Fire, PUBG, FIFA,
DOTA, Call of Duty, Hearthstone, Valorants, Fortnite, Clash Royale e Mortal Kombat. As maiores
frequências indicadas foram para LoL com uma média de 3,18 (entre moderadamente e muito) e uma
mediana de 3 (moderadamente) e CSGO com uma média de 2,44 (entre pouco e moderadamente) e
mediana 2 (pouco). Cabe destacar que, havendo uma grande oferta de jogos diferentes, existe uma
tendência de diversificação no consumo de jogos, levando a se obter frequências médias menores para
consumo de cada jogo específico.
Conforme análise descritiva do gráfico, no quesito plataforma, verificou-se uma predominância de
respostas com preferência nas plataformas Youtube e Twitch com a uma média de respostas muito
próximas entre elas. A Twitch teve uma média 3,34, com uma mediana de 3, enquanto o Youtube teve uma
média de 3,36 e uma mediana também igual a 3.
Na frequência de acompanhamento de esportes, foram considerados o automobilismo, o baseball, o basquete, os
eSports, o futebol, o futebol americano, o handebol, o tênis e o vôlei. A análise descritiva do gráfico indicou que
pessoas que acompanham eSports, também acompanham outros esportes, com destaque para o futebol que
teve uma média de frequência de 3,15 e mediana 3, ficando apenas atrás dos eSports, que atingiu uma
frequência média de 3,65 e mediana 4. Ressalta-se que era esperado uma maior frequência de consumo para os
eSports uma vez que esta era das condições de inclusão na amostra.
Foi constatado que 80,80% (LC. = [75,91; 85,68] %) dos pesquisados jogam eSports ou por hobby ou
competitivo. Quanto aos interessados em seguir carreira, foi observado que 47,60% (LC. = [41,41;
53,79] %) já pensaram em seguir carreira em alguma modalidade de jogo. Destes que quiseram
seguir carreira, observou-se que o motivo de não terem seguido foi para 61,34% (LC. =
[52,60%;70,09%]) por dificuldade de ingressar na carreira, para 54,62% (I.C€. = [45,67%;63,57%]) por
dificuldade de obter sucesso e para 36,13% (I.€. = [27,50%;44,77%]) por pressão de família. Ressalta-
se que nesta questão era possível selecionar mais de uma opção.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Com o objetivo de verificar a independência ou não da variável frequência com que acompanha eSports e
diversas variáveis de interesse, foram realizados testes de independência Qui-Quadrado ou de Fisher. Por
limitação de espaço aqui só serão comentados alguns resultados de interesse.
A variável frequência do participante da pesquisa acompanhar eSports ser muito ou sempre foi
independente de ter 28 anos ou mais (p = 0,436), residir no estado de São Paulo (p = 0,892),
escolaridade (p = 0,416) e sexo (p = 0,813).
Houve dependência entre a variável frequência com que acompanha algum eSport e as variáveis:
frequência de uso do Youtube (p = 0,000), frequência de uso do Twitch (p = 0,000) e frequência de uso
do Facebook (p = 0,002), renda familiar (p = 0,020), ter pensado em seguir carreira no esporte eletrônico (p =
0,000), já ter ido a torneio presencial (p = 0,000), jogar mais eSports em torneios amadores (p = 0,001) e
praticar em média algum eSport por 10 horas ou mais (p = 0,000).
Tem-se que, proporcionalmente, quem acompanha muito ou sempre eSports utiliza mais o Youtube e o
Twitch na frequência sempre e quem acompanha pouco eSports utiliza mais o Youtube e o Twitch na
frequência pouco. Ressalta-se que não houve respondente que assinalou nunca tanto para uso do
Youtube quanto para uso do Twitch. Já quem acompanha pouco eSports, proporcionalmente, com
maior frequência nunca usa o Facebook.
Também proporcionalmente, quem acompanha muito ou sempre eSports têm mais renda familiar superior a 20
salários-mínimos e menos entre 5 e 10 salários-mínimos, pensou mais em seguir carreira no Esporte Eletrônico,
já foi mais à tomeios presenciais, joga mais eSports em campeonatos amadores e pratica mais algum eSport em
média em tempo no mínimo de 10 horas semanais.
A seguir estão relatadas relações de dependência da variável ir a torneios presenciais. Quem vai a
torneiros presenciais, proporcionalmente, acompanhar mais eSports na frequência muito ou sempre (p =
0,000), residir mais no estado de São Paulo (p = 0,10), usa mais o Twitch na frequência sempre (p = 0,000),
joga mais eSports em torneios amadores (p = 0,000) e pensou mais em seguir carreira no Esporte
Eletrônico (p = 0,031).
A variável renda foi dependente de jogar eSports em torneios amadores e número médio de horas de
prática de eSports. Proporcionalmente, quem tem renda familiar acima de 20 salários- mínimos e
joga mais em campeonatos amadores (p = 0,000). Já quem tem renda de até 10 salários- mínimos, pratica
menos em média no mínimo 14 horas semanais de algum eSport (p = 0,029).
Finalmente, quem pratica em média menos de 5 horas semanais de um eSport, proporcionalmente, pensou
menos em seguir carreira no Esporte Eletrônico (p = 0,018) e quem pratica em média 14 horas semanais ou
mais de um eSport tem proporcionalmente mais até ensino médio completo (p = 0,025).
A variável frequência com que já pensou em seguir carreira foi independente das seguintes variáveis:
pessoas com ter 28 anos ou mais (p = 0,359), sexo (p = 0,693), morar no estado de São Paulo (p =
0,993), escolaridade (p = 0,153) e renda familiar (p = 0,106).
Para pessoas que praticam eSports, foram dadas 3 opções de resposta: não pratica eSport; sim, jogo por
hobby e sim, jogo em campeonatos amadores, sendo verificada a independência com as seguintes
variáveis: Ter 28 anos ou mais (p = 0,736), sexo (p = 0,733), escolaridade (p = 0,091) e estado no qual
reside (p = 0,343).
Para a quantidade de horas semanais jogadas pelos pesquisados, constatou-se independência com as
variáveis praticar até 5 h semanais e: ter 28 anos ou mais (p = 0,508), sexo (p = 0,508), morar no estado de
São Paulo (p = 0,435) e já foi a algum torneio presencial (p = 0,084).
Para entusiastas que já foram a algum evento, constatou-se a independência com seguintes variáveis:
sexo (p = 0,362), ter 28 anos ou mais (p = 0,763), grau de escolaridade (p = 0,361), renda familiar (p =
0,321) e da plataforma utilizada ser o Youtube (p = 0,232).
4.3. A PESQUISA COM JOGADORES DE ESPORTS
Esta pesquisa também foi realizada entre os meses de outubro e novembro de 2020, tendo a amostra 33
respostas obtidas em todas as regiões do Brasil.
Verificou-se que 84,48% (LC. = [68,10;94,89] %) dos pesquisados são do sexo masculino. A idade média foi
de 21,94 anos (LC. = [21,05; 22,83] anos) com idade mínima igual a 18 anos e máxima igual a 27 anos. Com
respeito à escolaridade, a composição da amostra foi: 42,44% com ensino médio completo ou incompleto,
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
48,48% com ensino superior completo ou incompleto e 9,09% com pós- graduação completa ou
incompleta. Dentre os cursos que mais apareceram, vale destacar Engenharia (21,1%), Economia e
Contabilidade (10,5%) e Análise e Desenvolvimento de Sistemas (10,5%).
Com relação aos Estados nos quais os profissionais pesquisados residem, foi observado que 57,58% dos
respondentes residem em São Paulo enquanto os restantes 42,42% residem nos demais estados do
Brasil, a saber: Distrito Federal, (3,03%), Minas Gerais (12,12%), Paraná (12,12%), Rio de Janeiro
(3,03%), Rio Grande do Sul (3,03%), Rondônia (3,03%) e Santa Catarina (6,06%).
A renda domiciliar mensal dos pesquisados, em salários-mínimos (s.m.) vigentes na época da pesquisa, foi
respectivamente igual a até 2 s.m., mais de 2 até 5 s.m., mais de 5 até 10 s.m., mais de 10 até 20 s.m. e
mais de 20 s.m. para 24,24%, 27,27%, 36,36%, 6,06% e 6,06% da amostra.
Dentre as opções disponíveis, sobre como os pesquisados conheceram o esporte eletrônico, 18,18%
disseram que conheceram por meio de plataformas de streaming, 63,64% por meio de amigos e familiares,
6,06% por meio de marketing do próprio jogo e os restantes 12,12% por outros meios.
Foi observado que a idade média em que os jogadores profissionais iniciaram sua carreira é de 18,12 anos
(LC. = [16,94; 19,36] anos) com desvio padrão de 3,04 e, idade mínima de 12 e máxima de 26. Também foi
constatado que em média, os jogadores levaram 6,81 anos (LC. = [4,95; 8,68] anos) desde que iniciaram em um
jogo até chegar ao nível profissional, com um desvio padrão de 6,26.
Atribuído o grau de importância aos motivos que levaram os respondentes a escolher o jogo que pratica, foi
usada a seguinte escala: 1 = nada relevante, 2 = pouco relevante, 3 = relevância moderada, 4 = muito relevante e
5 = totalmente relevante. Foram realizados testes t-de-Student com a finalidade de testar se a relevância média
de cada quesito era no máximo 3,5, o que corresponde a relevância moderada. Os quesitos considerados com
relevância superior a moderada foram: tipo do jogo (média = 4,52 e p = 0,000) e tamanho da comunidade (média
= 4,06 e p = 0,003). Os resultados para os demais quesitos foram: fama do jogo (média = 3,58 e p = 0,368) e o
equipamento utilizado para praticá-lo (média = 3,91 e p = 0,064).
As pesquisas mostraram que 63,63% (LC. = [45,12%; 79,59%]) dos profissionais pesquisados já tinham como
objetivo se tornar profissionais desde que começaram a jogar. Foi informado também, por 66,66% (LC. =
[48,17%; 82,04%]) dos pesquisados que jogam profissionalmente que esta era sua única atividade profissional.
Daqueles que possuem outro trabalho, a maioria trabalha com streams (18,2%), algo que indiretamente está
ligado com a área. Outras profissões são: programadores, vendedores, designer, controladoria, contabilidade,
engenheiro mecânico e desenvolvedor, todos com 9,1% das respostas cada.
Pode-se verificar com a pesquisa, que, em média, esses profissionais, trabalhavam 5,51 (LC. = [4,88; 6,14]) dias na
semana, sendo que 15,15% praticavam 3 horas diárias ou menos, 6,06% praticavam mais de 3 até 6 horas diárias,
21,21% mais de 6 até 8 horas diárias e 57,58% praticavam mais de 8 horas diariamente.
A fim de identificar a faixa salarial de jogadores profissionais, foi perguntado qual era a remuneração
mensal de cada um dos pesquisados e os resultados foram: 57,58% recebiam até 2 s.m., 15,15% mais de 2
até 5 s.m. e 27,27% dos pesquisados optaram por não responder.
Verificou-se que, em média, 69,70% (LC. = [53,15%;83,25%]) dos pesquisados representavam uma
organização profissional. Quanto aos patrocínios próprios, 42,42% (LC. = [24,63%;60,22%] eram
patrocinados por alguma marca relevante do mercado.
Sobre os principais desafios e obstáculos que estes profissionais enfrentaram e enfrentam durante
sua carreira, a pesquisa apontou a pressão da família e sociedade e a remuneração da área, com 76,76%
(.C. = [57,74%;88,91%]) e 72,72% (LC. = [54,47%;86,70%]) respectivamente. Vale ressaltar, que era
possível marcar mais de um motivo para esta pergunta.
4.4. A PESQUISA COM EX-JOGADORES DE ESPORTES
Esta pesquisa também foi realizada entre os meses de outubro e novembro de 2020, tendo a amostra 22
respostas obtidas em todas as regiões do Brasil.
Verificou-se que 86,36% (1.C. = [65,09;97,09] %) dos pesquisados são do sexo masculino. A idade média
foi de 22,68 anos (LC. = [20,79; 24,57] anos), com idade mínima igual a 18 anos e máxima igual a 33
anos. Com respeito à escolaridade, a composição da amostra foi: 4,55% com fundamental completo ou
menos, 18,18% com ensino médio completo ou incompleto, 63,64% com ensino superior completo ou
incompleto e 13,64% com pós-graduação completa ou incompleta. Dentre os cursos que mais
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
apareceram, vale destacar Engenharia (41,16%), Publicidade e Propaganda (11,76%), Psicologia
(11,76%) e Odontologia, Sistemas da Informação, Audiovisual, Comércio Exterior, Criação Digital e
Administração, cada um com 5,88%.
Em relação aos estados onde os ex-jogadores profissionais participantes da pesquisa moravam, tem-se
que 36,36% dos respondentes residiam em São Paulo, 22,73% no Rio de Janeiro, 13,64% no Rio Grande
do Sul, 9,09%, no Paraná, 4,55% no Espírito Santo, 4,55% no Mato Grosso do Sul, 4,55% em Minas Gerais
e 4,55% no Rio Grande do Norte.
A renda domiciliar mensal dos pesquisados, em salários-mínimos (s.m.) vigentes na época da pesquisa, foi
respectivamente igual a até 2 s.m., mais de 2 até 5 s.m,, mais de 5 até 10 s.m., mais de 10 até 20 s.m. e
mais de 20 s.m. para 9,09%, 45,45%, 13,64%, 9,09%, 22,73% da amostra.
Dentre as opções disponíveis, sobre como os pesquisados conheceram o esporte eletrônico, 59,1%
conheceram por meio de família e amigos, 31,8% pelo marketing do jogo, 18,2% por meio de
influenciadores digitais, 13,6% por plataformas de streaming, 9,1% por meio do Google, 9,1%
começou jogando por diversão e acabou conhecendo por pessoas de dentro do jogo e 4,5% por meio de
Redes Sociais. Ressalta-se que para essa pergunta era possível selecionar mais de uma das opções.
Aidade média com que os pesquisados iniciaram sua carreira foi de 16,41 anos (LC. = [15,69; 17,13] anos)
com desvio padrão de 1,62, idade mínima de 14 e máxima de 21. Também foi constatado que em média,
levaram 3,55 anos (LC. = [2,54; 4,55] anos) desde que iniciaram em um jogo até chegar ao nível
profissional, com um desvio padrão de 2,26.
Atribuído o grau de importância aos motivos que levaram os respondentes a escolher o jogo que
praticavam, foi usada a seguinte escala: 1 = nada relevante, 2 = pouco relevante, 3 = relevância moderada,
4 = muito relevante e 5 = totalmente relevante. Foram realizados testes t-de-Student com a finalidade de
testar se a importância média de cada quesito era no máximo 3,5, o que corresponde a relevância
moderada. Nenhum dos quesitos alcançou uma média grande o suficiente para ser considerado
superior à relevância moderada, a saber: tipo do jogo (média = 3,96 e p = 0,061), equipamento
utilizado para praticá-lo (média = 3,68 e p = 0,237), tamanho da comunidade (média = 3,68 e p = 0,269) e
fama do jogo (média = 3,41 e p = 0,621).
As pesquisas mostraram que apenas 22,73% (LC. = [7,82; 45,37]%) dos ex-profissionais pesquisados
tinham o objetivo de se tornar profissional quando começaram a jogar. Dentre os motivos indicados para
não ter como objetivo se tornar um profissional estavam: não achar que era uma possibilidade
(88,2%), não ter incentivo da família (47,1%), falta de tempo (35,3%) falta de dinheiro (29,4%), falta de
interesse (5,9%) e outros (5,9%). Ressalta-se que para essa pergunta era possível selecionar mais de
uma das opções.
Foi informado também, por 68,18% (LC. = [45,13; 86,14]%) dos pesquisados que jogavam
profissionalmente tinham esta como sua única atividade profissional. Dentre os que possuíam outro
trabalho, foram indicadas as seguintes atividades: estagiário, gestor, funcionário de empresa,
recepcionista, feirante, representante comercial e trabalhos com eventos musicais, todos com 14,3%.
Pode-se verificar com a pesquisa, que, em média, na época em que atuavam profissionalmente, trabalhavam
em média 5,63 (LC. = [4,92; 6,35]) dias na semana, sendo que 27,27% praticavam mais de 3 até 6 horas diárias,
45,45% mais de 6 até 8 horas diárias e 27,27% praticavam mais de 8 horas diariamente.
A fim de identificar a faixa salarial desses ex-profissionais, foi perguntado qual era a remuneração mensal
de cada um dos pesquisados e os resultados foram: 54,55% recebiam até 2 s.m., 9,09% mais de 5 até 10 s.m.
e 36,36% dos pesquisados optaram por não responder.
Verificou-se que, em média, 50,00% (LC. = [28,22; 71,78]%) dos pesquisados representavam uma
organização profissional. Quanto aos patrocínios próprios, 27,27% (LC. = [10,73; 50,22]%) eram
patrocinados por alguma marca relevante do mercado.
Os principais motivos que levaram tais profissionais a desistirem da carreira de jogador de Esport
apontados foram: dificuldade em se obter sucesso, com 45,45% (LC. = [24,39; 67,79]%), se considerarem
velhos para seguir na carreira com 45,45% (LC. = [24,39; 67,79]%), falta de incentivo familiar com 36,36%
(L.C. = [17,20; 59,34]%), falta de tempo com 22,72% (LC. = [7,82; 45,37]%), custo de equipamento com
9,09% (LC. = [1,12; 29,16]%) e outros motivos com 13,63% (LC. = [2,91; 34,91]%). Ressalta-se que era
possível assinalar mais de um motivo.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
4.5. COMPARAÇÃO DE ALGUMAS VARIÁVEIS DE JOGADORES COM EX-JOGADORES
Para comparar se o grupo de jogadores e o grupo de ex-jogadores tiveram a mesma idade média com
que se profissionalizaram, primeiramente foi realizado o teste de aderência à Normal de Anderson
Darling, tendo sido constatado a aderência nos dois grupos (p = 0,056 e p = 0,058
respectivamente). Foi então realizado um teste F para testar a igualdade das variâncias, sendo esta
hipótese rejeitada (p = 0,001) com variância no grupo dos jogadores igual a 11,63 anos? e no grupo dos
ex-jogadores igual a 2,63 anos?. Finalmente foi então realizado um teste t-de-Student para
comparação de médias sem a suposição de igualdade de variâncias. A hipótese de igualdade das
médias foi rejeitada (p = 0,015) podendo as idades médias com que se profissionalizaram serem
consideradas diferentes, sendo respectivamente iguais a 18,15 e 16,41 para os grupos de jogadores e ex-
jogadores.
Para comparar se o grupo de jogadores e o grupo de ex-jogadores tiveram o mesmo tempo médio entre se
iniciarem em um jogo até chegar ao nível profissional, primeiramente foi realizado o teste de aderência à
Normal de Anderson Darling. Houve aderência à Normal no grupo de ex-jogadores (p = 0,073), porém não houve
aderência para o grupo de jogadores (p = 0,005). Ressalta-se que no grupo de jogadores o tamanho de amostra é
superior a 30, podendo-se supor distribuição Normal para a média. Foi então realizado um teste de Levene para
testar a igualdade das variâncias, sendo esta hipótese rejeitada (p = 0,007) com variância no grupo dos
jogadores igual a 27,72 anos? e no grupo dos ex-jogadores igual a 5,12 anos2. Finalmente realizado um teste
t-de-Student para comparação de médias sem a suposição de igualdade de variâncias. A hipótese de igualdade
das médias foi rejeitada (p = 0,003) podendo os tempos médios entre se iniciarem em um jogo até chegar ao nível
profissional serem considerados diferentes, sendo respectivamente iguais a 6,82 e 3,55 para os grupos de
jogadores e ex-jogadores.
Para comparar se o grupo de jogadores e o grupo de ex-jogadores tiveram a mesma proporção de já ter
como objetivo se tornar profissionais desde que começaram a jogar, foi realizado o teste exato de Fisher,
sendo rejeitada a hipótese de igualdade entre as duas proporções (p = 0,005). As proporções foram
respectivamente iguais a 0,6364 e 0,2273 para os grupos de jogadores e ex-jogadores.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As entrevistas realizadas revelaram que há falta de maiores investimentos no setor, de
profissionais especializados e de uma lei específica para o esporte eletrônico no Brasil. Também foi
exposto que, comparando-se as equipes de eSports daqui e do exterior, as equipes locais recebem
muito menos apoio das empresas nacionais, que ainda não se sentem seguras para fazer maiores
investimentos no setor. Tais dificuldades precisam ser superadas de modo a propiciar um maior
crescimento da indústria de eSports no Brasil. Existe potencial para o crescimento desta indústria, visto
que, mesmo nas condições atuais, pouco favoráveis, as audiências de torneios de eSports já se igualam ou
superam a de alguns eventos esportivos tradicionais.
Levando-se em conta que aproximadamente metade da população online nunca ouviu falar ou não sabe o que é
eSports, conclui-se que há potencial de crescimento deste mercado que pode ser atingido com um aumento nos
investimentos em torneios e principalmente em divulgação, gerando novos consumidores tanto para a área de
entretenimento, quanto para os bens de consumo relacionados aos eSports.
Os aumentos expressivos relatados com respeito ao público entusiasta de eSports, bem como aos prêmios
ofertados nos torneios também levam a crer que há potencial de crescimento neste mercado.
Também a provável aprovação no Senado Federal do projeto de lei nº 68, a Lei Geral do Esporte,
poderá alavancar ainda mais os eSports no Brasil.
As pesquisas realizadas com aplicação dos questionários revelaram que tanto os entusiastas, quanto os
jogadores e os ex-jogadores são em sua maioria homens, jovens, com ensino superior ou pós-graduação,
moradores da região Sudeste, com renda domiciliar entre 2 e 10 salários-mínimos e que conheceram os
eSports por meio de plataformas de streaming ou por meio de amigos e familiares.
Entre os entusiastas de eSports, a maioria nunca foi a torneios presenciais e dentre os que já foram, a
maioria foi em média uma única vez ao ano. Dentre os que não foram a eventos, os principais motivos
apontados foram a distância e os custos envolvidos. Saber onde residem grande parte destes entusiastas,
promovendo torneios perto de onde moram, minimizando assim a distância e os custos envolvidos, pode
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
elevar o patamar de público destes eventos trazendo maior visibilidade e possibilidades de lucro para
este setor.
Foram considerados fatores de motivação para assistir um eSport: a modalidade ou jogo que é transmitido,
as equipes que estão jogando, a importância da partida em questão e a qualidade da transmissão. As
plataformas preferidas para acompanhar os eSports foram Youtube e Twitch. Também foi indicado que a
maioria dos entusiastas pesquisados praticava algum eSport, seja por hobby ou para competir e quase a
metade dele já pensou em seguir carreira em alguma modalidade de eSport, sendo os maiores entraves a
dificuldade de ingressar na carreira e a dificuldade de obter sucesso.
Outro resultado relevante foi que quem acompanha com muita frequência os eSports tem,
proporcionalmente, mais uma renda familiar superior a 20 salários-mínimos, indicando o potencial em
termos de atração de anunciantes.
A pesquisa com os jogadores e ex-jogadores revelou que ex-jogadores se profissionalizaram mais cedo,
quando tinham menos tempo de prática dos jogos e que enquanto a maioria dos jogadores já tinha como
objetivo se tornar profissionais desde que começaram a jogar, entre os ex-jogadores a maioria não tinha
esta pretensão.
Como limitações desta pesquisa aponta-se o pequeno tamanho de amostras de jogadores e de ex- jogadores,
bem como o fato de a amostra para os entusiastas não ter tido validade externa. Como exemplo cita-se a
pequena porcentagem de mulheres na amostra. Também, grande parte dos jogadores que responderam
à pesquisa atuam em um mesmo game. Sendo assim esta pesquisa deve ser encarada como uma pesquisa
exploratória que contribuiu para maior conhecimento de um tema pouco explorado.
Desejava-se também comparar as audiências de eSports com a de esportes tradicionais no Brasil.
Entretanto isto não foi possível uma vez que, embora haja pesquisas patrocinadas por televisões
sobre a audiência de eSports, os direitos sobre estes resultados são reservados.
Sugere-se que futuras pesquisas sobre os eSports no Brasil sejam realizadas a fim de servir como base
para investidores-anjo interessados no assunto, alavancando seu progresso e assim, gerar impactos
positivos para a sociedade.
REFERÊNCIAS
[1] 4 EM CADA 10 brasileiros jogam videogame, diz pesquisa Datafolha/BGS. Drop se Jogos. Diários Associados.
Brasília, 8 ago. 2020. Disponível em: https: //dropsdejogos.uai.com.br /noticias/cultura/4-em-cada-10-brasileiros-
jogam-videogame-diz- pesquisa-datafolha-bgs/. Acesso em: 14 nov. 2020.
[2] BARCELLOS, T. Ingresso no mercado de trabalho formal. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
https://idados.id/posts/7594/ingresso-mercado-de-trabalho-formal. Acesso em: 14 mar. 2020.
[3] BENTO, A. Clubes de futebol e eSports: os times do Brasil que já investiram no competitivo dos games. e-
SporTV, Rio de Janeiro, 16 abr. 2019. Disponível em: https://sportv.globo.com/site/e- sportv /noticia/clubes-de-
futebol-e-esports-os-times-do-brasil-que-ja-investiram-no-competitivo- dos-games.ghtml. Acesso em: 25 maio 2020.
[4] BRASIL. Senado Federal. Atividade legislativa. Brasília, 2020. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br /web /atividade /materias/materia/128465H:-:text=Instituiyo20a%20Lei%20Geral%2
0do%20Esporte%2C%20que%20disp%C3%B5e%20sobre%200,Cultura%20de%20PazW20no%20Esporte.&text=A
%20ferramenta%20de%20Consulta%20P%C3%BAblicaw20est%WC3%AL%20em%2 Omanuten%C3%A7HCI3WA3O.
Acesso em: 21 nov. 2020.
[5] CHIMINAZZO, G.; MARQUES, V. E-sports não é (mais) brincadeira. Isto É Dinheiro, São Paulo, 10 jan. 2020.
Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/e-sports-nao-e-mais-brincadeira/. Acesso em: 10 jun. 2020.
[6] CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESPORTS - CBesS. História do eSports. São Paulo, 2017. Disponível em:
http://cbesports.com.br/esports/historia-do-esports/. Acesso em: 20 mar. 2020.
[7] CORINTHIANS. Corinthians anuncia parceria com Immortals Gaming Club e lança a primeira equipe oficial de
Esports do clube. Agência Corinthians, São Paulo, 2019. Disponível em:
https://www.corinthians.com.br/noticias /corinthians-anuncia-parceria-com-immortals-gaming-club- e-lanca-a- Q
primeira-equipe-oficial-de-esports-do-clube. Acesso em: 20 maio 2020.
[8] COSTA JUNIOR. ]J. €S:GO: ingressos para Blast Pro Series São Paulo esgotam em menos de 4 horas.
(QVersusEsports, 04 fev. 2019. Disponível em: https: //vs.com.br/artigo /csgo-ingressos-para- blast-pro-series-sao-
paulo-esgotam-em-menos-de-4-horas. Acesso em: 05 jun. 2020.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[9] DE BIASE, L. Espots: o império da indústria de games. Transformação Digital, Florianópolis, 20 nov. 2018.
Disponível em: https: //transformacaodigital.com/mercado/esports-o-imperio-da- industria-de-games/
[10] FERNANDEZ, M.; YAMAMOTO NETO, T. Conmebol anuncia aumento nos valores das premiações da Copa
Libertadores de 2020. E-SporTV, GloboEsporte.com, Rio de Janeiro, 17 dez. 2019. Disponível em:
https://globoesporte.globo.com/sp /futebol/libertadores /noticia/conmebol- anuncia-aumento-nos-valores-das-
premiacoes-da-copa-libertadores-de-2020.ghtml. Acesso em: 30 maio 2020.
[11] FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO - FIA. ESports (Esportes Eletrônicos): O que é, História e
Games. São Paulo, 2018. Disponível em: https: //fia.com.br/blog/esports/. Acesso em: 29 mar. 2020.
[12] HORA, H.; MONTEIRO, G.; ARICA, J. Confiabilidade em Questionários para Qualidade: Um Estudo com o
Coeficiente Alfa de Cronbach. Produto & Produção, Rio Grande do Sul: UFRGS, v. 11, n. 2, p. 85-103, jun. 2010.
Disponível em: http://seer.ufrgs.br /ProdutoProducao article /view/9321/8252. Acesso em: 21 nov. 2020.
[13] IGLESIAS, C. Final CBLoL 2019: Flamengo derrota INTZ e é o campeão do 2º split. Techtudo, Rio de Janeiro,
07 set. 2019. Disponível em: https://www-techtudo.com.br /noticias/2019/09/final-cblol-2019-flamengo-derrota-
intz-e-e-o- campeao-do-2-split-esports.ghtml. Acesso em: 25 abr. 2020.
[14] INTEL EXTREME MASTERS. Intel and ESL extend partnership to invest $100 million in esports. Santa Clara,
13 dez.2018. Disponível em: https://www.eslgaming.com/article /intel-and-esl- extend-partnership-invest-100-
million-esports-4150. Acesso em: 20 jun. 2020.
[15] MAGATTI, R. Com olhar estratégico, Globo lucra com eSports e planeja aumentar cobertura. UOL, Notícias da
tv, São Paulo, 23 ago. 2020. Disponível em: https: //noticiasdatv.uol.com.br/noticia/mercado/com-olhar-estrategico-
globo-lucra-com-esportes- eletronicos-e-planeja-aumentar-cobertura-41280. Acesso em: 21 nov. 2020.
[16] MARQUES, R. ESL One Belo Horizonte levou 34,5 mil pessoas ao Mineirinho. ESPN, eSorts, São Paulo, 04 jul.
2018. Disponível em: https://www.espn.com.br /esports/artigo/ /id/4504737/esl- one-belo-horizonte-levou-345-
mil-pessoas-ao-mineirinho. Acesso em: 05 jun. 2020.
[17] MONTGOMERY, D. €.; RUNGER, G. €. Estatística Aplicada e Probabilidade para Engenheiros. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2018.
[18] NEWZOO. 2016 Global Esports Market Report: An Overview ofthe Esports Market & Its Valuable Audience.
São Francisco, 2016. Disponível em:
https://cdn2.hubspot.net/hubfs/700740/Reports/NEWZOO Free 2016 Esports Market Report.pdf. Acesso em: 15
maio 2020.
[19] NEWZOO. Esports in Brazil: key facts, figures and faces. Newzoo & esports bar, São Francisco, 31 dec. 2018.
https://transformacaodigital.com/mercado /esports-o-imperio-da-industria-de-games/. Acesso em: 14 jun. 2020.
[20] NEWZOO. Global Esports Market Report: Key Trends | Market Sizing & Forecasts Special Focus Topics |
Rankings. São Francisco, 2020. Disponível em:
https://resources.newzoo.com/hubfs/Reports/Newzoo Free 2020 Global Esports Market Report.
pdf?utm campaign=Esports%20Market%20Report&utm medium=email& hsmi=83771038& hse nc=p2ANgtz-
-68EwLnk8vOjIncPpLHvDixT OlfodPaLue- hAKdQwZnkDjxmcPIQnfY3SQn2 SpJVnlpp-
FQzdSrQg05rrHkhecp6ow&utm content=83771038&utm source=hs automation. Acesso em: 30 maio 2020.
[21] PREMIAÇÃO do The International de Dota 2 ultrapassa US$ 30 milhões e quebra recorde dos eSports.
SporTV.com, Rio de Janeiro, 21 jul. 2019. Disponível em: https: //sportv.globo.com/site/e- sportv /noticia /premiacao-
do-the-international-de-dota-2-ultrapassa-a-marca-de-r-110-mi-e-bate- recorde-nos-esports.ghtml. Acesso em: 15
maio 2020
[22] REIS, I.S. Análise dos fatores que influenciam o consumo e intenção de uso da plataforma de streaming
Twitch TV no Brasil. 2018. Monografia (Graduação em Administração) - Faculdade de Gestão e Negócios, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br /bitstream/123456789/25709/3/AnaliseFatoresInfluenciam.pdf. Acesso em: 20 jun. 2020.
[23] RIETKERK, R. Newzoo Adjusts 2020 Esports Forecast Slightly: The Coronavirus' Short-Term Impact on the
Esports Market. Newzoo. São Francisco, 2020. Disponível em: https://newzoo.com/insights/articles/newzoo-
coronavirus-impact-on-the-esports-market-business- revenues/. Acesso em: 24 jun. 2020
[24] RONCATE, M. Gastos com videogame atingem recorde durante pandemia. Webitcoin, [s. L.], 2020. Disponível
em: https://webitcoin.com.br /gastos-com-videogame-atingem-recorde-durante- pandemia-17-mai/. Acesso em: 19
jun. 2020.
[25] ROSALINSKI, R. Flamengo no LoL: saiba tudo sobre trajetória do clube no game. saiba tudo sobre trajetória
do clube no game. e-SporTV, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://sportv.globo.com/site/e-
sportv/noticia /flamengo-no-lol-saiba-tudo-sobre-trajetoria-do-clube- no-game.ghtml. Acesso em: 15 jun. 2020.
[26] SANTOS, A. Hoje tem final do CBLoL! Flamengo e INTZ brigam pelo título: evento, que acontece na jeunesse
arena, define quem representará o brasil no mundial de league of legends 2019. Terra. São Paulo, 07 set. 2019.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Disponível em: https://www-.terra.com.br /diversao /games/esports /hoje-tem-final-do-cblol-flamengo-e-intz-brigam-
pelo-titulo,030f958c5a936992b3€ea12746178d7673sw306ht.html. Acesso em: 10 jun. 2020.
[27] SIEGEL, S.; CASTELLAN JR, N.]. Estatística não-paramétrica para ciências do comportamento. Métodos de
Pesquisa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006, reimpressão 2008.
[28] TARTAGLIA, R. Guia do 1º Split do CBLoL 2020: recorde de estrangeiros, times, datas e horários dos jogos.
Sport TV. Rio de Janeiro, 24 jan. 2020. Publicado pelo e-SporTV. Disponível em: https://globoesporte.globo.com/e-
sportv/lol/noticia/guia-do-1o-split-do-cblol-2020-recorde-de- estrangeiros-times-datas-e-horarios-dos-jogos.ghtml.
Acesso em: 10 jun. 2020.
[29] TEIXEIRA, Chandy. Lei Pelé, discussão legal... 4 fatos que talvez você não saiba sobre os e- sports: projeto de
lei que tramita no senado federal abre espaço para o reconhecimento da modalidade como esporte tradicional.
jogadores têm contratos iguais aos do futebol. Projeto de lei que tramita no Senado Federal abre espaço para o
reconhecimento da modalidade como esporte tradicional. Jogadores têm contratos iguais aos do futebol. 2017.
Publicada no SporTV. Disponível em: http://sportv.globo.com/site/games /noticia/2017/04/lei-pele-discussao-legal-
4-fatos-que-talvez- voce-nao-saiba-sobre-os-e-sports.html. Acesso em: 21 nov. 2020.
[30] TIBÚRCIO, M. Corinthians campeão mundial de Free Fire é conquista histórica para clubes brasileiros nos
eSports. e-SporTV, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://sportv.globo.com/site/e-sportv/noticia/corinthians-
campeao-mundial-de-free-fire-e- conquista-historica-para-clubes-brasileiros-nos-esports.ghtml. Acesso em: 15 jun.
2020.
[31] TWITCH confirma venda para amazon por us$ 970 milhões. São Paulo: O Globo, 2014. Disponível em:
http://g1.globo.com/tecnologia /noticia/2014/08/twitch-confirma-venda-para- amazon-por-us-970-milhoes.html.
Acesso em: 04 jun. 2020.
Capítulo 8
Caracterização do investidor brasileiro baseada em
análises estatísticas de bancos de dados públicos!
Marcelo Alves Lima Trad
Rodolfo Amaral
Agostinho Celso Pascalicchio
Paulo Sergio Milano Bernal
Raquel Cymrot
Resumo: A exposição ao risco de investimento, para o aplicador financeiro, está
associada ao seu perfil. Este trabalho tem como objetivo identificar quais variáveis
demográficas e sociais podem caracterizar o perfil dos investidores nas principais
modalidades de investimento, entre renda fixa e variável. Foram analisados dois bancos
de dados públicos, o “raio x do investidor 2019" disponibilizado pela Anbima, no qual
foram pesquisados 3.452 indivíduos com mais de 16 anos pertencentes as classes sociais
A, Be C, e o disponibilizado pela B3 resultante da pesquisa "ecossistema do investidor
brasileiro”, no qual foram pesquisados 1.096 indivíduos com idade entre 16 e 65 anos
pertencentes as classes sociais A e B. Para cada amostra e para compará-las foi feita uma
análise estatística para a totalidade dos dados e para as segmentações dos que
realizaram investimentos em renda fixa e em renda variável. Foram realizados testes
para igualdade de proporções e testes de independência. Concluiu-se que para cada
modalidade de investimento existem variáveis que caracterizam o perfil de seus dos
investidores e que mesmo tendo populações alvo distintas, houve coincidências nos
resultados obtidos na análise das duas pesquisas.
Palavras-chave: Perfil demográfico e social dos investidores; Modalidades de
investimentos; Banco de dados público.
1 Artigo do Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Engenharia de Produção, EE, UPM, São Paulo, 2020.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1 INTRODUÇÃO
Segundo Bodie, Kane e Marcus (2014, p. 1), “Investimento é o comprometimento de dinheiro ou de outros
recursos no presente com a expectativa de colher benefícios futuros.”. Sousa e Dana (2012) afirmam que é
sempre conveniente investir, pois o capital poupado e aplicado no presente pode ser utilizado no futuro
para um gasto emergencial, para obter uma renda extra quando o rendimento mensal diminuir no caso de
uma perda de emprego, para aposentadoria, para aquisição de um imóvel ou realização de um sonho.
Todos sonham com a possibilidade de parar de trabalhar para descansar após anos ininterruptos no
mercado de trabalho e muitos acreditam que a previdência social e o valor acumulado no fundo de
garantia serão o suficiente para custear esta fase da vida. Entretanto, na década de 2010, o Ministério da
Previdência e a Assistência Social (MPAS) apontou que 46% dos brasileiros que se aposentavam ficavam
dependentes de familiares, 25% precisavam continuar no mercado de trabalho, 27% viviam por meio de
caridade e somente 2% dos brasileiros conseguiam se manter sem ajuda externa após a aposentadoria
(BRASIL, [201-7] apud DESSEN, 2015, p. 87-88).
Desde 2002 até a crise de 2008, o mercado de ações brasileiro apresentou uma rentabilidade acima de
400%. Recentemente, no período entre 2011 e 2017, o mercado de capitais voltou a apresentar valores
positivos, tanto quanto os títulos públicos de longo prazo. Porém, mesmo com índices de retorno
expressivos, a maior parte da população brasileira sequer analisou estas modalidades de investimento e
seus similares, seja por falta de conhecimento ou por medo. Assim, optou por alocar seu capital em
aplicações que não apresentam grande rentabilidade, mas trazem uma maior sensação de segurança,
dentre elas destaca-se a Caderneta de Poupança (NIGRO, 2018).
Duas das mais importantes instituições financeiras do país publicaram pesquisas sobre a caracterização
dos investidores brasileiros. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(ANBIMA) publicou a pesquisa “Raio X do Investidor” em 2018, repetindo a pesquisa com poucas
modificações em 2019 e tendo a intenção de que a partir de 2018 esta pesquisa possa gerar um relatório
anual para acompanhamento da evolução do mercado mobiliário e do comportamento dos investidores no
país. A B3 Bolsa de valores publicou em 2019 a pesquisa “Ecossistema do Investidor Brasileiro”
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS, 2018,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS, 2019, B3,
2019).
A primeira pesquisa, publicada pela ANBIMA em 2018, era uma pesquisa quantitativa, realizada pelo
Datafolha em março de 2017. Foram pesquisados 3374 indivíduos, em 152 municípios em todo o Brasil. A
pesquisa teve duração média de 16 minutos e possuía questões de múltipla escolha e declarações
espontâneas. Para confirmação dos dados, foi feita uma checagem pessoal e por telefone, cobrindo no
mínimo 20% dos pesquisados. A margem de erro máxima para o total da amostra ficou em dois pontos
percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95% (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS
ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS, 2018).
A ANBIMA repetiu a pesquisa, realizada pelo Datafolha em novembro de 2018, pesquisando 3452 pessoas,
em 152 municípios em todo o Brasil. A pesquisa foi muito semelhante à ocorrida no ano anterior. O
público-alvo também foram indivíduos com 16 anos ou mais, das classes A, B e C€, economicamente ativas,
que viviam de renda ou aposentadas e utilizou a mesma metodologia. A pesquisa apontou que somente
33% dos brasileiros conseguiram poupar algum dinheiro no ano em questão, sendo em sua
predominância homens (60%), com ensino médio completo (48%) e idade entre 16 e 34 anos (50%).
Quando analisado onde foi aplicado o dinheiro economizado, a pesquisa constatou que 59% das pessoas
investiram em algum produto financeiro no qual já possuíam dinheiro investido, e apenas 23% buscaram
uma nova aplicação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE
CAPITAIS, 2019).
A B3, instituição responsável pela bolsa de valores no Brasil, publicou uma pesquisa, denominada “Ecossistema
do Investidor Brasileiro”, realizado pela Talk. A pesquisa foi realizada em julho de 2018, pesquisou indivíduos
de 18 a 65 anos, e foi dividida em três partes: análise de relatórios do mercado e da B3 com dados sobre
investidores no Brasil; entrevistas online com 20 investidores experientes e questionário online aplicado a
1.096 brasileiros, homens e mulheres, entre 18 e 65 anos, das classes A e Be de todas as regiões do País
(B3, 2019).
À pesquisa revelou que 79% dos entrevistados tinham pelo menos um investimento. A poupança revelou ser
o produto com que o investidor brasileiro estava mais familiarizado: 87% dos pesquisados indicaram
conhecer a aplicação e 64% possuir esta aplicação. Os motivos mais indicados para investir na poupança
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
foram o pouco conhecimento sobre outras modalidades de investimento, a sensação de segurança, a
facilidade de aplicação e resgate, a confiança no local do investimento (banco) e a percepção de proteção do
patrimônio com respeito à inflação.
Questiona-se: dado que cada investimento oferece um determinado risco ao capital investido, existem
variáveis que caracterizem o perfil dos investidores nas principais modalidades de investimento?
O objetivo deste trabalho é identificar quais variáveis demográficas e sociais podem caracterizar o perfil
dos investidores nas principais modalidades de investimento, entre renda fixa e variável. Como objetivos
específicos têm-se:
a) comparar as bases de dados;
b) estimar, dentre os indivíduos que já realizaram investimentos pessoais, a proporção dos que
investem em produtos de renda fixa e em produtos de renda variável e caracterizá-los;
c) identificar relações de dependência entre características sociais e o ato de ter realizado um
investimento qualquer e entre características sociais e as modalidades de investimentos realizados.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Para a maior parte das pessoas, é intuitivo que poupar dinheiro é algo positivo. Porém, muitas vezes o desejo
por bens materiais e serviços acaba sobrepondo-se ao hábito de poupar (POMPIAM, 2012). Somente com a
renúncia por prazeres imediatos e disciplina é possível poupar parte da renda recebida. Poupar e investir de
forma constante resulta em benefícios por meio do acúmulo do capital e dos juros capitalizados ao longo do
tempo que geram rendimentos (DESSEN, 2015).
Desde o momento em que a pessoa decide investir, pois, entende os motivos e a importância para tal,
deve-se considerar uma variável muito importante: o risco.
No mercado financeiro, o risco pode ser definido como a possibilidade de sofrer um prejuízo, o que indica que
as diversas modalidades e tipos de investimentos oferecem diferentes níveis de risco. É preciso levar em
consideração também a aversão ao risco de cada investidor, que varia de um indivíduo para outro. Por
exemplo: um investidor ao avaliar certa modalidade de investimento pode considerá-la de baixo risco, ao passo
que outro investidor pode entendê-lo como sendo de alto risco. Porém, o risco está diretamente atrelado ao
retorno do investimento, portanto os indivíduos que decidem assumir um alto risco tendem a esperar um
retorno maior se comparados aos indivíduos que decidem expor seu capital a um risco menor. Assim, o
investidor, ao escolher o investimento, deve buscar o equilíbrio entre o retorno esperado, o risco que está
disposto a expor seu capital e o prazo (BRITO, 2016).
Um fator de preocupação que também deve ser avaliado pelo investidor é a inflação, que faz com que seu dinheiro
perca valor real. Para investidores mais conservadores, que costumam ter a maior parte de seu patrimônio
alocada em renda fixa, uma categoria de investimentos praticamente livre de risco, porém com rentabilidade
conservadora, a inflação acumulada ao longo do tempo impacta de maneira significativa, valendo a análise de
outras alternativas que visem uma relação de “risco x retorno” mais atrativa, dentre elas imóveis, ações ou mesmo
abrir um negócio próprio (LEAL; NASCIMENTO, 2011).
Até a metade da década de 1960, o mercado de valores mobiliários brasileiro não era atrativo,
principalmente para investidores individuais, porém no início da década de 1970, a evolução desse
mercado gerou um período de euforia, resultando na valorização gradual dos ativos, na possibilidade de
lucro rápido e fácil, atraindo muitos especuladores amadores. Esse movimento atraiu até mesmo os
indivíduos mais avessos ao risco, impulsionados por um sentimento de enriquecimento coletivo.
Esgotados esses novos recursos, foi iniciado um processo de queda das cotações. Com isso, os investidores
mais experientes realizaram seus ganhos, de modo que os investidores amadores e mais inocentes não
tivessem outra opção, a não ser arcar com o prejuízo. Esse movimento foi conhecido como a crise de 1971
(RODRIGUES, 2012).
Em 1989, o Brasil se deparou com o “Caso Nahas”, um escândalo ocorrido Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro causado por um único indivíduo acusado de manipulação do mercado e fraude financeira, que
levaria ao fechamento temporário das Bolsas e desvalorização da Bolsa do Rio de Janeiro em cerca de um
terço do valor (RODRIGUES, 2012).
Rodrigues (2012) sustenta que eventos que causam uma queda drástica na maior parte das ações
negociadas na Bolsa são exemplos que justificam o receio do brasileiro em investir no mercado de capitais,
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
visto que esses eventos afetam negativamente a credibilidade das bolsas perante seu público investidor,
principalmente os investidores amadores.
O perfil do investidor pode ser dado por meio de uma análise que identifica as preferências e expectativas
do indivíduo em relação aos investimentos. Este perfil tem como base três pilares: segurança, liquidez e
rentabilidade. Entretanto, dificilmente serão encontrados nos investimentos existentes no mercado tais
critérios presentes em conjunto e em altos níveis. Sendo assim, na hora da decisão, é normal o renunciar a
um destes critérios, por exemplo, da segurança, para obter uma maior rentabilidade ou uma maior
liquidez. Este critério escolhido para ser o menos importante é o que mais indica o perfil do investidor.
Portanto, a análise do perfil é um importante instrumento para haver maior assertividade no momento da
escolha do investimento e evitar futuras frustrações (PASCALICCHIO; BERNAL, 2012).
Além dos três pilares citados, outros fatores a serem considerados são as taxas para realização de um
investimento, sendo as mais comuns a taxa de administração, a taxa de custódia, a taxa de corretagem e as
comissões (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO E POUPANÇA,
[2020?]).
Para aumentar a chance da assertividade é recomendado que o investidor diversifique seus investimentos,
ou seja, ele deve distribuir seu capital em diferentes modalidades para aumentar a chance de obter bons
resultados. Esta diversificação é chamada de carteira de investimentos (REILLY; NORTON, 2008).
Segundo Reilly e Norton (2008) tem-se que os três principais perfis de investidores são: o conservador, o
moderado e o arrojado, a saber:
a) O investidor conservador é aquele que preza pela segurança, ou seja, tem preferência por
investimentos com menor risco, sendo seu foco preservar o patrimônio. Neste perfil são encontradas
pessoas com mais idade que não querem perder o patrimônio acumulado em sua vida, também são
encontradas pessoas que por inexperiência preferem não arriscar e buscam modalidades de baixo risco;
b) O perfil moderado é o meio-termo entre o conservador e o arrojado. Este mantém um grande
interesse pela segurança, mas está disposto em alguns momentos a renunciar de parte dela para alcançar
maior rentabilidade. Assim estes, em sua maior parte, já detêm um maior conhecimento sobre o mercado de
investimentos, assim buscando alternativas um pouco mais arrojadas, mas que ainda apresentem certa
segurança. Outra possibilidade é exporem somente uma pequena parte de sua carteira de investimentos em
modalidades mais arriscadas;
c) O investidor arrojado é aquele que em comparação aos outros perfis tem maior tolerância ao
risco. Este é mais experiente e tem maior entendimento da dinâmica do mercado, não se abalando tanto
com quedas e perdas, pois sabe que no médio e longo prazo os ganhos compensarão. Por ter uma maior
experiência, o investidor arrojado se aproveita da volatilidade do mercado para aumentar seus ganhos.
Vale, entretanto, ressaltar que até os mais arrojados têm uma parcela de seu capital em modalidades mais
conservadoras, como uma reserva de emergência ou para aproveitar possíveis oportunidades de
investimentos.
No momento de montar sua carteira de investimentos o investidor pode optar entre dois principais tipos
de investimento, os de renda fixa, nos quais o seu rendimento pode ser dimensionado no momento do
investimento, e os de renda variável, cujo retorno não pode ser estimado no momento da aplicação
(SANTOS, 2014). Dentro destes, os mais conhecidos são:
a) Caderneta de Poupança: dentre todas as modalidades de investimentos a caderneta de poupança
é o investimento de renda fixa mais conservador, tradicional e popular entre os brasileiros,
principalmente entre os de menor renda. É considerada de baixo risco e oferece para pessoas físicas
rendimentos isentos de Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Operações Fiscais (IOF). É uma aplicação
com alta liquidez, podendo ser resgatado o valor investido a qualquer momento (SANTOS, 2014). A
caderneta de poupança, por conta de sua tradição, fácil acesso e liquidez, se tornou um dos investimentos
mais populares entre os brasileiros, possuindo em 2019 mais de 158 milhões de pessoas fazendo uso da
modalidade, o que representava aproximadamente 75% da população brasileira (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DAS ENTIDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO E POUPANÇA, 2019; INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2019);
b) Certificado de Depósito Bancário (CDB): é um investimento de renda fixa, sendo um título emitido
pelos bancos para captação de recursos. Funciona como um empréstimo que o indivíduo faz à instituição
financeira e em troca recebe uma remuneração, ao final da aplicação, em forma de juros acrescidos ao valor
investido. O prazo para resgate é predefinido pelo banco dependendo da modalidade, porém o investidor pode
S
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
resgatar antes sua rentabilidade, sem sofrer algum prejuízo se respeitar o prazo mínimo de aplicação que varia
dependendo da remuneração desejada. O CDB é uma aplicação considerada conversadora, pois oferece baixo
risco uma vez que este está associado à solidez do banco. Assim, o prejuízo só ocorre em caso de falência da
instituição financeira que o emitiu. Ressalta-se que se a instituição for associada ao Fundo Garantidor de
Crédito (FGC), no caso de falência, haverá um ressarcimento no valor de R$ 70.000,00 por Cadastro de Pessoa
Física (CPF) (SANTOS, 2014);
c) Fundos de Investimento: reúne recursos de investidores com o objetivo de se obter ganhos financeiros
por meio de uma carteira com vários tipos de investimentos. É comparado a um condomínio, pois cada
investidor é dono de uma cota e paga certo valor para que especialistas cuidem da gestão e administração do
fundo. O valor cobrado é conhecido como taxa administrativa. Os administradores do fundo tratam de aspectos
jurídicos e legais, enquanto os gestores cuidam da parte estratégica visando sempre a maior quantidade de
lucro com o menor risco possível. Por operar sempre grandes volumes captados, o fundo tem a vantagem de
conseguir taxas melhores, das quais pequenos e médios investidores individuais não teriam acesso. Cada fundo
tem sua estratégia e sua carteira pode ser mais ou menos diversificada, podendo ter ativos de diversos tipos,
como ações, títulos de renda fixa (CDBs), títulos cambiais, derivativos ou commodities negociadas em bolsas de
mercadorias e futuros, títulos públicos, entre outros. A rentabilidade do fundo é determinada pela estratégia
adotada pelo gestor, e esta deve se enquadrar ao perfil de cada investidor (SANTOS, 2014). Os Fundos de
Investimento Imobiliários (FIN), criados em 1994, vem apresentando grande crescimento. Um terço do número
de CPFs cadastrados na bolsa de valores possui investimentos desta modalidade. Tal investimento vem se
destacando e ganhando popularidade devido à busca por investimentos alternativos aos de renda fixa e que
apresentem baixo risco ao investidor, dado o cenário atual com baixa histórica da taxa básica de juros. Esta
alternativa torna-se atrativa ao proporcionar rendimentos mensais isentos de imposto de renda e a
possibilidade de valorização das cotas no longo prazo (D'ÁVILA; CUTAIT, 2019).
d) Tesouro Direto: é um programa de captação de recursos por meio da venda de títulos públicos a
pessoas físicas, desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3. Os títulos são adquiridos com
vencimentos e retorno pré-determinados, porém se necessário o investidor pode vender seus títulos antes
do vencimento, somente às quartas-feiras e a preço de mercado. Dado sua baixa volatilidade e seu risco
estar atrelado à solidez do Tesouro Nacional, este um ativo de renda fixa é considerado de baixo risco
(SANTOS, 2014);
e) Previdência Complementar: este tipo de investimento visa o acúmulo de capital para ser utilizado
na aposentadoria ou em casos de invalidez e funciona de forma simples. Durante o período em que o
investidor exerce atividade remunerada ele paga mensalmente certo montante, acumulando assim um
saldo que poderá ser resgatado no futuro integral ou mensalmente. Quanto e quando resgatar fica a
critério do investidor ou do tipo de contrato realizado (SANTOS, 2014);
f) Ações: comprar ações de uma empresa de capital aberto é tornar-se um de seus sócios, pois se está
adquirindo uma parcela da empresa. As ações podem trazer retorno ao investidor de duas formas: com a
valorização da empresa e com a distribuição de lucros que algumas empresas de capital aberto
proporcionam aos seus acionistas. Ações são investimentos de renda variável os quais são considerados de
alto risco, dado que o valor de cada ação pode oscilar tanto de acordo com a situação econômica do país,
quanto com resultados da empresa e com sua reputação. Ao mesmo tempo, tendem a ter um rendimento
maior, uma vez que investimentos de renda variável expõem o capital do investidor a maiores riscos
(SANTOS, 2014). O investimento em ações, ainda é visto como uma das maiores oportunidades na bolsa de
valores, mesmo no cenário de uma pandemia mundial (LARGHI, 2020).
Uma vez em que o investidor já conhece o seu perfil e os principais tipos de investimentos disponíveis no
mercado, ele já está apto a montar sua carteira de investimentos diversificada. Como base para esta, vale
sempre avaliar as carteiras recomendadas por especialistas, como as apontadas por Reilly e Norton
(2008).
a) Carteira para investidor conservador: quem tem este perfil está sempre em busca de segurança
para seu patrimônio, portanto investimentos com retornos pré-fixados são ótimas opções. Também são
interessantes aqueles cujo resgate do capital pode ser feito em curto prazo de tempo. Sendo assim os
especialistas recomendam que pessoas com este tipo de perfil invistam 100% de seu capital em
investimentos de renda fixa, como o Tesouro Direto o Certificado de Depósito Bancário e as Letras de
Crédito. Para diversificar em uma carteira que contém 100% em produtos de renda fixa o investidor pode
alocar seu capital em produtos com retornos pré-fixados, pós-fixados e híbridos;
b) Carteira para investidor moderado: o investidor que tem um perfil moderado já aceita correr um
pouco de risco para conseguir resultados melhores, portanto sua carteira pode ter uma maior
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
diversificação. É recomendado que o investidor com este perfil tenha em sua carteira, 70% em títulos de
renda fixa e 30% em títulos de renda variável. Recomenda-se também a diversificação dentro dos títulos
de renda variável em diferentes setores econômicos a fim de que haja uma maior estabilidade em casos de
algum setor passar por uma fase ruim;
c) Carteira para investidor arrojado: investidores com este perfil buscam opções com maiores
retornos, assim os especialistas recomendam que 60% da carteira esteja em títulos diversificados de
renda variável e 40% em títulos de renda fixa para proteger seu capital e manter uma reserva de
emergência.
3 METODOLOGIA
Foram analisados os bancos de dados públicos das pesquisas Raio X do Investidor 2019, da ANBIMA, e
Ecossistema do Investidor Brasileiro, da B3 e comparados os resultados obtidos.
As variáveis de caracterização, conforme disponibilidade no Banco de dados, foram: faixa etária, sexo,
ocupação, estado civil, número de filhos, escolaridade e faixa de renda familiar e região do país.
De todas as categorias de investimentos apresentadas na pesquisa Raio X do Investidor 2019, foram
considerados como investimentos de renda fixa (RF): CDB, CDI, conta poupança/caderneta de poupança, LCI,
previdência privada, renda fixa/fundo de investimento e tesouro nacional/direto. Para os investimentos de
renda variável (RV), foram considerados: ações, bolsa de valores e moedas digitais. Já na pesquisa
Ecossistema do Investidor Brasileiro, foram considerados como investimentos de renda fixa (RF):
caderneta de poupança, previdência privada, CDB, CRI, CRA, LCI, LCA, LF, debêntures, COE e tesouro
direto. Para os investimentos de renda variável (RV), foram considerados: ações, fundos imobiliários,
mercado futuro (commodities, moedas e contratos) e criptomoedas/moedas digitais.
Foram selecionadas características e investimentos presentes em ambas as pesquisas para compará-las,
lembrando, entretanto, que ambas possuem populações alvo distintas. Para verificar se proporções de
pesquisados que tinham investimentos em cada uma das modalidades estudadas foram realizados testes
para comparação de duas proporções (MONTGOMERY; RUNGER, 2018).
Para cada pesquisa, foram realizados testes de independência para testar se o fato de o indivíduo ter
realizado um investimento em 2018 é independente deste possuir determinadas características
demográficas e sociais. Para tanto foram foi utilizado o teste Qui-Quadrado, sendo verificado se as
suposições para uso deste teste estavam satisfeitas. Quando necessário, categorias foram agrupadas e se
mesmo assim as suposições para uso do modelo não se verificaram foi usado o teste de independência de
Fisher para tabelas de contingência 2 x 2 (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2008).
Todos os intervalos de confiança foram calculados adotando-se uma confiança de 95% e todos os testes de
hipótese foram realizados fixando-se o nível de significância em 5%, sendo assim rejeitadas as hipóteses
com valor-p inferior a 5%.
As análises estatísticas foram feitas como auxílio do Minitab Statistical Software v. 19.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando a amostra da pesquisa Raio X do Investidor 2019, realizada pela ANBIMA, foi verificado que
dos 3452 respondentes apenas 886 realizaram algum tipo de investimento, representando 25,69% (I.C. =
[24,22%; 27,16%]) da amostra. De acordo com os investimentos considerados para renda fixa e renda
variável foi observado que 244 respondentes, que correspondem a 7,1% da amostra, investiram em
produtos de renda fixa, enquanto 17 respondentes, que correspondem a 0,5% da amostra, investiram em
produtos de renda variável. Ressalta-se que a maior parte dos investimentos foram em conta/caderneta
de poupança (6%), compra/quitação de veículo próprio (4%) e compra de casa própria (3%).
A Tabela 1 apresenta as distribuições percentuais dos pesquisados com respeito a algumas variáveis de
caracterização na amostra total e nos segmentos de renda fixa e variável.
Com a realização dos testes de independência concluiu-se que, proporcionalmente, fizeram mais
investimentos, pessoas sem filhos ou com até um filho (p = 0,001), do sexo masculino (p = 0,000), pessoas
com maior escolaridade, ou seja, no mínimo ensino superior incompleto (p = 0,000), pessoas com melhores
condições financeiras, pertencentes às classes A, B (p = 0,000). Em concordância, pessoas com renda familiar
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
mensal, acima de 5 salários mínimos (s. m.) vigentes (p = 0,000) foram as que proporcionalmente mais
investiram. Quanto ao fator idade, foi identificado que a faixa etária que proporcionalmente mais investiu foi
de 25 a 44 anos (p = 0,000). Já quanto ao estado civil, os que proporcionalmente menos investiram foram os
viúvos (p = 0,006). Quanto à ocupação proporcionalmente fazem menos investimentos os desempregados,
os assalariados sem registro, os freelancers/quem vivia de bico e os aposentados, e mais investimentos os
empresários, os autônomos regulares (pagam INSS) e os profissionais liberais (p = 0,000). Todos estes
resultados vêm ao encontro ao senso comum de que investe mais os que possuem mais chance de ter maior
capital disponível para tal.
Tabela 1 - Análise descritiva dos dados da pesquisa “Raio X do Investidor 2019”
pena Investiu em Investiu em Renda
Renda Fixa Váriavel
16a 24anos
25a34anos
35a 44anos
45 a 59anos
60 anos ou mais
M
F
Assalariados registrados
Assalariados sem registro
Aposentados
Casado (a)/com companheiro (a)
Separado/Divorciado
Solteiro (a)
Viúvo
Não tem filhos
1 filho
Número de filhos 2 filhos
3 filhos
4 filhos ou mais
Analfabeto/Primário/Fundamental | Incompleto
Primário ou Fundamental | completo/Ginasial ou Fundamental Il incompleto
Ginasial ou Fundamental || completo
Colegial ou Ensino Médio incompleto
Colegial ou Ensino Médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Pós-graduação
Até R$ 954,00
De R$ 955,00 até R$ 1.908,00
De R$ 1.909,00 até R$ 2.862,00
De R$ 2.863,00 até R$ 4.770,00
De R$ 4.771,00 até R$ 9.540,00
De R$ 9.541,00 até R$ 19.080,00
De R$ 19.081,00 até R$ 47.700,00
De R$ 47.701,00 ou mais
Se recusa a responder / não sabe
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (2019).
Quando testadas as independências entre as variáveis de caracterização e as categorias de investimentos,
tem-se que, proporcionalmente:
a) Pessoas que investiram em imóveis estavam mais entre as casadas ou com companheiro (p = 0,014), O.
estavam mais na faixa de renda acima de R$2.862 (3 s. m.) (p = 0,000), mais na faixa de 25 a 44 anos e menos de
16a 24€e de para 60 ou mais (p = 0,000), eram mais homens (p = 0,007), estavam mais nas Classes A e menos
na C2 (p = 0,000) e tinham mais escolaridade a partir de superior completo (p = 0,000).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
b) Pessoas que investiram em Poupança estavam mais na faixa de renda a partir de R$4.771 (5 s.m.)
(p = 0,000), estavam mais nas Classes A e Bi e menos na C2 (p = 0,000), tinham mais escolaridade a partir
de superior completo (p = 0,000).
c) Aqueles que investiram em ações estavam em menor quantidade na Classe C (p = 0,003), tinham
mais escolaridade a partir de superior incompleto (p = 0,000) e estavam mais na faixa de renda a partir de
R$4.771 (5 s.m.) (p = 0,001).
d) Os que investiam em Tesouro Direto estavam mais na faixa de renda a partir de R$ 4.771 (5 s.m.)
(p = 0,000), estavam menos na Classe € (p = 0,003) e tinham mais escolaridade a partir de superior
incompleto (p = 0,000).
e) Os que investiam em Previdência Privada eram mais casados/com companheiro (p = 0,012),
estavam menos na Classe C (p = 0,003), tinham mais escolaridade a partir de superior incompleto (p =
0,000) e estavam mais na faixa de renda a partir de R$ 4.771 (5 s.m.) (p = 0,000).
Considerou-se as quatro principais variáveis a serem avaliadas para se selecionar o investimento desejado:
liquidez, segurança da aplicação, taxas para realização e rentabilidade. Avaliando-se apenas os 548
respondentes que de fato realizaram algum investimento em 2018 e responderam à questão referente à
priorização destas variáveis, foi obtida a seguinte distribuição: 45,2% priorizaram a segurança da aplicação,
27,7% priorizaram a rentabilidade da aplicação, 19,7% priorizaram a liquidez da aplicação e 7,3%
priorizaram as taxas para realização da aplicação. Houve dependência entre prioridade e faixa etária (p =
0,007). Tem-se que, proporcionalmente, pessoas na faixa de 16 a 24 anos elencaram menos como
prioridade a liquidez e mais o retorno da aplicação; na faixa de 25 a 34 anos priorizaram mais a liquidez
do produto e menos a segurança, na faixa de 45 a 59 anos mais a liquidez do produto e menos a taxa de
realização e a taxa de retorno e na faixa de 60 ou mais anos priorizaram mais a segurança e menos e
menos a taxa de realização e a taxa de retorno.
Foi também analisada a amostra da pesquisa realizada pela B3, “Ecossistema do investidor brasileiro”,
publicada em 9 de maio de 2019, na qual foram pesquisadas 1096 pessoas integrantes das classes A e B,
de todas as regiões do país. Destes 903 realizaram algum tipo de investimento correspondendo a 82% (I.C.
= [80,00%; 84,60%]) da população estudada. De acordo com os investimentos considerados para renda
fixa e renda variável, foi observado que 784 respondentes, que correspondem a 72% da amostra,
investiram em produtos de renda fixa, enquanto 160 respondentes, que correspondem a 15% da amostra,
investiram em produtos de renda variável.
A Tabela 2 apresenta as distribuições percentuais dos pesquisados com respeito a algumas variáveis de
caracterização dos pesquisados.
Tabela 2 - Análise descritiva Ecossistema do Investidor Brasileiro
Investiuem | Investiu em
Renda Fixa Renda Váriavel
Váriavel Social Amostra total
18a 24 anos
25a34anos
35a 44 anos
45a54anos
55 a 65 anos
M
F
Casado
Divorciado
Solteiro
Outros
Tem filhos cm
Não
Até R$ 4.990,00
R$ 5.000,00 até R$ 7.000,00
R$ 7.001,00 até R$ 10.000,00
R$ 10.001,00 até R$ 15.000,00
R$ 15.001,00 até R$ 25.000,00
R$ 25.001,00 até R$ 35.000,00
R$ 35.001,00 até R$ 45.000,00
R$ 45.001,00 ou mais
Faixa de Renda Familiar
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da B3(2019).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Semelhante à análise realizada na pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, da ANBIMA, inicialmente foram
feitos testes de independência, concluindo-se que, proporcionalmente, fizeram menos investimentos pessoas
de 18 a 24 anos e mais investimentos, pessoas de 35 a 44 anos (p = 0,000). Também fizeram
proporcionalmente menos investimentos, pessoas com renda familiar mensal até R$5.000,00 (5,24 s. m.) e
mais com renda familiar mensal entre R$ 7.001,00 e R$ 10.000,00 (entre 7,34 e 10,48 s. m.) (p = 0,000). Quanto
ao estado civil proporcionalmente investiram mais os casados e menos os solteiros (p = 0,000). Analisando a
região onde mora, investiram mais quem reside no Sudeste e menos no Norte e Nordeste (p = 0,003). Também
investiram proporcionalmente mais os indivíduos que têm filhos (p = 0,024).
Com a realização dos testes de independência concluiu-se que pessoas que conhecem ações, mesmo que
superficialmente, mas entendem o conceito dessa categoria de investimento, são proporcionalmente mais:
pertencentes à classe A e B1 (p = 0,000) e do sexo masculino (p = 0,021). Ressalta-se que houve independência
entre conhecimento em ações e a faixa etária (p = 0,827).
Nos investimentos em imóveis, proporcionalmente, as pessoas mais familiarizadas com essa categoria são:
pertencentes às classes A e B1 (p = 0,000), sendo que nestas duas classes pouco mais de 60% dos
pesquisados declararam estar familiarizadas com tal investimento. Houve independência entre o
conhecimento sobre investimentos em imóveis e as variáveis, sexo (p = 0,701) e faixa etária (p = 0,337).
A familiaridade com os investimentos do tipo de renda fixa ocorreu proporcionalmente mais na classe
social A e B1 (p = 0,000); na faixa etária dos acima de 35 anos (p = 0,000) e nos homens (p = 0,000).
A familiaridade com a caderneta de poupança, por sua popularidade, praticidade e liquidez, conforme já
exposto, resultou independente das principais variáveis sociais presentes na pesquisa, a saber: classe
social (p = 0,097), faixa etária (p = 0,512) e sexo (p = 0,828).
Analisando as intenções declaradas na pesquisa de realizar um determinado investimento, foram
identificadas as principais relações de dependência:
a) Pessoas que pretendiam investir em ações eram, proporcionalmente, mais pertencentes à classe A (p =
0,037) e ao sexo masculino (p = 0,000). Já no quesito renda mensal há duas faixas que se destacaram: até R$
4.990,00 reais as quais, proporcionalmente, pretendiam menos investir em ações, e de R$ 35.001 até R$ 45.000,00
reais as quais, proporcionalmente, pretendiam mais investir em ações (p = 0,002).
b) Pessoas que pretendiam investir em renda fixa eram, proporcionalmente, mais pertencentes à
classe A e B1 (p = 0,000); mais na faixa etária de 55 a 65 anos e menos na faixa etária de 18 a 24 anos (p =
0,020), mais do sexo masculino (p = 0,000) e mais com renda mensal familiar entre R$ 15.001,00 até R$
45.000,00 reais (15,72 s.m. a 47,17 s.m.) (p = 0,000).
A terceira parte da análise da amostra em relação ao perfil dos investidores pesquisados na pesquisa da B3
consistiu em analisar a influência de características demográficas e sociais sobre os tipos de investimentos que os
respondentes possuíam.
Indivíduos que possuíam parte de seu capital investido em ações, proporcionalmente pertenciam mais: à
classe A (p = 0,000), ao sexo masculino (p = 0,002), mais entre os casados (p = 0,001), estavam mais na
região Sudeste e menos na Norte e Nordeste (p = 0,003) e proporcionalmente possuíam mais frequente
renda familiar acima de R$ 15.000 (15,72 s.m.) e menos abaixo R$5.000 (5,24 s.m.) (p = 0,000).
Indivíduos que possuíam parte de seu capital investido em imóveis, proporcionalmente: pertenciam mais à classe
A (p = 0,008), mais ao estado civil de casados (p = 0,015) e possuíam renda familiar mais acima R$ 25.000 (26,21
s. m.) e menos abaixo R$5.000 (5,24s. m.) (p = 0,000).
Indivíduos que possuíam parte de seu capital investido na caderneta de poupança, proporcionalmente:
estavam mais na faixa etária de 55 a 65 anos e menos na faixa etária de 18 a 24 anos (p = 0,005), estavam mais
na região Sudeste e menos na Norte e Nordeste (p = 0,002), pertenciam mais ao estado civil de casados (p =
0,024) e à faixa de renda está mais na faixa de R$ 7.000 a R$10.000 (7,34 a 10,48 s. m.) ou menos na faixa de
R$5000 (5,24. m.) (p = 0,000).
Indivíduos que possuíam parte de seu capital investido na previdência privada, proporcionalmente: eram
mais pertencentes à classe A (p = 0,000), residiam mais na região Sudeste e menos na Norte e Nordeste (p
= 0,006), estavam mais nas faixas etárias entre 25 e 34 anos e entre 55 a 65 anos (p = 0,000), pertenciam
mais aos casados e menos entre solteiros (p = 0,000) e possuíam menos renda familiar abaixo de R$5.000
(5,24 s.m.) (p = 0,000).
Aúltima categoria de investimento analisada junto às características demográficas e sociais foi o tesouro direto,
tido como o investimento mais seguro para se investir. Indivíduos que investiam nessa categoria de
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
investimento eram proporcionalmente mais pertencentes à classe A (p = 0,000), estavam mais na região
Sudeste e menos na Norte e Nordeste (p = 0,002), possuíam mais renda familiar acima de R$ 25.000 (26,21 s.
m.) e menos abaixo de R$5.000 (5,24 s. m.) (p = 0,000), não possuindo relação dependência com idade (p =
0,165) e com sexo (p = 0,075).
Comparou-se os resultados obtidos nas duas pesquisas a fim de verificar se houve coincidência de resultados
quanto a algumas das variáveis e relações entre variáveis de interesse, mesmo se tratando de pesquisas com
populações alvo distintas. Na pesquisa da ANBIMA a população alvo foi formada por indivíduos com 16 anos ou
mais, das classes A, B e €, economicamente ativas, que viviam de renda ou aposentadoria. Já na pesquisa da B3 a
população alvo foram indivíduos de 18 a 65 anos, e somente das classes A e B. Foi testado se houve independência
entre ser investidor, investidor em RF e investidor em RV e ter participado de uma das pesquisas. As três
hipóteses foram rejeitadas, todas com valor-p igual a 0,000, sendo que proporcionalmente houve mais
investidores, tanto em geral quanto em RF ou RV, participando da pesquisa da B3.
A fim de comparar as proporções de pesquisados que investiam em determinada modalidade de
investimentos, foram realizados testes de hipóteses para comparações de duas proporções. Os resultados
são apresentados na Tabela 3. Para todas as modalidades de investimentos analisadas, houve diferença
nas proporções estimadas nas duas pesquisas, sendo que sempre a proporção de investidores foi maior na
pesquisa da B3 que abrangeu apenas as classes sociais A e B.
Tabela 3 - Análise comparativa entre as duas bases de dados
Conclusão i Conclusão
diferentes Anbi diferentes
p=0,000 p=0,000
diferentes i diferentes
p=0,000 p=0,000
diferentes i diferentes
p = 0,000 p=0,000
E diferentes
Tesouro Direto p=0,000
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (2019) e B3(2019).
O Quadro 1 apresenta o comparativo das análises feitas com os dados de ambos os Bancos de dados. Em
comum, as aplicações em diferentes modalidades de investimentos tiveram, quanto ao sexo, que quando
diferiram houve mais investimento por parte dos homens. Em comum, as aplicações em diferentes
modalidades de investimentos, conforme o senso comum, foram feitos pelos que tinham maior renda e
menos pelos de menor renda.
Quadro 1 - Fato de investir ou não e características demográficas e sociais para ambas as pesquisas
Estado Civil Renda Familiar Faixa Etária Sexo
Anbima | menos viúvos a at So mais de 25 e 44 mais homens
(p = 0,006) (p = 0,000) à anos (p = 0,000) (p = 0,000)
ad | mais si a R$ 10.000 | menos de 18a 24
B3 menos solteiros Rr Nro anos e mais de 35 (p= 0,101)
abaixo de R$ 5.000 (5,2 s.m.)
(p = 0,000) a 44 anos
(p = 0,000) (p = 0,000)
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (2019) e B3(2019) Q
Os Quadros 2 e 3 apresentam os resultados dos testes de independência de algumas das categorias de
investimentos com algumas características demográficas e sociais para ambas as pesquisas com intuito de
compará-las. O Quadro 3 apresenta o comparativo dos Quadros 1 e 2.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quadro 2 - Categorias de investimento e características demográficas e sociais da pesquisa da Anbima
Estado Civil Renda Faixa Etária Sexo Classe Social
mais acima R$ mais nas Classes A
Poupança (p = 0,884) 4.770 (5 s.m.) (p= 0,377) (p = 0,158) e Bi e menos na
(p = 0,000) C2 (p = 0,000)
niGito aline E Menos na Classe C
Ações (p = 1,000) 4.770 (5 s.m.) (p= 0,211) (p = 0,115) (p = 0,003)
(p= 0,001) sgh
Tesouro ad atira Ri menos na Classe €
Dirsiá (p = 0,933) 4.770 (5 s.m.) (p = 0,180) (p = 0,204) (p = 0,003)
(p = 0,000) Ee
mais o mais de 25 a 44 anos :
mais acima R$ : mais nas Classes A
Rua casados/com e menos de 16 a 24e | Mais homens E
Imóveis : 2.862 (3 s.m.) ; e menos na C2 (p =
companheiro (p (p = 0,000) de para 60 ou mais (p = 0,007) 0,000)
= 0,014) E (p = 0,000)
ua mais acima R$
Previdência casados/com 4.770 (5 sm) (p= 0,288) (p = 0,698) menos na Classe €
Privada companheiro (p = 0,000) (p = 0,003)
(p = 0,012) Eipie
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (2019).
Quadro 4 apresenta os resultados dos testes de independência obtidos quando cruzado o fato da pessoa
ser considerada um investidor ou não, com algumas características demográficas e sociais para ambos os
bancos de dados.
Quadro 3 - Categorias de investimento e características demográficas e sociais da pesquisa da B3
Estado Civil Renda Faixa Etária Sexo Rss
Social
ms mais de R$ 7.000 a R$ 10.000 Ee BEs cs
Poupança casados a em] anos e menos de (p = 0,122) (p = 0,077)
(p = 0,024) (p = 0,000) 18a 24 (p= 0,005)
mais os mais acima R$ 15.000 RR mais na
Ações casados (15,7 s.m.) e menos abaixo (p = 0,272) (p = 0,002) Classe A
(p=0,001) | R$5.000 (5,2 S.M.) (P = 0,000) dg (p = 0,000)
Tesouro mais acima R$ 25.000 mais na
Dijéto (p= 0,515) (26,2 s.m.) e menos abaixo (p= 0,165) (p = 0,075) Classe A
R$ 5.000 (5,2 s.m.) (p = 0,000) (p = 0,000)
mais mais acima R$ 25.000 mais na
Imóveis casados (26,2 sm.) e menos abaixo (p = 0,065) (p = 0,693) Classe A
(p=0,015) | R$5.000 (5,2 s.m.) (p = 0,000) (p = 0,008)
E mais de 25 a 34 :
Previdência pino menos abaixo R$ 5.000 anos e entre 55 a ads
Privada RR (5,2 s.m.) (p = 0,000) 65 anos (pitas) as
solteiros (p = 0,000) (p = 0,008)
(p = 0,000) j
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da B3(2019).
=
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Quadro 4 - Categorias de investimento e características demográficas e sociais comparadas entre as duas
pesquisas
Estado Civil Renda Faixa Etária Sexo
Só B3 mais Semelhante. Em comum mais Só B3 mais novos e Iguais, sem
Poupança : a
casados de 7,3 a 10 s.m. mais velhos significância
” Só B3 mais Semelhante, mais a partir de Iguais, sem Só B3, mais
Ações sm É RSS RAS e
casados um limite bem maior na B3 significância homens
Tesouro Iguais, sem Semelhante, mais a partir de Iguais, sem Iguais, sem
Direto significância um limite bem maior na B3 significância significância
Só Anbima, mais de 25
Eai Ambos mais Semelhante, mais a partir de a 44 anos e menos de Só Anbima, mais
Imóveis a ;
casados um limite bem maior na B3 16a24e depara 60o0u | homens
mais
Previdência | Ambos mais Só B3, mais de 25 a 34 Iguais, sem
: Bem semelhante Ena
Privada casados anos e de 55 a 65 anos significância
Fonte: Elaborada pelos autores baseada nos bancos de dados da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (2019) e B3(2019).
Na Poupança e Previdência Privada houve, na pesquisa da B3, proporcionalmente mais aplicação entre os
mais velhos, talvez por estas serem modalidades de maior segurança e de fácil aplicação. Em comum, as
aplicações em diferentes modalidades de investimentos, quanto ao estado civil, quando diferentes foram
sempre mais para casados/com companheiro.
Quanto a classes sociais, as pesquisas da ANBIMA e B3 tiveram populações alvo diferente, sendo que a
pesquisa da ANBIMA, que englobou a classe C, sempre apresentou menor probabilidade desta realizar as
diversas modalidades de investimento e ambas as pesquisas, com exceção da poupança na pesquisa da B3,
apresentou sempre a classe A com maior probabilidade de realizar os investimentos. A variável
escolaridade só foi abordada na pesquisa da ANBIMA e tem-se que as aplicações em diferentes
modalidades de investimentos tiveram maior probabilidade de ocorrer para maiores escolaridades (a
partir de superior incompleto ou de superior completo).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na comparação das duas bases de dados, deve-se levar em conta que estas diferiam quanto às populações alvo,
sendo que a pesquisa da ANBIMA englobou as classes À, Be C e a população de indivíduos com no mínimo 16
anos e a da B3 englobou as classes A, B e a população de indivíduos entre 18 e 65 anos. Ambas as pesquisas
foram realizadas no ano de 2018.
Verificou-se, entre ambas as pesquisas, uma grande diferença nas proporções de quem tinha algum investimento
no ano de 2018 (25,69% na pesquisa da ANBIMA e 82,00% na pesquisa da B3). Também se verificou que as
proporções de quem tinha algum investimento em renda fixa e em renda variável mostraram diferença relevante
entre os dois bancos de dados estudados, sempre com maior número de investidores na pesquisa B3 que
englobou em sua pesquisa somente indivíduos pertencentes às classes A e B. Na ANBIMA foi observado que 7,1%
da amostra investiu em produtos de renda fixa, enquanto 0,5% da amostra investiu em produtos de renda
variável. Já na B3, foi observado que 72% da amostra investiu em produtos de renda fixa, enquanto 15% da
amostra investiu em produtos de renda variável.
Concluiu-se assim que, para investimentos em geral e para cada modalidade de investimento, existem variáveis
que caracterizam o perfil de seus dos investidores, características estas expostas no texto, e que mesmo tendo
populações alvo distintas houve coincidências em vários resultados obtidos na análise do perfil dos investidores
nas duas pesquisas.
REFERÊNCIAS
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS - ANBIMA. Raio X
investidor. São Paulo: 2018. Disponível em: https://www.anbima.com.br/pt br/especial/raio-x-do-investidor-
2018.htm. Acesso em: 05 out. 2019.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS - ANBIMA. Raio X
investidor. São Paulo: 2019. Disponível em: https://www.anbima.com.br/pt br/especial/raio-x-do-investidor-
2019.htm. Acesso em: 12 out. 2019.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS - ANBIMA,
Principais custos sobre os investimentos. Como Investir, Anbima, São Paulo: [20207]. Disponível em:
https://comoinvestir.anbima.com.br /escolha /compreensao-do-mercado /principais-custos-sobre-os-
investimentos /*:-:text=Taxa%20de%20administra%C3%A7%C3%A30%3A%20cobrada%20pelo,de%20gest%C3%
A30%20do%20seu%20investimento. Acesso em: 07 jul. 2020.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO E POUPANÇA - ABECIP. Favorita dos
brasileiros, poupança tem vantagens como ausência de taxas e de cobrança de IR. São Paulo,13 maio 2019. Disponível
em: https://www.abecip.org.br /imprensa noticias /favorita-dos-brasileiros-poupanca-tem-vantagens-como-
ausencia-de-taxas-e-de-cobranca-de-ir. Acesso em: 15 abr. 2020.
[5] B3. B3 lança pesquisa “Ecossistema do Investidor Brasileiro”. São Paulo, 19 mai. 2019a. Disponível em:
http://www.b3.com.br/pt br/noticias/relacionamento.htm. Acesso em: 28 set. 2019.
[6] BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A.J. 2014, Fundamentos de Investimentos, 9 ed, dados eletrônicos. Porto
Alegre: AMGH, 2014, [recurso eletrônico].
[7] BRITO, O. Guia prático de economia e finanças. São Paulo: Saraiva, 2016.
[8] D'ÁVILA, M; CUTAIT, B. Fundos imobiliários atingem recorde de 500 mil investidores pessoas físicas, um
terço do total em Bolsa. Infomoney, São Paulo, 25 nov. 2019. Disponível em: https://www.infomoney.com.br /onde-
investir /fundos-imobiliarios-atingem-recorde-de-500-mil-investidores-pessoas-fisicas-um-terco-do-total-em-bolsa.
Acesso em: 25 nov. 2019.
[9] DESSEN, M. Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2015.
[10] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativas da População. Tabelas -2019. Rio de
Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br /estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-
populacao.html?=&t=resultados. Acesso em: 30 jun. 2020.
[11] LARGHI, N. Com coronavírus, Ibovespa acima dos 100 mil pontos só em sonho mesmo. Valor investe. Globo.
Rio de Janeiro. 26 mar. 2020. Disponível em: https: //valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-
indices /noticia/2020/03/26/com-coronavirus-ibovespa-acima-dos-100-mil-pontos-so-em-sonho-mesmo.ghtml.
Acesso em: 26 jun. 2020.
[12] LEAL, €. P.; NASCIMENTO, J. A. R. Planejamento financeiro pessoal. Revista de Ciências Gerenciais. v. 15, n.
22, Brasília, 2011, p. 163-186. Disponível em: https://docplayer.com.br/73803087-Planejamento-financeiro-
pessoal.html. Acesso em: 28 set. 2019.
[13] MONTGOMERY, D. €.; RUNGER, G. €. Estatística Aplicada e Probabilidade para Engenheiros. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2018.
[14] NIGRO, T. Do mil ao milhão: sem cortar o cafezinho. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018.
[15] PASCALICCHIO, A. C.; BERNAL, P.S. M. Gestão de finanças e investimentos: Guia prático. São Paulo: Editora
Érica, 2012.
[16] POMPIAM, M. M. Behavioral finance and wealth management: how to build optimal portfolios that account
for investor biases. New Jersey: John Wiley & Sons, 2012.
[17] REILLY, F. K.; NORTON, E. Investimentos. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
[18] RODRIGUES, A. €. A evolução do mercado de capitais brasileiro e o perfil do acionista minoritário no Brasil, v.
16, n.2, p. 107-128, 2012. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas /uel/index.php/iuris/article/view/14005/11817. Acesso em: 15 out. 2019.
[19] SANTOS, J. O. Finanças pessoais para todas as idades: um guia. São Paulo: Atlas, 2014.
[20] SIEGEL, S.; CASTELLAN JR, N.]. Estatística não-paramétrica para ciências do comportamento. Métodos de
Pesquisa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
[21] SOUSA, F.; DANA, S. Como passar de devedor para investidor - Um guia de finanças pessoais (e-Pub), São
Paulo: Cengage Learning, 2012.
Capítulo 9
Métodos estatísticos para o auxílio à tomada de
decisão: Um estudo de caso de uma microempresa de
buffet fast food
Waleska de Fátima Monteiro
Alex Paranahyba de Abreu
Cássia Oliveira de Mattos
Karla Fabrícia Neves da Silva
Miguel Gonçalves de Freitas
Resumo: O planejamento estratégico tem cada vez mais feito parte das micro e pequenas
empresas (MPE) brasileiras e isso pode ser observado pelo decréscimo em sua taxa
encerramento de atividades. Porém, além de um bom planejamento, o sucesso de uma
organização depende de sua boa gestão. Para isso, métodos quantitativos vêm sendo
progressivamente utilizados nas MPEs para auxiliá-las na tomada de decisão. Este artigo
busca discutir a utilização de métodos de estatística descritiva e regressão linear
múltipla a fim de se obter inferências quanto às mudanças organizacionais em uma
empresa de Buffet Fast Food que atua na região metropolitana de Goiânia (GO). Conclui-
se, com boa aproximação, que o modelo de regressão linear pode servir como método
preditivo para o pagamento. Além disso, pôde-se observar convergência quanto à
contratação de determinados serviços.
Palavras-chave: Tomada de Decisão; Micro e Pequenas Empresas; Métodos
Quantitativos; Regressão Multivariada.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
O setor de serviços representa 36,6% dos pequenos negócios no Brasil, segundo o levantamento feito pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae (2016). Em vista disso, dentro deste
se encontra àqueles relacionados à alimentação e oferta de bebidas, que possuem uma parcela de 16% do
total do setor supracitado. Dessa forma, infere-se que o subsetor referido possui uma parcela de mercado
relativamente grande, ou seja, está inserido em um âmbito com uma competitividade considerável.
Dessarte, verifica-se que estas empresas precisam buscar meios para sobreviver, se destacar no mercado e
se tornarem mais ativas e competitivas.
Além disso, foi evidenciado pela mesma pesquisa do Sebrae que uma das principais causas dos
fechamentos das MPE's (Micro e Pequenas Empresas) estão atadas com a falta de um planejamento
estratégico. Visto que a partir dele, é possível ter uma análise dos cenários a qual a empresa está inserida,
permitindo um diagnóstico de prováveis oportunidades e melhorias a serem realizadas pela mesma.
Partindo desse pressuposto, uma boa estratégia para ter a percepção do cenário interno, é identificar
possíveis desperdícios ou custos desnecessários. Estes podem estar vinculados a produtos que estão em
sua fase terminal ou que não são bem aceitos pelo mercado, agregando apenas custos que poderiam estar
sendo alocados em um novo tipo de produto ou até mesmo em investimento tecnológico para melhoria
dos já existentes. Logo, ter o conhecimento da relevância dos produtos ofertados por uma empresa é uma
alternativa eficiente para a tomada de decisão sobre quais itens são pertinentes ou não a se permanecer
no portfólio da empresa.
Assim sendo, a utilização de modelos matemáticos é uma excelente alternativa para o gestor sistematizar
suas decisões, pois esses evidenciam quantitativamente a real situação da empresa. Tal como verificou-se
na pesquisa de Santos et al (2016), na qual provaram que as ferramentas estatísticas possibilitam o
crescimento e desenvolvimento da empresa, uma vez que a partir delas os problemas são identificados e
resolvidos, quando atrelados aos diagnósticos resultantes da análise estratégica da empresa no mercado.
O objetivo deste trabalho, portanto é verificar, a partir da estatística descritiva e da regressão linear
múltipla, quais são os produtos mais relevantes do portfólio de uma microempresa de buffet fast food
localizada em Goiânia (GO) e assim auxiliar na tomada de decisão quanto a permanência dos produtos no
portfólio do empreendedor.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Em pesquisa realizada pelo Sebrae foi identificado que, dentre as empresas criadas em 2012, o percentual
de empresas que encerram seus serviços em até dois anos foi de 23,4%. Essa taxa foi menor quando
comparada às empresas criadas em 2010 (que era de 45,8%). A partir dessa diminuição é possível inferir
que as empresas, mesmo as mais recentes, têm elevado seu nível de competitividade e, de fato, os
empresários estão profissionalizando a gestão de seus negócios. O estudo identificou também que as
principais causas dessa taxa são: (1) nível de conhecimento do empresário antes da abertura; (2) falta de
planejamento adequado; (3) gestão ineficaz; e (4) baixa capacitação dos donos (SEBRAE, 2016).
Um dos indicadores presentes em todos estes aspectos é o nível de incerteza. Este nível pode variar de
negócio a negócio a depender, por exemplo, do setor em que a empresa está inserida, seus concorrentes e
seus consumidores. O trabalho feito por Lombardi e Brito (2010) buscou mensurar a incerteza quanto à
tomada de decisão dos gestores. Para tal, primeiramente buscaram definir o conceito de incerteza que,
segundo os autores, é a percepção do gestor sobre existência de informação necessária para prever o
futuro em sua atividade empresarial. Só então foi elaborada uma escala baseada em três dimensões: (a) de
estado, (b) de efeito e (c) de resposta. A descrição de cada dimensão é apresentada pela Tabela 1. O
trabalho contribui, de forma prática, com a oferta de estrutura de análise para a estratégia (ajudando a
mapear as lacunas).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 1 - Dimensões de percepção de incerteza
Dimensão Descrição
Quanto os administradores percebem o ambiente organizacional, ou um
Incerteza de estado l : ca a
componente particular do ambiente que seja imprevisível.
; A habilidade do indivíduo em prever os impactos dos eventos do ambiente
Incerteza de efeito ar
em sua organização.
Incerteza de Compreensão de quais opções de resposta está disponível para a
resposta organização e qual o valor e utilidade de cada uma delas.
Fonte: Adaptado de Lombardi e Brito (2010, p. 1000).
A combinação dos fatores elencados pelo Sebrae, que contribui para o aumento do nível de incerteza
presente na organização, leva à ineficácia e ineficiência na tomada de decisão dos gestores e,
consequentemente, o aumento de desperdício de recursos humanos, tecnológicos e materiais. Diversos
pesquisadores vêm formulando ferramentas que auxiliam a decisão, ou seja, na redução da incerteza. É
consenso que análises de dados quantitativos, se feita de forma sensata, são a principal contribuição para
o sucesso nas decisões empresariais. Dentre esses dados, os pesquisadores destacam as informações
contábeis (SELL, 2005; IGNÁCIO, 2012).
Métodos quantitativos robustos, como a regressão multivariada, são amplamente utilizados pela
literatura. Coelho et al. (2004) utiliza este método para se obter um modelo preditivo de um insumo do
processo metalúrgico. Os autores constatam que, se atualizado constantemente, este modelo pode auxiliar
com eficácia a tomada de decisão.
Também utilizando a regressão linear, Santos, Alves e Almeida (2007) descrevem o comportamento no
que tange a elaboração de estratégias. A pesquisa contribui para demonstração de constatações teóricas.
Para isso, analisou-se os resultados dos coeficientes de cada índice obtidos de cada variável.
A partir dos dados do balanço patrimonial da Petrobras, Bastos, Guimarães e Severo (2015) analisam o
auxílio ao aumento de ativos circulantes da organização. A conclusão foi obtida dos resultados de índices
da regressão e análises de covariância e correlação. Além disso, os autores evidenciam a possibilidade de
se analisar também o passivo total.
Pela perspectiva do cliente, Ribeiro e Freitas (2012) avaliam o grau de satisfação dos passageiros com
relação ao serviço de transporte rodoviário intermunicipal. Os resultados obtidos apresentam os critérios
de qualidade que têm maior relevância para os consumidores.
A fim de identificar quais informações contábeis são mais relevantes ao pequeno empreendedor, Barbosa
(2010) cita os indicadores que melhor fornecem base para a tomada de decisão. Estes indicadores são:
liquidez seca (avalia a capacidade de pagamento em curto prazo, ou seja, descontando o estoque); liquidez
geral (analisa a capacidade de pagamento em longo prazo); liquidez corrente (evidencia a capacidade de
pagamento em curto prazo, considerando o estoque); análises vertical e horizontal (avalia tendências
futuras ao se analisar, respectivamente, grandezas de um determinado período de exercício e de mais de
um); e fluxo de caixa (fornece informações sobre as movimentações). O autor destaca que, para os
pequenos negócios, a análise que oferece melhores subsídios à tomada de decisão é a avaliação do fluxo de
caixa.
Também buscando elencar indicadores que facilitem a gestão empresarial, Carareto et al. (2006) avaliam
os tipos de custeio comumente utilizados pelas organizações. Baseado na classificação de custos, que
considera a natureza, a função, a contabilização, a apuração, a formação e a ocorrência, os autores
identificam os métodos: custeio por absorção, custeio variável, custeio ABC, custeio padrão e custeio meta.
Concluem que o método de custeio variável fornece base à tomada de decisão por permitir destacar os
produtos mais rentáveis e definir políticas de preço e desconto com menores riscos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Diante da elevada relevância das informações contábeis para a gestão empresarial, questiona-se se as
pequenas empresas as utilizam. Para sanar essa dúvida, Moreira et al. (2013) estuda a percepção das
MPEs quanto a utilidade dessas informações para a tomada de decisão. Os autores concluem que, por mais
que alguns gestores acreditem que os contadores podem auxiliar a gestão, na realidade a principal função
desses profissionais é cuidar da parte fiscal da organização.
Tendo isto em vista, Stroeher e Freitas (2008) contribuem para o ponto de vista do contador a fim de
apontar melhores práticas para que eles possam ser decisivos para a gestão do negócio. Assim,
evidenciam que os indicadores importantes para o processo decisório são: ponto de equilíbrio,
endividamento, faturamento, custos, despesas, preço de venda e margem de lucro. Para reportar
sugestões aos gestores são utilizados os relatórios. Os autores apontam que os relatórios devem ser úteis,
oportunos, claros, íntegros, relevantes, flexíveis, completos e preditivos e direcionados à gerência.
3. METODOLOGIA
Os dados cedidos pela empresa são compostos por registros dos contratos dos eventos realizados pela
organização entre 2006 e 2017. Cada registro, por sua vez, contêm a data da realização do evento, o
pagamento pelo serviço e a quantidade contratada de cada item do cardápio (que totalizam 44 itens). O
banco de dados é composto por 552 registros.
Entretanto, com o intuito de se realizar uma análise mais concisa, filtrou-se os itens do cardápio que estão
presente no mínimo 15% dos eventos realizados pela empresa.
Além disso, com o intuito de se analisar os anos de 2006 a 2016 e comparar com o ano de 2017, foram
separado apenas os dados anteriores a 2017, excluindo-se os outliers para não haver amostras anormais
que não condizem com os eventos da empresa. Assim sendo, os números totais de serviços analisados
reduziram para 438. A Figura 1 mostra a relação de quantidade de eventos da empresa à cada ano de
operação de 2006 à 2017.
Figura 1 - Quantidade de eventos nos anos entre 2006 e 2017
“alli.
l4 2015 2016 201
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 20
Fonte: Elaborado pelos autores.
Como pode ser visto na figura, grande parte das amostras de eventos estão situadas antes do ano de 2017.
Assim sendo, demonstra-se que há uma quantidade satisfatória para se comparar aos dados de 2017.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Ademais, por se tratar de um recorte temporal “grande”, a desvalorização monetária torna-se relevante
para a precisão das análises. Assim, fez-se uma atualização monetária nos pagamentos realizados
utilizando a taxa de inflação IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) com ano base de
2017, este índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019). Além disso, o
software R foi utilizado para se realizar a regressão linear múltipla proposta, a qual conta com um grande
arsenal de ferramenta estatísticas.
3.1. REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA
A técnica escolhida, regressão linear múltipla, é realizada ao se ajustar, por meio da otimização dos
Mínimos Quadrados Ordinários- (MQO). Desse modo, obtêm-se uma equação geral que explica a relação
das variáveis escolhidas que influencia a variável dependente de interesse, obtendo o menor erro possível,
(BUSSAB; MORETTIN, 2010):
v= 6 + LAB a) + é (1)
De forma que, 6, é o parâmetro que não depende de nenhuma variável, a constante do modelo que
identifica o ponto inicial da reta da regressão, e 8; : x; é a multiplicação dos parâmetros (f;) que dão peso
para cada variável (x,) multiplicado por cada variável, e (£) é o erro ou resíduo da regressão. Logo, MQO
tem por objetivo estimar uma reta com o menor erro possível, dada as combinações entre as variáveis
independentes e seus parâmetros.
A equação acima, segundo Greene (2012), é um dos métodos mais utilizados na econometria. Possui essa
denominação por minimizar os erros quadrados de estimação entre os valores observados e os valores
preditos, em outras palavras, o método minimiza os resíduos.
Este método exige, no entanto, que sejam feitas uma série de hipóteses sobre a relação, a distribuição
assintótica e o processo gerador de dados das variáveis selecionadas, devendo ser bem satisfeitas para
garantir a consistência e eficiência do estimador de MQO. Para estimar a relação descrita na equação 1,
tome seis hipóteses básicas do estimador clássico: Linearidade, a relação entre os parâmetros é linear;
Rank completo, não há multicolinearidade perfeita entre variáveis explicativas e não há mais parâmetros a
serem estimados do que observações disponíveis no conjunto de dados; Exogeneidade, não existe
causação circular entre y e uma ou mais variáveis explicativas, nem que existem variáveis omitidas
relevantes que estejam correlacionadas com as variáveis explicativas captadas no modelo; Ausência de
heterocedasticidade e não autocorrelação; e Processo gerador de dados, x; pode ser uma combinação de
valores aleatórios ou constantes, com médias e variâncias de z independentes de todos os elementos de y
(GREENE, 2012).
Além das hipóteses acima, segundo Bussab e Morettin (2010), é prudente avaliar o nível de significância
das variáveis independentes. Conforme apreciação dos autores há um valor de significância mínimo para
cada variável independente ser incluída ou não na equação geral. Quanto maior o valor de significância,
menor a quantidade de variáveis dependentes inclusas na equação geral, a qual poderia ser muito
influente no resultado. Entretanto, quanto menor o valor de significância, maior a chance de entrada de
variáveis que não influenciem realmente o resultado final, e assim, acarretando erros na previsão.
A escolha do valor de significância é determinada de acordo com tipo de análise, podendo ser qualquer
valor. Todavia, para se certificar que uma variável é incluída ou não, analisa-se o p-valor obtido, que é
usado para aceitar uma hipótese ou rejeitá-la. Assim sendo, quando o p-valor for menor que o valor de
significância, rejeita-se a hipótese de que a variável não é significante ao modelo. Caso contrário, aceita-se
a hipótese nula, de forma que a variável deve ser retirada do modelo devido a sua insignificância. Desse
modo, o valor de significância utilizado nesta análise para todas variáveis é de 1% devido à grande
quantidade de amostras (BUSSAB; MORETTIN, 2010).
Para obter uma medida do grau de ajuste do modelo será empregado o R-quadrado ajustado (R2). O R?
resultante de uma regressão linear demonstra a porcentagem de explicação da variável y em relação às
demais variáveis, levando em conta a quantidade e redundância das mesmas. Assim sendo, com o ajuste já
obtido, analisa-se o R? da equação para se avaliar a eficiência do modelo obtido a partir dos graus de
liberdade.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
o (2)
R2=1- E) (2)
n-1
Em que SQR é a soma dos quadrados dos resíduos, SQT é a soma dos quadrados totais, n — k é o grau de
liberdade, em que n representa o número de observações e k representa o número de variáveis.
4. RESULTADOS OBTIDOS
A partir da filtragem de 15% supracitada, obteve-se que 12 itens do portfólio estavam presentes nos
eventos realizados, sendo eles: Algodão Doce (x1), Batata Palito (x2), Bebidas (x3), Crepe Suíço (x4),
Garçons (xs), Hot Dog (xe), Milk Shake (x7), Mini Churrasco (xs), Mini Hambúrguer (x9), Mini Pastel (x10) e
Mini Pizza (x11) e Pipoca (x12). A Figura 2 demonstra a quantidade total requerida desses itens durante os
anos de 2006 à 2016.
Desse modo, essas foram as variáveis utilizadas no modelo, sendo elas quantitativas, exceto x1,x3 e x12, que
são qualitativas e classificadas como dummy's, que se tratam de variáveis binárias assumindo apenas um
de dois valores (0 ou 1) para indicar a presença ou ausência de determinada característica. Por fim,
constata-se que os itens filtrados estão presentes em 79,34% de todos os eventos contabilizados, ou seja,
estes compõem os produtos mais relevantes para a empresa.
Figura 2 - Quantidade de itens contratados nos eventos de 2006 à 2016
É
] ?
Fonte: Elaborado pelos autores.
Logo, verificou-se o p-valor das 12 variáveis, constatando a não significância dos coeficientes de apenas
uma destas para o ajuste, sendo ela o algodão doce. Desse modo, a Tabela 2 apresenta as variáveis
significativas para o modelo bem como seus coeficientes, que representam seu preço por unidade
contratada, e ainda, os intervalos de confiança obtidos para cada variável do ajuste.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 2 - Intervalos de confiança e valor médio de cada variável
VARIÁVEL INFERIOR PONTUAL SUPERIOR
Batata Palito 3,38 4,57 5,75
Bebidas 527,71 715,26 902,8
Crepe Suíço 2,85 3,58 4,3
Garçons 408,61 469,74 530,87
Hot Dog 5,68 7,44 9,2
Milk Shake 5,04 6,39 7,74
Mini Churrasco 3,04 3,75 4,46
Mini Hambúrguer 0,72 1,93 3,13
Mini Pastel 2,14 2,83 3,51
Mini Pizza 0,98 2,26 3,53
Pipoca 207,63 340,59 473,55
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para avaliar, primeiramente, a qualidade do ajuste, analisou-se, o histograma da dispersão dos resíduos
(Figura 3). E assim, pode-se verificar que a distribuição dos resíduos se assemelha a uma distribuição
normal (representada em azul na Figura 3). Logo, conclui-se que os coeficientes da regressão se ajustam
bem aos dados utilizados.
Figura 3 - Histograma dos resíduos e curva de distribuição normal
o
o
e
o
3
o
D
ru
Wu.
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Além disso, realizou-se o teste de normalidade de Lilliefors desses resíduos. Observa-se que o erro
absoluto médio encontrado é de 244,56. E com o resultado do teste obteve-se o p-valor = 0,0193 > 0,01.
Dessarte, conclui-se a existência de distribuição normal, assim assume-se que o modelo se ajusta
adequadamente para possíveis previsões.
Assim sendo, a avaliação da qualidade do ajuste contou também com a análise do R? e com a estimativa de
pagamento dos eventos do grupo de controle. O RZobtido é 0,9368, logo, 93,68% da variação do
pagamento é explicado pelas variáveis endógenas ao modelo. A comparação entre os valores previstos e
os valores observados é representada na Tabela 3 de forma resumida.
Tabela 3 - Valores previstos e valores observados
Média do pagamento
observado
Média do pagamento previsto Média do erro
R$ 1530,94 R$ 1607,34 R$ 76,40
Fonte: Elaborado pelos autores.
Observa-se que ao se aplicar o filtro na amostra foi possível determinar os serviços de maior relevância
para a empresa (Algodão Doce, Batata Frita, Bebidas, Crepe Suíço, Garçons, Hot Dog, Milk Shake, Mini-
Churrasco, Mini-Hambúrguer, Mini-Pastel, Mini-Pizza e Pipoca) e os seus preços encontrados pelo modelo.
O Algodão Doce, mesmo se mostrando relevante nos resultados do filtro, foi qualificado como não
significante para a regressão. Logo, não é responsável por variações significantes no pagamento.
Dessa forma, verificando que o modelo retornou um bom ajuste para os dados, a empresa foi contatada
para esclarecer o motivo pelo qual o algodão doce se encontrara com um preço unitário nulo. E assim, a
mesma informou que o item em questão é utilizado como uma estratégia comercial de forma a fidelizar o
cliente, não sendo comercializado de fato.
E ainda, para uma análise mais concisa e com um maior embasamento, seria imprescindível ter o
conhecimento dos custos relativos a cada produto ofertado, as despesas, ponto de equilíbrio, faturamento
e fluxo de caixa, podendo verificar quais itens são realmente lucrativos e aqueles que acarretam prejuízos,
para uma decisão mais assertiva sobre quais manter no portfólio da empresa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação ao proposto pelo o artigo, houve bons resultados na filtragem ao se analisar que apenas 12
itens de 44 itens disponibilizados pela empresa são presentes em no mínimo 15% dos eventos realizados.
De modo que, grande parte dos itens não possui demanda o suficiente que justifiquem a disponibilização
de tais itens no cardápio. Além disso, dentre os 12 itens, o Algodão-Doce houve uma participação não
relevante na receita total de cada evento. Entretanto, diferente dos outros itens filtrados, este item está no
cardápio com o intuito de aumentar, por meio da fidelização de clientes, o número de eventos contratados.
Desse modo, é visto um bom desempenho de modelos matemáticos, tais como análise descritiva e
regressão linear múltipla para a tomada de decisão em uma pequena empresa de buffet fast food.
Entretanto, para fins de maior análise é necessário, além da importância de cada variável para a receita
final da empresa em cada evento, uma relação de lucro com cada item. Isto é, para o auxílio na tomada de
decisão com o intuito de estabelecer um foco da empresa para certos itens com maior rentabilidade
financeira.
Assim sendo, como perspectivas futuras de trabalho, é utilizar modelos matemáticos para a análise do
custo e por ventura, o lucro, de cada variável significante. Além de identificação de um método estatístico
para a previsão da demanda.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Eder Angelo Milani por toda atenção, orientação e ajuda oferecida na disciplina de
Inferência, nos motivando a realizar esse artigo. À empresa de Buffet Fast Food por ter se empenhado em
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
nos fornecer os dados e sanar as dúvidas acometidas ao longo da pesquisa.
REFERÊNCIAS
[1] BARBOSA, Heitor Monteiro. A análise de demonstrativos financeiros como ferramenta para tomada de
decisão nas micro e pequenas empresas. Scientia FAER, v. 2, p. 32-52, 2010.
[2] BASTOS, E. V. P.; GUIMARÃES, ]. C. F.; SEVERO, E. A. Modelo de regressão linear para análise de Investimentos
em uma empresa do ramo petrolífero. Revista Produção e Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 77-88, 2015.
[8] BUSSAB, Wilton Oliveira; MORETTIN, Pedro Alberto. Estatística Básica. 62 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
[4] CARARETO, Edson Soares et al. Gestão estratégica de custos: custos na tomada de decisão. Revista de
Economia da UEG, v. 2,n. 2, p. 1-24, 2006.
[5] COELHO, Robson Jacinto et al. Modelos de previsão da qualidade metalúrgica do coque a partir da qualidade
dos carvões individuais e do coque obtido no forno-piloto de coqueificação. Rem: Revista Escola de Minas, v. 57,n.1,
p. 27-32, 2004.
[6] GREENE, W. H. Econometric analysis. 7th ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2012.
[7] IBGE. IPCA: Séries Históricas. Jan, 2019. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br /estatisticas-
novoportal /economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=series-
historicas>. Acesso em: 21/02/2019
[8] IGNÁCIO, Sergio Aparecido. Importância da estatística para o processo de conhecimento e tomada de
decisão. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 118, p. 175-192, 2012.
[9] MOREIRA, Rafael de Lacerda et al. A importância da informação contábil no processo de tomada de decisão
nas micro e pequenas empresas. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 10, n. 19, p. 119-140, 2013.
[10] RIBEIRO, A. €. S.; FREITAS, André Luís Policani. Emprego da análise de regressão múltipla na identificação
dos fatores relevantes na qualidade do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros. Anais do XIX Simpósio de
Engenharia de Produção, SIMPEP, Baurú, SP, 2012.
[11] SANTOS, Leonardo L. da S.; ALVES, Ricardo C.; ALMEIDA, Kenneth N. T. Formação de estratégia nas micro e
pequenas empresas: um estudo no centro-oeste mineiro. Revista de Administração de Empresas, v. 47, n. 4, p. 1-15,
2007.
[12] SEBRAE. Sobrevivência das Empresas no Brasil. Brasília, 2016.
[13] SELL, Isair. Utilização da regressão linear como ferramenta de decisão na gestão de custos. In: Anais do
Congresso Brasileiro de Custos-ABC. 2005.
[14] STROEHER, Angela Maria; FREITAS, Henrique. O uso das informações contábeis na tomada de decisão em
pequenas empresas. Revista de Administração Eletrônica. São Paulo, v. 1,n. 1, p. 1-25, 2008.
Capítulo 10
O marketing de relacionamento aplicado ao ambiente
e-commerce no setor de varejo
Filipe Ribeiro da Silva
Resumo: A evolução tecnológica vem promovendo de maneira rápida, diversas
mudanças no mundo digital e consequentemente em nossa sociedade, principalmente
pela disseminação da internet globalmente. Anualmente o número de usuários da
internet vem crescendo, portanto, o atual cenário global proporciona uma fértil área de
estudo para os mercados digitais, que hoje em dia representam uma grande parcela do
mercado mundial, abordaremos aqui o e-commerce. Nesta pesquisa o tema, fidelização
do cliente, que opta por comprar na internet através do mercado eletrônico será o foco
desenvolvido nas linhas posteriores, com a fidelização apoiada nos conceitos e
estratégias do marketing de relacionamento para demonstrar como aumentar as vendas
no mercado de varejo.
Palavras-chave: E-commerce, Varejo, Fidelização, SOWT, Marketing.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
A evolução tecnológica vem promovendo de maneira rápida, diversas mudanças no mundo digital, hoje
em dia é quase inimaginável não ficar conectado, trocando mensagens com amigos ou familiares,
analisando a melhor rota para o seu destino, avaliando produtos ou empresas, comparando preços e
realizando suas compras em lojas que não existem fisicamente somente pela tela do seu celular ou
computador.
Segundo versa Boone e Kurtz (2003), o e-commerce pode ser definido como uma atividade de marketing
usada na prospecção de clientes via coleta e análise de dados oriundos de negociações, no gerenciamento
de transações comerciais entre os clientes e na manutenção do relacionamento com os consumidores
através da internet.
O conceito de e-commerce usado por Boone e Kurtz (2003), pode ser associado também diretamente ao
marketing, que será por sua vez, o método utilizado neste estudo através do marketing de relacionamento
para alcançar o objetivo proposto. Segundo Pepers e Rogers (1997, p. 152), “Somente a intimidade com o
cliente pode efetivamente criar uma vantagem competitiva, duradoura e sustentável”. Assim, esta relação
mais próxima com o consumidor é o plano alvo que o marketing de relacionamento almeja alcançar.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. CONCEITO E A EVOLUÇÃO DO MARKETING
O marketing é conceituado por diversos autores como sendo uma ferramenta para alcançar determinados
objetivos dos consumidores e das empresas, de acordo com Kotler (2000, p. 30), marketing é definido
como sendo um processo social no qual pessoas ou grupo de pessoas adquirem o que elas necessitam ou o
que desejam com a criação, oferta e negociação livre de produtos e serviços de valor. Nóbrega
complementa ainda, “Marketing é despertar nos consumidores suas necessidades reprimidas e
demonstrar como supri-las através de produtos e/ou serviços.” (NÓBREGA, 2008).
2.2. ERAS MARKETING
Anderson Carvalho (2010) descreve a primeira era acontecendo em meados de 1925 no qual é conhecida
como Era da Produção, esta era se caracteriza pela produção em grandes volumes e alta demanda de
produtos. Nesta época, o mercado era denominado pela voracidade no consumo o que culminava em
desequilíbrio, uma vez que a demanda era bem superior a oferta dos produtos. Por conta desse universo
desequilibrado os preços e os produtos eram oferecidos aos consumidores de acordo com seu bel-prazer,
deixando o cliente sem escolha, pois não havia outra opção de compra.
Já a Era do Marketing, nasceu em 1950 e persiste até os dias atuais, ainda segundo Anderson Carvalho
(2010), houve períodos de mudança na estratégia utilizada dentro da era do marketing. De 1950 ao final
dos anos 80, as companhias focavam em aumento de vendas dos seus produtos e aquisição de novos
clientes, já a partir dos anos 90 até os anos atuais, o foco passou a ser a manutenção dos clientes já
existentes, construindo um relacionamento mais próximo nas relações comerciais no intuito de fidelizar o
cliente. Esse novo modelo de marketing passou a ser conhecido como marketing de relacionamento. A
Figura 1 a seguir, apresenta as eras do marketing.
Figura 1- Eras do Marketing
ERA DE PRODUÇÃO (1860 - 1925)
ERA DE VENDAS ( 1925-1950)
ERA DE MARKETING (1950 - FIM DOS
ANOS 1980)
ERA DO MARKENTING DE
RELACIONAMENTO (FIM DOS ANOS 1980
- DIAS ATUAIS)
Fonte: Alves, Fernanda Miranda. Marketing de relacionamento com o cliente e a fidelização do
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
consumidor (2018).
2.3. MARKETING DE RELACIONAMENTO
Marketing de relacionamento é o marketing orientado para o lucro, visando a satisfação do cliente para
alcançar esse objetivo. Zenone (2010, p.48), descreve da seguinte forma:
“É uma ferramenta que busca criar valor pela intimidade com o cliente e tornar a oferta tão adequada, de
modo que o cliente prefira manter-se fiel à mesma empresa. Ou seja, a empresa conhece o cliente tão
profundamente, tornando desinteressante para ele buscar novos fornecedores. Dessa forma, o cliente
voluntariamente reduz as suas opções de fornecedores.”
Para Seybold (2000) fidelização do cliente é importante e surge através do marketing de relacionamento e
do empenho de vendas repetidas. Os clientes almejam um relacionamento duradouro, no qual seus
desejos e necessidades individuais sejam não só no momento da compra daquela compra pontual, mas
também no futuro.
2.4, MATRIZ SWOT
A sigla SOWT origina-se das iniciais das palavras: Strengths (Força), Weaknesses (Fraquezas),
Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). O fundador dessa técnica é chamado por Kenneth
Andrews e Roland Christensen, e tem como objetivo principal aprimorar o planejamento estratégico da
empresa (FEIL; HEINRICHS, 2012).
Divide-se na análise SWOT o ambiente em interno e externo, no qual o interno é referente a própria
organização e se relaciona com os pontos fortes e os pontos fracos da empresa. Já o externo, refere-se aos
eventos que estão fora do controle da organização, tais como ameaças e oportunidades (RIBEIRO 2015),
representado pelo esquema abaixo.
Figura 2 - Matriz SWOT
g
F)
!
Externos
(Ambiente)
Fonte: Portal da Administração (2014).
2.5. CONCEITO DE E-COMMERCE E SEUS TIPOS
Podemos definir e-commerce como sendo transações feitas digitalmente entre empresas e indivíduos, não
se limitando a uma organização com um indivíduo. Tais transações são trocas de produto ou serviços por
dinheiro (LAUDON; TRAVER, 2017).
Existem dois termos comumente usados entre os autores, e-commerce e e-business, no qual abre um leque
de discussão, visto que para alguns, e-commerce engloba todas as atividades digitais da empresa, com
inclusão da infraestrutura dos sistemas de informação (RAYPORT; JAWORSKI, 2003), já para outros, o e-
business é quem engloba todas as atividades digitais.
De maneira a definirmos uma linha de pensamento para conduzir o estudo, iremos trabalhar com o
conceito de Laudon (2017), que discorda com a afirmação que o e-commerce seja qualquer coisa digital
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
que a empresa realize, elaborando assim, que o e-business é toda transação, independentemente se ser
interna ou externa e inclui também o sistema de informação (LAUDON; TRAVER, 2017).
Laudon (2017) classifica o e-commerce em 5 tipos, no qual são classificados de acordo com a relação
comprador-vendedor, são eles:
a) B2C - Business-to-Consumer (Negócio para Consumidor): O B2C é o modelo mais comum utilizado
pelas companhias de varejo, essa modalidade se caracteriza pela venda de uma empresa a um
cliente, podendo ser uma venda de produtos, viagens, serviços, etc.
b) B2B - Business-to- Business (Negócio para negócios): é a compra e venda de produtos, serviços ou
informações pela internet entre empresas. Um exemplo clássico de B2B é a negociação entre
empresas para aquisição de matéria prima para a fabricação de outros produtos.
c) C2C - Customer to Customer (Cliente para Cliente): está modalidade é definida pela venda
realizada diretamente entre cliente para cliente. Exemplos práticos para essa modalidade são
representadas pela plataforma eBay, Airbnb, Uber, OLX, entre outras.
d) M-Commerce - Mobile e-commerce: classifica-se como M-commerce pelo meio no qual a compra é
realizada. Aqui são todas as compras efetuadas por meio de dispositivos móveis, como celulares,
tablets, etc.
e) Social E-commerce: Esse tipo de e-commerce acontece por meio de redes sociais, tais como
Facebook, Instagran, Pinteres, entre muitos outros. Existe uma convergência do Social e-commerce
com o Mobile E-commerce, uma vez que em muitos dos casos, as redes sociais são acessada
principalmente por dispositivos móveis (LAUDON; TRAVER, 2017).
3. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso comporta uma pesquisa de campo realizada pelo autor deste trabalho, onde se pretende
obter através do preenchimento de um formulário criado pelo autor com perguntas pré-definidas, dados
que irão guiar os demais passos da análise pretendida.
Para analisar o quanto os consumidores possuem sentimento de fidelização com a empresa Amazon,
foram elaboradas 16 perguntas, sendo 4 questões de livre escrita e 12 questões de múltipla escolha.
Apresentaremos somente questões chaves e através das respostas será realizada uma análise SWOT para
verificar os pontos fortes e fracos segundo os consumidores e usuários do sistema e-commerce no varejo
da Amazon. A pesquisa contou com um total de 29 participantes, um universo que compreendeu
consumidores ou não, de uma faixa etária entre 17 e 58 anos, atingindo clientes de várias faixas etárias
para uma análise mais consistente e diversificada.
3.1. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA E RESULTADOS
A pesquisa foi elaborada com um total de 16 questionamentos, distribuídas entre perguntas de múltipla
escolha e discursivas, sendo totalizadas 12 questões de múltipla escolha e 4 questionamentos discursivos.
Apresentaremos abaixo as questões relevantes ao artigo e seus resultados relacionando ao conteúdo
acadêmico discutido dos capítulos acima.
3.1.1 QUESTIONAMENTO 2 - ANÁLISE DE FAIXA ETÁRIA DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
O primeiro questionamento válido aborda a idade dos indivíduos que participaram da pesquisa, obtendo
assim um dado de faixa etária da população.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Gráfico 1 - Quantidade de respostas da pesquisa x Idade dos indivíduos participantes
Quantos aros você term?
Ziresposias
q
ERR]
DEDE |
en RERR | E ERMRRSERi] LERNER NERD ER ER
Fonte: Autor (2021).
O resultado demonstra uma variação de faixa etária entre 17 e 58 anos, onde se identifica uma
concentração maior de usuários entre 22 e 33 anos, indicando que os maiores consumidores da Amazon
são jovens entre essa faixa etária.
3.1.2 QUESTIONAMENTO 4 - VOCÊ JÁ EFETUOU ALGUMA COMPRA PELA INTERNET NA AMAZON
Obtive-se como resultado o indicativo de que 89,7% dos participantes já efetuaram compras pela e 10,3%
nunca efetuaram uma compra pela Amazon. O gráfico 2 abaixo demostra esse resultado:
Gráfico 2 - Quantidade de indivíduos que realizaram compras pela Amazon
Você já ofetuou alguma compra pela internet na Amazon
“o respostas
Fonte: Autor (2021).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
3.1.3 QUESTIONAMENTO 10 - ANÁLISE DE RETORNO DO CLIENTE PARA A AMAZON
Gráfico 3 - Avaliação do retorno do cliente
De acordo com sua experiencia, você voltaria a fazer compras online pela Amazon?
29 respostas
sm
O nao
O Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021).
Este item reforça o peso da marca, que mesmo apresentando alguns pontos fracos durante a pesquisa que
será discutida mais a frente, conseguiu conquistar a intensão de retorno do cliente, garantindo assim um
ciclo de compras, dando base à fidelização.
3.1.4 QUESTIONAMENTO 11 - ANÁLISE DOS PONTOS FORTES DA AMAZON SEGUNDO A VISÃO DO
CONSUMIDOR
Neste ponto da pesquisa os indivíduos serão questionados sobre os pontos fortes segundo sua opinião,
baseada em suas experiências com as aquisições anteriores. Pretende-se relacionar através de uma análise
SWOT, os pontos fracos, fortes, etc, obtidos na sequência de perguntas a seguir. Abaixo na figura 6,
apresentamos o questionamento 11.
Figura 3 - Questionamento 11
11. Quais são os pontos fortes na sua opinião que te fazem comprar na Amazon?
(Marque mais de uma alternativa)
Melhor Preço
Mais opções de produtos disponíveis
Qualidade dos produtos
Frete grátis
Entrega rápida
Fécil acesso e utilização
Falta de empresas concorrentes
Nunca compre: na Amazon
Fonte: Autor (2021).
Pode-se destacar com segurança que o item “Entrega Rápida” foi o ponto mais forte da marca Amazon,
com 62,1% de assinalações, seguido por “Frete grátis” com 51,7% e “Mais opções de produtos disponíveis”
como terceiro ponto mais forte com 48,3% percentuais. As opções “Melhor preço” e “Qualidade dos
produtos” ficaram fora do top 3, atingindo o mesmo percentual de relevância na opinião do consumidor,
com 41,4% das assinalações.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Gráfico 4 - Classificação de pontos fortes segundo o consumidor
Quais são os pontos fortes na sua opinião que te fazem comprar na Amazon? (Marque mais de
uma alternativa)
28 respostas
Melhor Preço 12 (41,4%)
Mais opções de produtos dispo...
Qualidade dos produtos
Frete grátis
Entrega rápida —18 (62,1%)
Fácil acesso e utilização
Falta de empresas concorrentes
Nunca comprei na Amazon
Facil acesso e utilização
Fonte: Autor (2021).
3.1.5 QUESTIONAMENTO 12 - ANÁLISE DOS PONTOS FRACOS DA AMAZON SEGUNDO A VISÃO DO
CONSUMIDOR
Figura 4 - Questionamento 12
12. Quais são os pontos fracos que na sua opinião que te fazem NÃO comprar na
Amazon? (Marque mais de uma alternativa) *
| Pior Preço
| Menos opções de produtos disponíveis
Qualidade dos produtos
| Frete caro
| Entrega demorada
Dificil acesso e utilização
Grande oferta de empresas concorrentes
Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021)
O gráfico 5 abaixo demonstra o resultado obtido neste questionamento, como principal ponto fraco, foi
escolhido pelos indivíduos da pesquisa o índice “Grande oferta de empresas concorrentes”, pontuado com
34,5%%, seguido por “Pior preço” com 27,6% e em terceiro, “frete caro” com 20,7% das assinalações.
Resultado que corroboram com os pontos fortes que os dados na questão anterior apresentam.
a
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Gráfico 5 - Classificação de pontos frágeis segundo o consumidor
Quais são os pontos fracos que na sua opinião que te fazem NÃO comprar na Amazon?
(Marque mais de uma alternativa)
29 respostas
Pior Preço
Menos opções de produtos dis...
Qualidade dos produtos
Frete caro
Entrega demorada
Difícil acesso e utilização |O (0%)
Grande oferta de empresas co... 10 (34,5%)
Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021).
3.1.6 QUESTIONAMENTO 13 - PRÍNCIPAÍS PLAYERS QUE OFERECEM AMEAÇA À AMAZON SEGUNDO
O CONSUMIR
Figura 5 - Questionamento 13
13. Na sua opinião, quem mais oferece riscos a Amazon?
Shoope Aliexpress
Magazine Luiza
Mercado Livre
Lojas Americanas
Via Varejo
Outro:
Fonte: Autor (2021).
Obteve-se como resultado, que o principal player que oferece maior risco à Amazon é a Shopee,
pontuando 37,9% das alternativas assinaladas, a segunda principal empresa que oferece risco é o Mercado
Livre com 24,1% e situada na terceira posição encontramos a Aliexpress com 20,7%. As demais empresas
apresentaram percentual de assinalação de 10,3% para as Lojas Americanas, 3,4% para a Magazine Luiza,
0% para a Via varejo e 3,4% dos participantes da população assinalaram não observar riscos para a
Amazon neste momento. O gráfico 6 abaixo detalha o resultado da pesquisa.
Gráfico 6 - Classificação dos players que oferecem mais riscos à Amazon
Na sua opinião, quem mais oferece riscos a Amazon?
29 respostas
O Shopee
O Ajliexpress
O Magazine Luiza
O Mercado Livre
O Lojas Americanas
O Via Varejo
O Não vejo ninguém neste momento
Fonte: Autor (2021).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
3.1.7 QUESTIONAMENTO 14 - PARTICIPAÇÃO NO CLUBE AMAZON(AMAZON PRIME)
14. Você possui Amazon Prime? *
Sim
Não
Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021)
Conforme retrata o gráfico 7 abaixo, a pesquisa obteve um total de 83,3% de assinantes do clube Amazon,
4,2% não fazem parte do clube e 12,5% nunca efetuaram compras pela Amazon, podendo ser
interpretados como não associados.
Gráfico 7 - Percentual de assinantes do Amazon Prime
Você possui Amazon Prime?
29 respostas
sm
O Não
O Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021).
3.1.8 QUESTIONAMENTO 15 - OPORTUNIDADES DE MELHORIA SEGUNDO OS CONSUMIDORES
Figura 7 - Questionamento 15
Is. Em que pontos a Amazon pode melhorar o seu atendimento, por favor, escreva
livremente tendo como base suas experiencias com compras efetuadas no site
da Amazon,
Fonte: Autor (2021).
Abaixo se apresenta as respostas à pergunta, podem-se resumir as principais pontuações, (aquelas com
maior incidência registradas pelos participantes da pesquisa) como sendo: prazo de entrega, preço dos
produtos, preço do frete e estoque limitado de produtos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 1 - Oportunidades de melhoria segundo os consumidores
Em que pontos a Amazon pode melhorar o seu atendimento, por favor, escreva livremente tendo
como base suas experiências com compras efetuadas no site da Amazon.
Rapidez da entrega.
Não sei.
Qualquer coisa que faça o cliente querer comprar lá, tipo acúmulo de pontos no geral que
possibilite descontos ou brindes.
Prazo de entrega.
Melhorar a variedades de Produtos.
Acho bom, então nada.
Em algumas empresas temos frete bem mais rápido, porém a Amazon não fica atrás. Falta alguns
produtos em estoque, principalmente no segmento de quadrinhos.
A amazon poderia melhorar nas promoções do amazom day. Colocam um livro somente na
promoção e olhe lá.
Eu acho que ela precisa melhorar na agilidade em compras feitas na pré venda e aumentar um
pouco a quantidade de seu estoque. Algumas hgs estão esgotando muito rápido.
Não me vem em mente algo que possa melhorar.
Perfeito.
parcelamento de compras.
O atendimento cumpre muito bem seu papel.
O frete poderia ser grátis para todos os produtos.
Disponibilidade de produtos, ás vezes.
Frete mais barato.
Melhorar preço dos produtos.
Tempo menor de SLA para atendimento nos canais de SAC
Nenhum.
Não aplicável.
Pode melhorar no tempo de envio.
3.1.9 QUESTIONAMENTO 16 - PRÍNCIPAÍS RISCOS SOFRIDOS PELA AMAZON EM COMPARAÇÃO AOS
CONCORRENTES, SEGUNDO AS EXPERIÊNCIAS DOS CONSUMIDORES PARTICIPANTES
Figura 8 - Questionamento 16
t6. Na sua opnião, baseado nas suas expriências, quais são OS principais riscos que
a Amazon corre em comparação às outras empresas do mesmo setor?
Fonte: Autor (2021).
Abaixo se dispõe das diversas respostas a esse questionamento, podemos resumir as principais
pontuações (aquelas com maior incidência registradas pelos participantes da pesquisa) como sendo: Falta
de preços competitivos, avanço das empresas asiáticas no mercado, prazo de entrega longo e falta de
investimento em marketing.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 2 - Principais riscos sofridos pela Amazon em comparação aos concorrentes, segundo as
experiências dos consumidores participantes
Na sua opnião, baseado nas suas experiências, quais são os principais riscos que a Amazon corre
em comparação às outras empresas do mesmo setor?
As empresas chinesas têm preços altamente competitivos.
Concorrência só.
Qualquer uma que apresente algo inovador primeiro. Tem muitas concorrentes, se não
diferenciar, vai ficar pra trás.
Preço e prazo.
Valor das mercadorias.
Preço muito variável em determinados produtos.
A falta de cupons de desconto, e faltam alguns produtos.
A Amazon tem de ponto negativo as promoções em campanhas promovidas por ela mesma. Isso
frustra o cliente, porém ela pode começar a perder receita devido a Shopee ter dado frete grátis
em diversas compras.
Eu acho que a Amazon é uma gigante e não vejo nenhum concorrente fazendo frente a ela.
Não vejo riscos.
Nenhum.
Bens substituíveis de outras empresas são mais barato.
Amazon corre poucos riscos devido a sua estratégia agressiva de preços.
À concorrência com empresas chinesas.
Não sei responder.
Talvez preço e frete.
Risco de substituição por outra empresa que ofereça mais promoções e ofertas.
Tempo de entrega: enquanto o Mercado Livre entrega no dia seguinte em outros estados, a
Amazon costuma demorar cerca de 7 dias.
Nenhum.
Diminuição de marketshare.
Corre o risco de perder clientes para empresas com maior marketing.
Fonte: Autor (2021).
3.1.10 QUESTIONAMENTO 17 - O QUANTO O CONSUMIDOR SE SENTE FIEL A AMAZON
Através deste questionamento, espera-se obter através de um percentual o quanto o consumidor se sente
fiel a Amazon. Essa questão dará base a afirmação da estimativa de fidelização atual da Amazon para com
o universo participante da pesquisa de campo.
a
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Figura 9 - Questionamento 17
17. Em uma análise geral, quão você se sente fiel a Amazon? Utilize como base de
resposta para essa pergunta, quanto (em percentual médio estimado) das suas
compras são realizadas na Amazon em comparação as compras efetuadas em
outras plataformas do mesmo tipo.
0320%
21340%
41 à 60%
61 à 80%
$1à 100%
Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021).
O gráfico 8 abaixo demonstra o resultado obtido com o questionamento 17. De acordo com os dados
obtidos, 37,9% dos participantes se classificam com sendo 41 a 60% fieis a Amazon, enquanto somente
17,2% dos participantes se classificaram como sendo 81 a 100%, a mesma taxa de 17,2% foi registrada
para a faixa de 61 a 80% de fidelidade, 13,8% classificaram O a 20% fidelizados e uma taxa de 3,4% se
definiram 21 a 40% fieis a Amazon.
Gráfico 8 - Percentual de fidelidade
Em uma análise geral, quão você se sente fiel a Amazon? Utilize como base de resposta para
essa pergunta, quanto (em percentual médio estimado) das suas compras são realizadas na
Amazon em comparação as compras efetuadas em outras plataformas do mesmo tipo.
29 respostas
00520%
021340%
O 41360%
0 61320%
0 513100%
O Nunca comprei na Amazon
Fonte: Autor (2021).
4. RESULTADO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para desenvolver uma estratégia de marketing a fim de aperfeiçoar a fidelização do cliente, foi elaborada
uma análise SWOT. Apresentam-se os pontos fortes e fracos e as principais ameaças e oportunidades
apontadas pelos participantes da pesquisa de campo. As forças utilizadas para a análise SWOT quanto ao
ambiente interno, foram: entrega rápida, frete grátis e variedade de produtos; para as fraquezas foram
adotados: alto preço dos produtos, frete caro para determinados produtos e ausência de descontos.
Relacionado ao ambiente externo, as oportunidades destacadas foram: criar sistema de pontos para
clientes que possibilite descontos e vantagens, oferecer frete grátis para todos os produtos e mais opções
de produtos disponíveis; enquanto que as ameaças foram: chegada de empresas Asiáticas com preços
mais competitivos, ofertas de frete grátis por outras companhias e forte marketing de empresas
concorrentes. Na tabela 3 abaixo, tem-se o resultado da análise e ao lado de cada resultado se apresenta as
estratégias de marketing, os programas de ação e os resultados esperados.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Forças
Entrega rápida
Tabela 3 - Análise SWOT
Estratégia de marketing
Divulgação das vantagens
de se comprar um
produto com uma entrega
rápida.
Programa de ação
Ampliar investimento em
marketing em redes
sociais e demais medias
sociais.
Resultado esperado
Espera-se obter maior
índice de procura pelos
produtos.
Frete Grátis
Ampliar a concessão de
frete grátis aos clientes.
Negociar com
fornecedores de
transporte reduções de
preço e melhoria logística.
Espera-se obter maior
índice de compra dos
produtos.
Variedade de
produtos
Fraquezas
Alto preço dos
produtos
Atribuir mais diversidade
de produtos ao portfólio.
Estratégia de marketing
Observar os padrões de
preços atribuídos no
mercado para
parametrização dos
preços.
Investir em um catálogo
de produtos variados para
atendimento ao
consumidor.
Programa de ação
Buscar fornecedores de
produtos com preços mais
atrativos.
Espera-se atender uma
maior quantidade de
clientes.
Resultado esperado
Espera-se aumentar o
número de vendas.
Frete caro para
Avaliar a razão do frete
Contratar /aprimorar o
Espera-se ter um frete
determinados sistema logístico para : sa
caro. x mais barato ou grátis.
produtos redução de custos.
Ausência de Promover as promoções ; Pretende-se aumentar a
; Melhorar o marketing.
descontos realizadas pela empresa. taxa de compras.
Oportunidades Estratégia de marketing Programa de ação Resultado esperado
Criar sistema de
pontos para
clientes que
Analisar os efeitos e causa
da criação do sistema de
Criar orçamento para
criação e manutenção do
Espera-se obter um
sistema de pontos que
ofereça ao cliente que
possibilite ;
pontos. sistema de pontos. compra na Amazon
descontos e j
descontos e brindes.
vantagens.
Oferecer frete
grátis para todos
os produtos
Ampliar a parceria,
divulgando as melhorias e
benefícios do frete de
baixo custo ou grátis.
Melhorar o sistema
logístico de entregas.
Espera-se obter um
menor custo para
transportar e entregar o
produto do armazém à
casa do consumidor.
Mais opções de
produtos
disponíveis.
Ameaças
Chegada de
empresas
Asiáticas com
preços mais
competitivos
Buscar parceria com
fornecedores
Estratégia de marketing
Buscar parcerias em
países ou fábricas que
possuam custo mais baixo.
Ampliar os fornecedores
de produtos.
Programa de ação
Fechar contrato com mais
fornecedores.
Espera-se aumentar a
variedade de produtos
ofertados.
Resultado esperado
Espera-se reduzir os
preços dos produtos.
Ofertas de frete
grátis por outras
companhias
Divulgação do clube de
vantagem que obtém frete
grátis e mais rápido.
Ampliar os tipos de
produtos com frete grátis.
Espera-se obter maior
número de produtos que
comtemple frete grátis.
Forte marketing
de empresas
concorrentes
Ampliar o marketing em
redes e media sociais.
Criar um plano de
divulgação da marca para
perpetuar a empresa no
mercado.
Aumentar o poder da
marca.
Fonte: Autor (2021).
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
A pesquisa de campo ofereceu dados consistentes que propiciaram o entendimento dos aspectos do
marketing e da obtenção da lealdade do cliente. Um marketing de relacionamento eficiente promove a
manutenção do cliente e a sua fidelização, pois é através da satisfação do consumidor que as organizações
atingem o êxito no seu negócio, um relacionamento baseado em lealdado oferece à empresa a
maximização de lucros.
Concluímos com a análise SOWT que alguns componentes importantes afetam o pleno sucesso da
companhia e o objetivo de fidelização do cliente, sendo em sua grande maioria ligadas a altos preços e ao
setor de logística. Para mitigar e superar os pontos negativos foram sugeridas as ações apresentadas na
análise. Para aqueles pontos positivos, também foram sugeridas ações para a continuidade e melhoria do
processo. As oportunidades e as ameaças oferecem à corporação a oportunidade de conhecer e avaliar
seus fatores de melhoria oferecendo oportunidade de mudanças de acordo com as ações apresentadas.
REFERÊNCIAS
[1] | Alves, Fernanda Miranda. Marketing de relacionamento com o cliente e a fidelização do
consumidor. 40 folhas. Monografia de Especialização em Engenharia de Produção -Universidade
Federal Fluminense - RJ, Niterói 2018.
[2] 'BOONE, L. B; KURTZ, D. L. Marketing Contemporâneo. 8. Ed. São Paulo: Editora. 2003.
[3] | CARVALHO, Anderson. As eras do marketing, 2010. Disponível em
http://www.coisaetale.com.br/2010/05/as-eras-do-marketing/ Acessado em 11/09/2021.
[4] Digital 2020, Global digital overview. We are social, 2021. Disponível em: <
https: //wearesocial.com /digital-2020>. Acesso em: 15 de maio de 2021.
[5] FEIL, A. A.; HEINRICHS, A. A. A Aplicação da Análise da Matriz Swot em 5 Agências de Atendimento
de uma Cooperativa de Crédito Situada no Vale do Taquari - RS. 2012. 13 f. Dissertação (Mestrado)
- Curso de Administração, Universidade do Vale de Taquari, Taquari, 2012.
[6] | KOTLER, Philip. Administração de Marketing - 102 Edição, 7º reimpressão - Tradução Bazán
Tecnologia e Linguística; revisão técnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
[7] LAUDON, Kenneth C.; TRAVER, Carol Guercio. E-commerce. 132 ed, Pearson Education, 2017.
[8] PEPPERS, Don; ROGERS, Martha R. Empresa 1: 1 : instrumentos para competir na era da
interatividade, Rio de Janeiro : Campus, 1997, 381 páginas.
[9] RAYPORT, Jeffrey F.; JAWORSKI, Bernard J. Introduction to E-commerce. 2º ed. New York: McGraw-
Hill, 20083.
[10] RIBEIRO, L. A Segurança carece de uma Análise SWOT. 2015. 6 f. Curso de Administração,
Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo, 2015.
[11] SEYBOLD, Patricia; MARSHAK, Ronni. Clientes.com . São Paulo: Makron Books, 2000, 362 páginas.
[12] ZENONE, Luiz Claudio. Marketing de Relacionamento: Tecnologia, Processos e Pessoas. São Paulo:
Atlas, 2010.
Capítulo 11
O grau de similaridade entre as opiniões dos viajantes
em relação aos albergues de Santa Catarina através
da análise de sentimentos
Luciana Ordine Araujo
Resumo: Analisar a relação entre as opiniões/sentimentos e qual o impacto que estas
informações pessoais dadas pelos viajantes que já se hospedaram nesse tipo de
estabelecimento trazem para os albergues/hostels localizados no Estado de Santa
Catarina. Foi adotado como metodologia a mineração de opinião no Facebook e no
Tripadvisor, analisando as notas dadas para os albergues e o seu grau de similaridade.
Feita a análise de agrupamento utilizando o cluster K-means através do software R.
Conclui-se que por meio da análise de sentimentos pode se demonstrar a similaridade
que existe entre os sites e que esta pode ser uma forma de se obter vantagem
competitiva para os albergues.
Palavras-chave: Hospedagem, Hostels, Informação Pessoal, Mineração de Dados, Rede
Social.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
1. INTRODUÇÃO
Os albergues surgiram no final da década de 20, quando se buscava uma forma mais barata de
hospedagem para aqueles que viajam e não possuíam muitos recursos para gastar com acomodações. O
excelente resultado abriu caminho para a expansão do alberguismo pela Europa no final da década de 20.
Das acomodações improvisadas em celeiros à atual infraestrutura padrão, os albergues da juventude
ganharam o mundo, ao oferecer diárias com preços mais em conta e permitir uma maior troca cultural
entre os alberguistas de diversas nacionalidades. Em 1932 foi criada a Federação Internacional de
Albergues da Juventude - Hostelling International. No Brasil, os hostels chegaram na década de 60, época
da geração “pé na estrada”, dos hippies e dos movimentos estudantis no mundo. Em 1971 o Brasil criou a
Federação Brasileira dos Albergues da Juventude (FBAJ) e começou a fazer parte, definitivamente, do
Movimento Alberguista. (OTTO,2013).
O número de estabelecimentos de hospedagem cadastrados no Ministério do Turismo (MTur) chegou a
7.851 em 2014, uma evolução de 3,3% em comparação a 2013. Sendo os meios que mais evoluíram os
albergues (32,2%), com 164 cadastros. De acordo com o estudo Sondagem do Consumidor - Intenção de
viagem, do Ministério do Turismo, o estudo também revela que o desejo por meios de hospedagem
alternativos, como residências alugadas e albergues, atingiu o maior índice da série histórica. Entre os
brasileiros que manifestaram intenção de viajar em fevereiro de 2016, 13,1% revelaram a preferência por
hospedagem em albergues e imóveis alugados. Este índice representa um crescimento de 65,8% em
comparação com o índice registrado no ano anterior.
“O turista brasileiro está se planejando cada vez mais, o que amplia as
possibilidades de hospedagem e de escolha de meio de transporte. E esse
estudo do Ministério do Turismo mostra é que o brasileiro está disposto a
conhecer cada vez mais a belezas nacionais e também do seu estado”, avaliou o
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves. (MTUR,2016).
Ou seja, os turistas estão se planejando mais e para isso, consultam sites e mídias sociais em busca de
maiores informações a respeito de locais para hospedagem. Desta forma pretende-se verificar qual o grau
de similaridade entre as opiniões dadas na internet para os albergues de Santa Catarina. O objetivo seria
analisar se o site do Tripadvisor e o Facebook possuem opiniões similares /parecidas sobre os albergues
de Santa Catarina, por meio dos viajantes, que emitem opiniões a respeito de sua estadia possuindo uma
perspectiva real dos albergues, analisando as acomodações, banheiros e áreas comuns, além da
localização e atendimento e cordialidade emitindo uma nota sobre a sua hospedagem, em uma escala que
varia de zero a cinco.
Através da análise de sentimentos, mensura-se de que forma as pessoas se sentem a respeito de um
determinado assunto, podendo expressá-lo por meio de opiniões ou notas e utilizando estes dados, será
possível verificar se as opiniões encontradas em diversos sites e redes sociais podem ser usadas como
uma fonte de informação confiável para aqueles que buscam se hospedar nos e albergues de Santa
Catarina, sendo também uma forma de valorar mais o estabelecimento.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo apresenta-se um enquadramento teórico da presente investigação, focado em quatro
pontos chaves: Histórico da Hotelaria e do Alberguismo, dados sobre a Mineração de opinião /Análise de
Sentimentos e a Metodologia do Cluster K-Means.
2.1. HISTÓRICO SOBRE HOTELARIA
Segundo Dias (2002, pg.98), os primeiros termos relacionados à hospitalidade provêm do início da
civilização na Grécia antiga. Todos os gestos de receber, ainda sem a contrapartida do pagamento, eram
vistos como atos divinos, na qual os hóspedes e hospedeiros eram protegidos por deuses. A palavra
hospitalidade deriva do latim hospitalitate. Também da palavra latina hospitalitas-ati, a noção de
hospitalidade traduz-se como o ato de acolher, hospedar; a qualidade do hospitaleiro; boa acolhida;
recepção; tratamento afável, cortês, amabilidade; gentileza. (PLENTZ, 2007, p.58). No século XIII, a
hospitalidade era uma prestação de serviços regulamentada pelas autoridades públicas e classificada
como uma profissão na França. De origem francesa, a palavra hôtel tinha a conotação de qualquer tipo de
va
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
edifício imponente, e depois foi relacionado às mansões senhoriais que alugavam quartos por certo
período de tempo mediante determinado tipo de pagamento Alojamentos, hotéis, hospedarias e outros
tiveram grande desenvolvimento após a Revolução Industrial devido ao surgimento de novas tecnologias
e uma ampliação nos relacionamentos com outras civilizações. Na Inglaterra, existem registros dos
primeiros hotéis que forneciam leitos e alimentação no século XIV. No século XX, com a difusão dos
automóveis nos Estados Unidos, os motéis ou motor hotels começaram a surgir no contexto hoteleiro.
2.2. HISTÓRIA DA HOTELARIA NO BRASIL
No Brasil, os viajantes comuns eram acolhidos em ranchos e casas de senhores de engenho da época. Este
fato, além de ter contribuído para o desenvolvimento hoteleiro no país, proporcionou também a formação
de novas cidades surgidas da aglomeração de ranchos que se expandia com rapidez.
Em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, mais especificamente ao Rio de Janeiro, houve
uma grande abertura para que estrangeiros também viessem ao país para ocupar cargos. Devido a isso,
ocorreu o aumento da procura por alojamentos, a ponto de a estrutura física hoteleira do Rio de Janeiro
tornar-se insuficiente, diante dessa situação, empreendedores de outras regiões notaram que o setor de
hotéis era um bom empreendimento para capitalização, e então começaram surgir novos meios de
hospedagem por todo o Brasil, dessa forma, descobriu-se o potencial turístico e hoteleiro do país, sendo
este hoje uma das atividades econômicas mais significativas e em expansão no país.
No Brasil, um dos maiores escritores do turismo, define o produto hoteleiro como sendo:
[...] um conjunto de bens e serviços que objetivam satisfazer o cliente: os bens
são constituídos pelos produtos tangíveis como apartamentos, bebidas,
refeições etc. e os serviços são constituídos pelo conjunto de ações (intangíveis)
que fazem com que o cliente possa usufruir dos bens. (CASTELLI, 2001, p 27.)
Ou seja, na hotelaria não é visto apenas o aluguel de uma unidade habitacional (UH), mas sim todos os
serviços que a compõe que vão desde a reservas, o atendimento na recepção, no restaurante e serviço de
limpeza dos apartamentos.
2.3. HISTÓRIA DOS ALBERGUES/HOSTELS
A ideia dos albergues da juventude mundiais, surgiu com o professor Richard Schirmann, nascido na
Prússia e que tinha como método didático ministrar aulas fora da sala. Em 26 de agosto de 1909, em uma
das excursões -aula, ocorreu uma tempestade e houve a necessidade de buscar abrigo em uma escola.
(GIARETTA, 20083, p.82). O primeiro albergue começou a funcionar três anos mais tarde em 1912, em um
castelo em Altena, na Alemanha, que tinha o objetivo de proporcionar hospedagem barata para jovens e
promover a integração entre eles, que se difundiu por toda a Europa final da década de 20.
A International Youth Hostel Federation - IYHF (Federação Internacional de Albergues da Juventude), foi
criada em 1932 tornando-se a partir desse momento internacional, com a entrada de diversos países; em
1945, ao final da Segunda Guerra, os albergues começaram a ser restaurados e o movimento passou a ser
considerado como uma forma de reintegração da juventude europeia. Apenas em 1934 o alberguismo
chegou aos Estados Unidos. A Argentina (1956) e o Uruguai (1958) foram os primeiros países sul-
americanos a fazer parte do movimento, sendo que ambos trabalharam pela expansão da rede na América
e abriram as portas para o ingresso de Chile, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Costa Rica, El Salvador e
Brasil.
Os albergues chegaram ao Brasil em 1961, através de Joaquim e Ione Trotta, que trouxeram a ideia para o
país depois de terem visitado um albergue na França, em 1956. O primeiro albergue brasileiro recebeu o
nome de "Residência Ramos” e foi instalado no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro. Permaneceu aberto de
1965 a 1973. Neste mesmo período, funcionavam no estado de São Paulo dois albergues, um na capital e
outro em Campos do Jordão, que foram fechados pelo Governo Militar sob a alegação de reunir jovens
universitários; o movimento teve início novamente em 1971, porém só na década de 1980 é que se
expandiu e se consolidou na década de 1990.
A oferta se desenvolveu de fato a partir de 1980, especificamente em 1984, porque o projeto albergue da
juventude fez parte do plano de governo da gestão Franco Montoro e foi incorporado pela Embratur, na
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
gestão de João Dória Júnior, expandindo para todo o país, principalmente para o litoral, rumo ao Nordeste.
Na segunda metade da década de 1990, começa a se interiorizar pelo país. (GIARETTA, 20083, p.67).
Em 1996, a Federação Brasileira dos Albergues da Juventude adotou o sistema de classificação dos
Albergues da Juventude em três categorias: Muito Bom, Bom e Regular, estabelecendo metas e diretrizes
de desenvolvimento para suas afiliadas e mantendo contatos com as demais federações do mundo.
Segundo informações obtidas com a Associação de Albergues da Juventude do Estado do Rio de Janeiro
(ALBER]), esse sistema é baseado no sistema de classificação da ABIH, mas com as devidas adaptações
para os Albergues da Juventude. Dependendo da pontuação, foram excluídos da Federação os Albergues
da Juventude que não atingiram a pontuação mínima para albergues de categoria regular. Atualmente, a
FBAJ não credencia nenhum albergue que obtenha a classificação Regular (somente Bom ou Muito Bom),
mas um Albergue da Juventude pode ser rebaixado a essa categoria caso deixe de atender algumas normas
ou deixe de fazer manutenções regularmente. Do período de criação até os dias atuais, o movimento
alberguista cresceu, se profissionalizou e obteve lugar de destaque no panorama internacional.
2.4. DEFINIÇÕES DE ALBERGUES
São geralmente desprovidos de luxo e mesmo de conforto material, mas procuram manter condições
funcionais. Situam-se normalmente em centros onde os jovens possam praticar esportes, cultura física,
arte ou ocupações semelhantes (MARQUES, 2003, p.45).
A Organização Mundial do Turismo reconhece que, apesar da referência do alojamento turístico
internacional ser o hotel, há o crescimento de outras formas de alojamentos em alternativa a este meio
tradicional, sob a denominação de extra hoteleiros ou não hoteleiros. Dentro dessa categoria encontram-
se: acampamentos, albergues, apartamentos, chalés e vilas, colônias de férias (“resorts”), balneários,
propriedades rurais (“cottages”), “bed&breakfast” e outros que, apesar de agrupados na mesma categoria,
são marcados por diferenças relevantes. As definições abaixo seguem a classificação da Organização
Mundial de Turismo (OMT):
Os acampamentos são uma modalidade de hospedagem na qual se presta
serviço de alojamento mediante divisão ou parcelamento de um terreno para
uso privativo, para instalação do sistema próprio de alojamento do cliente, ou
seja, barracas ou traillers. Neste local, as instalações em comuns são
compartilhadas, como: sanitários, tanques de lavar roupa, piscina, salões de
jogos, etc. com finalidade de proporcionar ao usuário o desfrute ao ar livre com
algumas comodidades.
Os “Self-catering” englobam estabelecimentos que oferecem instalações,
equipamentos e utensílios suficientes para desenvolver atividades domésticas
necessárias por um determinado tempo. Exemplos destas acomodações são
apartamentos, vilas e chalés. (OMT, 2001, p. 90).
A principal diferença entre hotéis e albergues é que os primeiros oferecem apenas quartos privativos. São
estruturas que se limitam a oferecer aos hóspedes um lugar cômodo para dormir e, de acordo com o
preço, também oferece outras facilidades. Já os albergues oferecem leitos em dormitórios que podem ter
de quatro a mais de 20 camas. Os dormitórios podem ser pequenos ou grandes, só para mulheres, só para
homens ou mistos. Também oferecem quartos privativos. Contudo, a proposta de hospedagem propiciada
é muito diferente se comparada à de um hotel comum, pois nos albergues o objetivo maior além da
hospedagem barata é que haja a interação entre os hóspedes.
Os albergues possuem uma atmosfera alegre, jovial, na qual os hóspedes buscam conhecer pessoas de
diferentes partes do mundo com um ambiente mais descontraído, que possuem um estilo mais despojado,
sem preocupações com luxos.
2.5. MINERAÇÃO DE OPINIÃO (ANÁLISE DE SENTIMENTOS)
Em termos técnicos Liu Bing (2012, p.1) afirma que: Análise de sentimento, também chamada de
mineração de opinião, é o campo de estudo que analisa as opiniões, sentimentos, avaliações, atitudes e
emoções das pessoas em relação às entidades, tais como, produtos, serviços, organizações, pessoas,
problemas, eventos, temas, e seus atributos.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Segundo Mukherjee, análise de sentimentos consiste em uma atividade que envolve Processamento de
Linguagem Natural (PLN) e Extração de Informações e que visa obter o sentimento das pessoas que são
expressados em comentários positivos ou negativos, perguntas e pedidos em documentos escritos através
da análise de uma grande quantidade destes elementos. Em outras palavras, a análise de sentimentos tem
por finalidade determinar a atitude de uma pessoa diante de um tópico específico ou diante da totalidade
de um documento que aborda uma temática específica.
Em relação à mineração de opinião com as mídias sociais, na qual a análise é feita através de: listas de
discussão, blogosfera, sites de redes de sociais (como Facebook, Twitter, Instagram) entre outros, algumas
dificuldades são encontradas tendo em vista que:
A mineração em mídias sociais tem a informalidade deste tipo de meio como
um dos seus principais desafios. Não apenas o vocabulário pode ser bem
específico e volátil, como o número de erros de digitação, de ortografia ou
gramaticais pode invalidar a contribuição de análises linguísticas. Por outro
lado, o volume dos dados gerados sobre cada tópico é tão grande, quando
comparado com outras fontes, que tais erros podem não ser relevantes.
(BECKER; TUMITAN, 2013, p.21).
Hea, Zha e Li (2013) buscam transformar os conteúdos disponíveis nas organizações sem conhecimento
para auxiliar no processo de tomada de decisão dos gestores, eles utilizaram as técnicas de mineração de
texto para analisar conteúdos e informações não-estruturadas dos perfis do Facebook e Twitter, das três
maiores redes de pizza: Pizza Hut, Domino's Pizza e Papa John's Pizza, realizaram um estudo de caso em
profundidade e desenvolveram metodologia baseada no modelo proposto por Abdous e He (2011). Os
resultados revelam o valor da análise competitiva de redes sociais e o poder da mineração de texto como
uma técnica efetiva para extrair o valor comercial da grande quantidade de dados de redes sociais
disponíveis.
2.6. ANÁLISE DE CONGLOMERADOS OU CLUSTER ANALYSIS
A análise de agrupamentos é uma das técnicas de análise multivariada cujo propósito primário é reunir
objetos, baseando-se nas características dos mesmos. Ele classifica objetos (p. ex. respondentes, produtos,
ou outras entidades) segundo aquilo que cada elemento tem de similar em relação a outros pertencentes a
determinado grupo, considerando, é claro, um critério de seleção predeterminado. O grupo resultante
dessa classificação deve então exibir um alto grau de homogeneidade interna e alta heterogeneidade
externa. (CORRAR, 2007 p.325).
De Acordo com HAIR (2009), os cinco algoritmos aglomerativos mais populares usados para desenvolver
agrupamentos são: ligação individual, ligação completa, ligação média, método centroide e método de
Ward. Podem ser utilizados nos softwares: Virtual Basic R, Phyton, SPSS e SAS.
a) Ligação Simples: define a semelhança entre agrupamentos como a menor distância de qualquer
objeto de um agrupamento a qualquer objeto no outro.
b) Ligação Completa: é comparável ao da ligação simples, exceto que a similaridade de agrupamento
se baseia na distância máxima entre observações em cada agrupamento.
c) Ligação Média: a similaridade de quaisquer dois agrupamentos é a similaridade média de todos os
indivíduos em um agrupamento com todos os indivíduos do outro.
d) Método Centroide: a similaridade entre dois agrupamentos é a distância entre seus centroides,
que são os valores médios das observações sobre as variáveis na variável estatística de agrupamentos.
e) Método Ward: a combinar agrupamentos com um pequeno número de observações.
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
2.6.1. MÉTODO K-MEANS E CLUSTER
Proposto por J. MacQueen em 1967, este é um dos algoritmos mais conhecidos e utilizados, além de ser o
que possui o maior número de variações. O algoritmo inicia com a escolha dos k elementos que formaram
as sementes iniciais. Esta escolha pode ser feita de muitas formas, entre elas:
o selecionando as k primeiras observações;
º selecionando k observações aleatoriamente;
o escolhendo k observações de modo que seus valores sejam bastante diferentes.
Por exemplo, ao se agrupar uma população em três grupos de acordo com a altura dos indivíduos, poderia
se escolher um indivíduo de baixa estatura, um de estatura mediana e um alto. (DINIZ e LOUZADA NETO,
2000).
Escolhidas as sementes iniciais, é calculada a distância de cada elemento em relação às sementes,
agrupando o elemento ao grupo que possuir a menor distância (mais similar) e recalculando o centroide
do mesmo. O processo é repetido até que todos os elementos façam parte de um dos clusters. Após
agrupar todos os elementos, procura-se encontrar uma partição melhor do que a gerada arbitrariamente.
Para isto, calcula-se o grau de homogeneidade interna dos grupos através da Soma de Quadrados Residual
(SQRes), que é a medida usada para avaliar a quão boa é uma partição. (DINIZ e LOUZADA NETO, 2000).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizou-se de consultas à artigos de internet, e órgãos como a FBAJ (Federação Internacional de Albergues
da Juventude) e a HI (Hostelling International) a fim de levantar informações sobre o destino Brasil, Santa
Catarina, o produto hoteleiro e seus meios de classificação, o turismo alternativo e os Albergues da
Juventude. Paralelamente, foi realizada uma pesquisa exploratória a fim de catalogar os Albergues da
Juventude existentes em todo o Estado de Santa Catarina.
A busca se concentrou nos cinco principais sites com notificações de albergues: Tripadvisor,
Hostelbookers, Hostelworld, Trivago e Travelholics e nas páginas do Facebook destes albergues e
analisadas as opiniões desde 2013 até junho de 2017 e, depois de analisar os dados encontrados, foram
escolhidos apenas os dois mais significativos (que possuíam maior número de opiniões e mesmo
parâmetro de notas) para a análise: Facebook e Tripadvisor.
Foram encontrados 129 albergues /hostels localizados na região de Santa Catarina (Região da Praia do
Rosa e Garopaba, Grande Florianópolis, Blumenau, Joinville, São Francisco do Sul, Bombinhas e Balneário
Camboriú), para efetuar a análise de cluster utilizaram-se apenas aqueles que possuíam notas nos dois
sites concomitantemente e que possuíam mais de 15 opiniões em cada site. O resultando foi que: obteve-
se 40 albergues com um total de 5.210 notas analisadas.
A análise de agrupamento Cluster K-means foi realizada no software “Rº de distribuição livre que pode ser
acessado em https://www.r-project.org na versão R i386 3.0.2 com auxílio do pacote “stats”, cujo intuito é
agrupar albergues do Estado de Santa Catarina, que foram avaliados por internautas nos sites Tripadvisor
e Facebook, que tiveram notas atribuídas de O a 5, foram agrupados segundo a similaridade, isto é, que
tiveram avaliações parecidas de acordo com as médias; o agrupamento é um método que possibilita forma
grupos com componentes que apresentaram avaliação similar.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Na sequência será apresentada a análise dos resultados com as médias e respectivos desvios padrão,
análise de Cluster método K-Means e teste T.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 1 - Médias e desvio padrao
TRIPADVISOR FACEBOOK
ALBERGUES Desvio Desvio
Média Ee Média És
adrão padrão
GAROPABA CIDADE BAIXA HOSTEL
HALEAKALA HOSTEL
HOSTEL PRAIA DO ROSA
PAIKEA HOSTEL
ROSAMAR HOSTEL
ALBERGUE EXPLORER HOSTEL
PINGUINS HOSTEL
LE FLAN EUR HOSTEL
GECKOS HOSTEL
FLORIPA SURF AND CAMP HOSTEL
SUNSET STRIP ECO HOSTEL
MANACA HOME HOSTEL
CHE LAGARTO HOSTEL FLORIANOPOLIS
THE VIEW HOSTEL
PULAU HOSTEL
Fonte: A autora (2021).
Analisando a Tabela 1 é possível observar que no geral, no site Tripadvisor os albergues Pup Hostel SC,
Pulau Hostel, Le Flaneur Hostel, Paikea Hostel e Rosamar Hostel obtiveram as melhores avaliações de
acordo com as avaliações e comentários dos usuários. O Pup Hostel SC com média de 5,000 (DP=0) tem
como referências, a ótima localização em Florianópolis, ser aconchegante e muito receptivo o Pulau Hostel
com média de 5,000 (DP=0) apresentou essa nota devido ao seu excelente atendimento e a decoração
diferenciada com uma temática tailandesa, o Paikea Hostel com média de 4,864 (DP=0,464) destaca-se
pela sua localização que é próxima do centro da Praia do Rosa e o excelente atendimento da proprietária
do local do albergue e o Rosamar Hostel com média de 4,864 (DP=0,375) surpreende pela sua organização
e limpeza impecável, além de ótima localização, próximo ao centrinho da praia do Rosa e o Le Flaneur
Hostel com média de 4,864 (DP=0,409) de acordo com os viajantes, apresenta uma excelente localização,
staff acolhedor e ótimo café da manhã.
Já os albergues Bombinhas Hostel, Floripa Surf and Camp Hostel, Che Lagarto Hostel Florianópolis, Hostel
Portunhol e Hostel Oceanic Turismo obtiveram as piores avaliações no Tripadvisor. O albergue
Bombinhas Hostel com média de 2,538 (DP=1,330) teve como principais observações , a sujeira do local, a
improvisação nas camas e a falta de atendimento, o Floripa Surf and Camp Hostel com média de 3,25
(DP=1,359) houveram reclamações da infraestrutura e limpeza, o Che Lagarto Hostel Florianópolis com
média de 3,638 (DP=1,135), foram denotados problemas com o ar condicionado, café da manhã que é
muito simples e problemas com a infraestrutura, o Hostel Portunhol com média de 3,714 (DP=1,325) os
viajantes se queixaram sobre a limpeza e atendimento do local e Hostel Oceanic Turismo com média de
3,730 (DP=1,372) disseram que havia muita sujeira e que as acomodações não eram adequadas,
obtiveram piores notas.
De acordo com o site Facebook os albergues Pup Hostel SC, Pulau Hostel, Paikea Hostel, Hostel da Terra,
Aymura e Hostel e Stamm Hostel Backpackers obtiveram as melhores avaliações. O Pup Hostel SC com
média de 5 (DP=0) tem como referências uma ótima localização, limpeza e ótima recepção em
Florianópolis, Pulau Hostel com média de 5 (DP=0) devido ao seu excelente atendimento, aconchegante e
com ótimo café da manhã. Paikea Hostel com média de 4,864 (DP=0,464) se destacando pela sua
localização próxima do centro da Praia do Rosa e excelente atendimento e boas vibrações no lugar, Hostel
da Terra com média de 4,864 (DP=0,375) surpreende pela sua ótima localização, bom para relaxar e com
um atendimento impecável, o Aymura e Hostel com média de 4,864 (DP=0,409) de acordo com os
viajantes devido a sua excelente localização. E Stamm Hostel Backpackers com um ambiente muito
acolhedor e boa localização para quem vai a Blumenau.
Já os albergues Campeche Hostel, Hostel Way2go, Albergue Explorer Hostel, Hostel da Ilha de São
Francisco e Floripa Hostel Centro obtiveram as piores avaliações no Facebook. O albergue Campeche
Hostel com média de 3,909 (DP=0,979) tendo como principais pontos boa acomodação, Hostel Way2go
com média de 4 (DP=1,084) os hóspedes reclamaram da infraestrutura e limpeza, Albergue Explorer
Hostel com média de 4,008 (DP=1,466) os viajantes apenas deram uma nota baixa sem reclamar de algum
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
ponto específico, Hostel da Ilha de São Francisco com média de 4,221 (DP=1,425) os viajantes falaram
bem sobre a limpeza e atendimento do local e Floripa Hostel Centro com média de 4,371 (DP=0,954)
disseram que as camas cheiravam a mofo, que o café da manhã tinha pouca variedade e wi-fi ruim.
4.1. K-MEANS CLUSTER
O método K-means tem por objetivo encontrar as notas referentes as avaliações dos usuários que sejam
semelhantes, agrupando-as, como forma de verificar a similaridade de padrão dos albergues da amostra,
através da classificação as notas recebidas.
Figura 1 - Gráfico de pontos para K-Means do Tripadvisor e Facebook
—
[=]
Ss
=
D
<>
o
tro
Fonte: A autora (2021).
Pela Tabela 2 e Figura 1, verifica-se que os 40 albergues foram agrupados em 5 clusters: No Cluster Preto
tem-se 7 albergues (Floripa Surf and Camp Hostel, Hostel Oceanic Turismo, The House Sports Hostel, Kasa
Hostel, Floripa Hostel Centro, Che Lagarto Hostel Florianópolis e Hostel Portunhol); no cluster vermelho
encontram-se 18 albergues (Pulau Hostel, Pup Hostel SC, Garopaba Cidade Baixa Hostel, Geckos Hostel,
Haleakala Hostel, Manaca Home Hostel, The View Hostel, Hostel da Terra, The Search Hostel, Hostel Praia
do Rosa, Pinguins Hostel, Submarino Hostel, Paraiso Hostel Praia do Rosa, Joaquina 433, Rosamar Hostel,
Le Fleneur Hostel, Paikea Hostel e Stamm Hostel Backpackers que possuem as maiores médias 4,70
tripadvisor e 4,92 facebook e maior número de albergues com notas mais similares entre os sites. No
cluster verde encontram-se 10 albergues (The Magic Monkey Florianópolis, Aymura e Hostel, Sunset Strip
Eco Hostel, Panorama Hostel Eco Backbackers, HI Hostel Barra da Lagoa, Sunhouse Backpackers, Islander
Hostel Brazil, Joinville Hostel, Sunset Backpackers e Hostel Espaço Conexão) possuem a segunda maior
média 4,25 no tripadvisor e 4,64 no facebook; no cluster azul claro encontram-se 4 albergues (Albergue
Explorer Hostel, Campeche Hostel, Hostel Way2go e Hostel da Ilha São Francisco) possuem notas com
médias 4,56 no tripadvisor e 4,034 no Facebook, sendo os segundo com piores notas, no Cluster Azul
Escuro encontra-se um albergue o Bombinhas Hostel que possui a maior variação entre as notas 2,53
tripadvisor e 4,57 no facebook, recebendo estas notas devido a várias reclamações existentes no site do
tripadvisor a respeito da falta de limpeza, infraestrutura e atendimento ruim. Com isso verifica-se que
70% dos albergues possuem notas similares /parecidas entre os sites tripadvisor e facebook.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
Tabela 2 - Clusters conforme a cor, médias para Tripadvisor e Facebook e quantidade de albergues por
cluster
Cluster Cor TripadvisorFacebook Qdade de Albergues
1 preto 473 7
vermelho 4.92 18
verde : 474 10
azul escuro Ê 4,57 1
azul claro d 403
Fonte: A autora (2021).
Na tabela 2, das notas médias por site e por cluster, também se realizou um teste T =-4,3749, ao nível de
significância de 5%, cujos resultados valor da estatística e p=0,00004702 evidenciam que as avaliações
dos usuários dos albergues conforme foram relatadas nos sites Tripadvisor que obteve nota média de 4,34
e o Facebook com nota média de 4,75 apresentaram diferenças significativas, rejeitando-se HO.
4.2. DENDOGRAMA DOS ALBERGUES
Na figura 2 tem-se o dendograma dos albergues agrupados no geral segundo as médias dos clusters
numerados de 1 a 5.
Figura 2 - Dendograma dos Albergues no site do Tripadvisor
=
DER
UNHOUSE
Tres
IS
JOINVILLE —
KPACKERS
Ta
OCEANI
SPORTS
KASA
FLORIPACENTRO
LAGARTO
g
O
BAl
Fonte: A autora (2021).
A Figura 2 ver de acordo com a tabela 2 mostra que se for realizado um corte quando a distância for igual
a 0,8, tem-se cinco grupos dos albergues, visualizados da direita para esquerda, ou seja, o grupo 1, é
composto pelos albergues: Floripa Surf and Camp Hostel, Hostel Oceanic Turismo, The House Sports
Hostel, Kasa Hostel, Floripa Hostel Centro, Che Lagarto Hostel Florianópolis e Hostel Portunhol, que
tiveram nota 4 e reclamações sobre a infraestrutura, limpeza dos quartos e atendimento. O grupo 4 é
formado apenas pelo Bombinhas Hostel, que teve como principais observações: a falta de limpeza do local,
a improvisação nas bases das camas e a problemas no atendimento dos hóspedes na recepção. Já o grupo
3 é formado pelos The Magic Monkey Florianópolis, Aymura e Hostel, Sunset Strip Eco Hostel, Panorama
Hostel Eco Backbackers, HI Hostel Barra da Lagoa, Sunhouse Backpackers, Islander Hostel Brazil, Joinville
Hostel, Sunset Backpackers e Hostel Espaço Conexão; segundo os viajantes o destaque destes albergues se
dá em relação à limpeza dos ambientes e ao excelente atendimento da equipe; o grupo 2 é composto pelos
albergues Pulau Hostel, Pup Hostel SC, Garopaba Cidade Baixa Hostel, Geckos Hostel, Haleakala Hostel,
Manaca Home Hostel, The View Hostel, Hostel da Terra, The Search Hostel, Hostel Praia do Rosa, Pinguins
Hostel, Submarino Hostel, Paraiso Hostel Praia do Rosa, Joaquina 433, Rosamar Hostel, Le Fleneur Hostel,
Paikea Hostel e Stamm Hostel Backpackers, todos contam com observações positivas dos viajantes a
o.
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
respeito da localização, limpeza e do bom atendimento do staff. E o grupo 5 é formado pelos: Albergue
Explorer Hostel, Campeche Hostel, Hostel Way2go e Hostel da Ilha São Francisco, todos eles obtiveram
nota 4,5 e como recomendações dos hóspedes a boa localização dos albergues e bom café da manhã
apesar de simples.
Se por acaso for realizado um segundo corte com distância em torno de 1,2; verifica-se a existência de três
grupos, vendo da direita para esquerda, o grupo 1 é formado pelos albergues Bombinhas Hostel, Floripa
Surf and Camp Hostel, Hostel Oceanic Turismo, The House Sports Hostel, Kasa Hostel, Floripa Hostel
Centro, Che Lagarto Hostel Florianópolis e Hostel Portunhol; todos possuem uma avaliação mais baixa
devido a reclamações de acordo com a limpeza e atendimento dos locais. O segundo grupo é composto
pelos albergues: The Magic Monkey Florianópolis, Aymura e Hostel, Sunset Strip Eco Hostel, Panorama
Hostel Eco Backbackers, HI Hostel Barra da Lagoa, Sunhouse Backpackers, Islander Hostel Brazil, Joinville
Hostel, Sunset Backpackers e Hostel Espaço Conexão, Pulau Hostel, Pup Hostel SC, Garopaba Cidade Baixa
Hostel, Geckos Hostel, Haleakala Hostel, Manaca Home Hostel, The View Hostel, Hostel da Terra, The
Search Hostel, Hostel Praia do Rosa, Pinguins Hostel, Submarino Hostel, Paraiso Hostel Praia do Rosa,
Joaquina 433, Rosamar Hostel, Le Fleneur Hostel, Paikea Hostel e Stamm Hostel Backpackers; sendo os
que possuem uma maior nota média, e boas recomendações sobre a sua localização, atendimento e
cortesia. Já o terceiro grupo é composto pelos albergues Albergue Explorer Hostel, Campeche Hostel,
Hostel Way2go e Hostel da Ilha São Francisco, todos com nota semelhante a 4,5 e recomendações devido a
sua localização.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após efetuar toda a análise dos dados pode-se concluir que quanto mais avaliações as pessoas deixam
registradas na internet, em sites de relacionamento ou mídias sociais, maior será a probabilidade de estas
informações estarem corretas /parecidas entre elas, os sites estão gerando uma parecença em relação às
notas dadas pelos viajantes gerando uma maior similaridade entre as informações que estão sendo dadas
na internet pelos viajantes.
Os resultados demonstram que assim como estudo de Hea, Zha e Li (2013) nas 3 pizzarias nos EUA, onde
revelam o valor da análise competitiva de redes sociais e como a mineração de texto pode ser usada como
uma técnica efetiva para extrair o valor comercial da grande quantidade de dados de redes sociais
disponíveis. Percebe-se que os albergues podem se utilizar deste tipo de informação para melhorar a
valoração do seu estabelecimento, ou até mesmo utilizá-las para melhorar alguns pontos que não estão
muito bem avaliados pelos hospedes, desta forma poderá gerar uma maior satisfação nos visitantes que
desejam conhecer estes locais e que podem servir como uma forma de marketing gratuita a ser aplicada
pelos estabelecimentos reforçando de forma positiva as qualidades e boas observações que foram
recebidas pelos seus albergues.
Como trabalho futuro seria interessante efetuar a análise primária desta pesquisa com as opiniões
registradas nos seis sites que possuem dados sobre os albergues ou então efetuar a mesma pesquisa a
respeito dos hotéis no estado de Santa Catarina e verificar se a similaridade também acontece neste ramo
da hotelaria.
REFERÊNCIAS
[1] ANDRADE, José Vicente de. Turismo: Fundamentos e Dimensões, 8º ed. São Paulo: Ática, 2004.
[2] BECKER, K.; TUMITAN, D. Introdução à mineração de opiniões: conceitos, aplicações e desafios. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS - SBBD, 28. 2013, Recife. Anais... [s.i.]: Sbc, 2013. p. 1 - 26.
[3] BENI, M C. Análise Estrutural do Turismo. 8. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2003.
[4] CASTELLI, G. Administração Hoteleira. 9. ed. São Paulo: EDUCS, 2001. 594 p.23
[5]
“Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole, 2002. cap 7.
DIAS, €. M.(Org.). O modelo de hospitalidade do Hotel Paris Ritz: um enfoque especial sobre qualidade. In 130
[6] DIAS, M.; BELLUZZO, R.C. Gestão da informação em ciência e tecnologia sob a ótica do cliente. Bauru, SP:
EDUSC, 2003. 186p.
[7] DINIZ, Carlos Alberto; LOUZADA NETO, Francisco. Data Mining: uma introdução. São Paulo: ABE, 2000.
[8] FONSECA, J. S, MARTINS, G. Curso de Estatística. São Paulo. Atlas. 1996
Gestão da Produção em Foco - Volume 53
[9] HI. Hostelling International. Quem somos. Disponível em: http://www.hihostelbrasil.com.br/ Acesso em: 05
mai 2021.
[10] GIARETTA, M.). Turismo de Juventude. Barueri-São Paulo.Manole.2003.
[11] HOSTELLING INTERNATIONAL-BRASIL. HI-Brasil Histórico. HI-Brasil, 2017. Disponivel em:
<http://www.hihostelbrasil.com.br /institucional.html>
[12] HOSTELBOOKERS. Disponível em:<http://www.hostelbookers.com.br>. Acesso em: 12 maio. 2021.
[13] HE, Wu; ZHA, Shenghua; LI, Ling. Social media competitive analysis and text mining: A case study in the
pizza industry. International Journal of Information Management, v. 33, n. 3, p. 464-472, 2013.Disponível em:
http://www .sciencedirect.com/science /article /pii/S0268401213000030. Acesso em: 15 de agosto de 2021.
[14] LIU, Bing. Sentiment analysis and opinion mining: Synthesis Lectures on Human Language Technologies.
[s.i.]: Morgan & Claypool Publishers, 2012. 168 p. Disponível em:
<http://www.cs.uic.edu/-liub/FBS/SentimentAnalysisand-OpinionMining.pdf>. Acesso em: 12 julho. 2021.
[15] MINISTERIO DO TURISMO (MTUR).2016. Disponível em:<http://www-.turismo.gov.br /ultimas-
noticias/6010-brasileiros-puscam-meios-alternativos-para-viajar.html.
[16] MARQUES, J. Albano. Introdução à hotelaria. São Paulo: EDUSC, 2003. (Coleção Turis).
[17] McGARRY, K. O contexto dinâmico da informação. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 1999.
[18] MUKHERJEE,S. Sentiment analysis - a literature survey, June 2012. Indian Institute of Technology, Bombay.
Roll No: 10305061. 1, 4,7,17
[19] PEREIRA, J. €. R. Análise de dados qualitativos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/FAPESP,
1999.
20 PLENTZ, R.S. Dialética da Hospitalidade: caminhos para a humanização. Caxias do Sul, 2007.
21 OTTO,G. Disponível em http: //gabrielaotto.com.br /blog/o-crescimento-dos-hostels/.2019.
23
[20]
[21]
[22] OMT, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Introdução ao turismo. São Paulo: Roca, 2001.
[23] TRIPADVISOR. Disponível em: <http://www. tripadvisor.com. br>. Acesso em: 05 maio. 2021.
[24]
24 TRIVAGO. Disponível em: <http://www. trivago.com.br>. Acesso em: 10 maio. 2021.
Autores
,,
LU
0º
OÕ
a
mm)
«[
RAFAEL ALVES PEDROSA (ORGANIZADOR)
Consultor de Gestão com enfoque em Logística Portuária e de Transportes, com graduação em
Administração, Comércio Exterior, Logística e Transporte Multimodal e Gestão Portuária; Pós
Graduação em Gestão de Comércio Exterior e Logística; Gestão Empresarial; Gestão, Docência e
Tecnologias do Ensino Superior; MBA em Docência do Ensino Superior pela Fundação Getúlio
Vargas - FGV; Mestre em Sustentabilidade de Sistemas Costeiros com dissertação voltada a
Dragagem de Aprofundamento do Porto de Santos/SP; Doutorado em Planejamento e Gestão pela
Universidade Federal do ABC (UFABC) com tese voltada ao impactos da expansão portuária do
Porto de Santos na integração porto/cidade. Autor e organizador de livros e capítulos de livros
relacionados a sua área de atuação. Coordenador de projetos de pesquisa e revisor de periódicos
ligados as áreas de Logística e Comércio Exterior e planejamento territorial e urbano. Professor
conteudista de cursos superiores em EaD. Possui cursos de atualização nas áreas de
Administração, Logística e Comércio Exterior, fez intercâmbio na Argentina adquirindo fluência no
idioma Espanhol, além de participar constantemente de fóruns destinados a estas áreas.
Coordenador do curso de pós graduação em Gestão Portuária e Operações Internacionais. Com
experiências na coordenação de Logística e transportes em empresas multinacionais sendo
responsável pelo planejamento de distribuição e Logística das regiões Sul e Sudeste do país. Tendo
sido contemplado com o prêmio de Melhor ideia inovadora 2010 . Atuou ainda no papel de
Coordenador de Operações Portuárias. Já na docência foi contemplado com o prêmio Mérito
Docente por atuação acadêmica destacada e foi contemplado com o prêmio Dr. Milton Teixeira pela
orientação do melhor trabalho de iniciação cientifica.
AGOSTINHO CELSO PASCALICCHIO
Doutor em Ciências pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. Mestre
em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA. Bacharel em Ciências
Econômicas pela Universidade de São Paulo. Professor universitário nas áreas de economia,
economia da energia e engenharia econômica/finanças. Co-autor do livro "Gestão de Finanças e
Investimentos - Guia Prático” (2012-2013), ISBN 978-85-365-0443-8..
ALEX PARANAHYBA DE ABREU
Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Atualmente é mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar). Foi Analista de Financial Planning and Analysis (FP&A) do Grupo BR Aço em 2021 e
2022. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Pesquisa Operacional,
atuando principalmente nos seguintes temas: sequenciamento da produção, programação linear
inteira mista, análise de desempenho industrial e otimização da produção.
ANA JULIA DAL FORNO
Graduada em Engenharia de Produção pela UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul. Pós-
doutorado e Mestrado em Engenharia de Produção pela UFCS - Universidade Federal de Santa
Catarina. Doutorado em Engenharia de Produção na UFSC com sandwich pela Technische
Universitát Berlin (TUB - Alemanha). Professora permanente na UFSC nos departamentos de
Engenharia Têxtil, de Materiais e Automação.
CARLOS ALBERTO DE MATOS JUNIOR
Possui graduação em Administração pela Faculdade Estácio do Ceará(2013). Atualmente é
Supervisor de Logística da Produção da Grendene. Tem experiência na área de Administração, com
ênfase em Administração de Empresas.
CÁSSIA OLIVEIRA DE MATTOS
Aluna de graduação de Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
,,
LU
ne
O
—
mm)
«[
CHARLES WASHINGTON COSTA DE ASSIS
Profissional na área Contábil com experiência de mais de 20 anos no mercado, especialista em
Gestão Financeira e Controladoria, Auditoria Contábil, graduado em Ciências Contábeis.
Atualmente é contador da R&C€ - Assessoria Contábil e Treinamentos, realizando trabalhos de
assessoria financeira, fiscal e contábil. É também professor curso de graduação e da pós graduação.
Possui publicações em eventos como Enegep, Congresso Internacional de Custos, Congresso
Nacional de Custos e SIMPEP
ERCILIA DE STEFANO
Pós-doutora em Engenharia Civil pela UFRJ] - COPPE. Pós-doutora em Sistemas de Gestão
Sustentáveis pela UFF. Doutora em Engenharia de Transportes pela UFRJ - COPPE. Mestre em
Engenharia de Sistemas pela UFRJ - COPPE. MBA em Gestão Estratégica em Comércio Exterior.
Especialista em Gestão Estratégica Pública. Especialista em Gerência e Desenvolvimento de
Sistemas Orientado a Objetos. Graduada em Matemática. Pedagoga. Advogada. Professora,
pesquisadora e consultora. Membro do grupo gestor da ABEPRO de Educação Empreendedora.
Revisora de diversas revistas e periódicos nacionais e internacionais. Especialista em
metodologias ativas de ensino.
FILIPE RIBEIRO DA SILVA
Atualmente é Inside Sales Owner - Viking Norsafe Life-Saving Equipment do Brasil. Tem
experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão Comercial, atuando
principalmente nos seguintes temas: varejo, marketing, e-commerce, SWOT e fidelização de
clientes.
GIOVANI SILVA ALBANO
Mestrando Engenharia Mecânica na Universidade de Taubaté - Unitau, 2022. Possui graduação em
Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade de Taubaté (2019). Experiência na área de
Engenharia de Processo de Pré-tratamento e Pintura, Mecânica. Black Belt Certificado pela IDEAL
consultoria e treinamento. Exercendo a função de Professor voluntário na IDEAL consultoria e
treinamento. Químico Responsável pela empresa Lear Corporation.
GREYCIANE PASSOS DOS SANTOS
Possui graduação em Ciências Contábeis (2004). Mestre em Logística e Pesquisa Operacional da
Universidade Federal do Ceará (UFC) (2009). Tem experiência na área de Administração, com
ênfase em Ciências Contábeis, custos logísticos, custos, Sustentabilidade e Logística, estudando os
seguintes temas:Indicadores de Sustentabilidade, logística, logística Reversa, desenvolvimento
sustentável e reciclagem. Atualmente é tutora de EAD da Universidade Federal do Ceara no curso
de Administração e Administração em Gestão Pública. Professora e Coordenadora do NEAD,
Coordenadora dos Cursos de Adminstração e Ciências Contábeis EAD, ex-coordenadora do Curso
de Ciências Contábeis- presencial do Centro Universitário da Grande Fortaleza (UNIGRANDE),
atuando nas disciplinas do curso de Ciências Contábeis, Administração e Logística. Na
Universidade Federal do Ceará atuou como professora substituta, de 2009 a 2011, nas disciplinas:
análise das demonstrações Contábeis, laboratório contábil, Contabilidade aplicada as instituições
Financeiras, Sistemas de Informação. Lecionou disciplina de Logística no curso de MBA em
Logística pela Faculdade Integrada do Ceará- Estácio FIC. Atuou em equipe de consultoria para
elaboração de Relatório de Sustentabilidade (2009)
IVAIR ALVES DOS SANTOS
Doutorado na Universidade Estadual Paulista - Unesp - Faculdade de Engenharia - Campus de
Guaratinguetá. Mestrado Profissionalizante na Universidade de Taubaté, 2015. Possui graduação
em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade de Taubaté (2002). Tem experiência na
área de Engenharia de Produção, Mecânica e Manutenção. Master Black Belt Certificado pelo
),
LL
Cr
OÕ
pu
mm)
«[
programa Six Sigma Ford Motor Company. Exercendo a função de Professor na Universidade de
Taubaté nas seguintes disciplinas: Manutenção de Fábrica; Gestão da Qualidade e áreas afins;
Diretor presidente da Fundação Universitária de Taubaté; Assessor da Pró reitoria estudantil
Universidade de Taubaté; Membro dos conselhos CONEX, FUNCABES, NDE e CONDEP da
Universidade de Taubaté; gestor da empresa IDEAL treinamento e consultoria na área de
ferramentas da qualidade.
JOÃO VICTOR BARBOSA VIEIRA
Graduando em Engenharia de Produção na UFF (Universidade Federal Fluminense). Estagiário do
departamento financeiro na área de controladoria no Zé Delivery.
KAIO BENÍCIO DUTRA
Analista de Testes de Software na Neki. Graduando em Engenharia de Produção pela Universidade
Federal Fluminense (UFF). Conhecimento em Metodologias Ágeis, Requisitos e Análise de Sistemas
Orientados a Objeto.
KARLA FABRÍCIA NEVES DA SILVA
Aluna de graduação de Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e
Diretora de Gestão de Pessoas da ProPartners Empresa Júnior de Engenharia de Produção
LUCAS FERNANDO DE OLIVEIRA FONSECA
Formado como Técnico em administração pela ETEC Escolástica Rosa, cursando gestão portuária
pela FATEC Baixada Santista, atua na área do comércio exterior pela MSC Mediterranean Shipping
Company do Brasil, iniciou a carreira aos 19 anos e tem sólido conhecimento na área de transporte
marítimo e relação comercial entre grandes empresas do ramo da logística.
LUCAS LEONY DA SILVA
Auxiliar de inventário na empresa DHL Supply Chain Graduando em Engenharia de Produção na
UFF (Universidade Federal Fluminense). Técnico em Mecânica formado na Instituição de Ensino
SENAI no ano de 2017. Certificação Yellow Belt Six Sigma pela UCP.
LUCIANA ORDINE ARAUJO
Mestra em gestão da informação em 2019 pela UFPR, graduada em ciências contábeis em 2016
pela UFPR.
MARCELO ALVES LIMA TRAD
Engenheiro de produção formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Trajetória na área de engenharia de rede do banco Santander e hoje analista é de M&A na
Bossanova Investimentos.
MIGUEL GONÇALVES DE FREITAS
Aluno de graduação de Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
NAYANA DE ALMEIDA ADRIANO
Doutora em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em
Ciências Contábeis (2007), pela Universidade de Brasília, Graduado em Ciências Contábeis pela
Universidade Federal do Ceará (2004). Possui Certificação Internacional em IFRS (ACCA) Membro
,,
LU
Cr
O
—
mm)
«[
da Comissão Técnica de Normas Brasileiras de Contabilidade do CRC-CE. Atualmente é professora
do Centro Universitário Estácio do Ceará e atua como contadora pública no Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária desde 2005. Tem experiência na área de Contabilidade
Internacional, atuando principalmente nos seguintes temas de pesquisa: desenvolvimento
sustentável, qualidade da informação contábil, governança corporativa, auditoria, contabilidade
pública e gerencial.
PAULO SERGIO MILANO BERNAL
Doutor em Ciência da Energia pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente da Universidade de São
Paulo. Graduado Engenheiro Eletricista. Mestre em Engenharia Elétrica. Pós graduado MBA -
Master of Business Administration em Finanças pela FIA - FEA - USP. Especialista em
Administração Industrial pela Fundação Vanzolini - EPUSP. Cursou especialização em Ciência de
Dados (Big Data Analytics)
RAQUEL CYMROT
Possui graduação em Bacharelado em Estatística pela Universidade de São Paulo (1981) e
mestrado em Estatística pela Universidade de São Paulo (1985). Atualmente é professora da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua principalmente realizando análises envolvendo:
Estatística não paramétrica, Planejamento de experimentos e Análise de Regressão. Realiza
trabalhos multidisciplinares atuando na análise estatística em áreas como: engenharia de
produção, sustentabilidade e urbanismo, pesquisa de mercado, saúde e educação .
RITA DE CÁSSIA FONSECA
Doutora em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2020).
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (1989) e
mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2010).
Atualmente é professora titular da Universidade Estadual do Centro-Oeste (desde 2003). Tem
experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis, atuando principalmente
nos seguintes temas: Balanced Scorecard, Contabilidade Gerencial, Custeio Logístico, e
Desenvolvimento Sustentável.
RODOLFO AMARAL
Formado em engenharia de produção pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em
investimentos certificado pela Anbima. Trajetoria no mercado financeiro com passagens pelo Itaú
BBA atuando no segmento Corporate, XP Investimentos atuando com gestão patrimonial e
assessoria de investimentos, e na Bossanova Investimentos com Venture Capital.
ROSÂNGELA VENÂNCIO NUNES
Mestre em Logística e Pesquisa Operacional pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui
graduação em Ciências Contábeis e especialização em Logística Empresarial pela Universidade
Federal do Ceará (UFC). Atualmente é professora nas modalidades presencial e em EAD do Centro
Universitário Estácio do Ceará, Faculdade ASC Ltda, Centro Universitário Christus e da
Universidade Aberta (UAB). Já foi membro da Comissão Técnica de Normas Brasileiras de
Contabilidade do CRC-CE, no momento é membro da Comissão Acadêmica do CRC CE, pertence à
equipe de avaliadores das Revistas ABCustos e Journal of Accounting, Management and
Governance (JAMG) (Revista Contabilidade Gestão e Governança). Ademais, faz parte da
coordenação do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal do Centro Universitário Estácio do Ceará
(Unidade Parangaba). Possui premiações em trabalhos científicos. Atua na área contábil há mais de
20 anos. Realiza consultoria e tem experiência nas áreas de Contabilidade e Administração, com
ênfase em Custos e Avaliação de Desempenho Logístico, atuando principalmente nos seguintes
temas: logística, cadeia produtiva, desenvolvimento sustentável e arranjos produtivos locais.
,,
LU
ne
O
—
mm)
«£
SILVIA DE LIMA DEFALCO
Formada em Engenharia Mecânica e especialista em Engenharia Têxtil pela FEI - Faculdade de
Engenharia Industrial. Pós-graduada em Logística Empresarial pela Fundação Vanzolini da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Pós-graduada em Administração de Marketing pela
FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado. Mestranda em Engenharia Têxtil pela UFSC -
Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalhou no setor têxtil nas áreas de produção, controle
de qualidade, varejo, logística e como docente de curso técnico nas escolas Senai e Etec.
THIAGO DE ANDRADE DO CARMO DA SILVA
Testador Júnior na empresa T2M Test to Market Ltda. Graduando em Engenharia de Produção na
Universidade Federal Fluminense.
WALESKA DE FÁTIMA MONTEIRO
Doutorado em Economia pela Universidade de Brasília (2015), com doutorado sanduíche na
Emory University em Atlanta/EUA. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em
Econometria, Microeconometria, Microeconomia (Economia Industrial e Regulação) e Economia
do Setor Público (Avaliação de Políticas Públicas). Professora dos cursos Engenharia de Produção e
do Programa de Pós Graduação em Economia na Universidade Federal de Goiás - UFG. Atualmente
trabalha no Departamento de Estudos Econômicos do CADE com Avaliação de Defesa Comercial
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
WWW .poisson.com.br
contatompoisson.com.br
(Meditorapoisson 6)
https://wmww.facebook.com/editorapoisson f